Publicado em 14/10/2013 - agronegocio - Da Redação
Os preços do café poderão sofrer de uma forte reversão de tendência nas próximas semanas!
Os fundos contam hoje com posição vendida da ordem de 10,2 milhões de sacas de café contra a bolsa americana e, com o lucro apurado nos últimos semestres, podem, confortavelmente, esperar para decidirem o que e quando vão alterar seus “ investimentos “ em café.O problema é que eles estão vendidos contra o mês de dezembro de 2013, detalhe que tem profundo significado, como veremos mais abaixo.
A falta de liquidez do mercado das últimas semanas podem acabar por gerar um sério problema para os fundos, que podem devolver ao mercado o valor que for para se livrarem do problema em que se meteram.
Qual é o problema?
O café hoje está com os preços tão atrativos para a indústria, gerando margens anormais, caixa, que todos os torrefadores de café do planeta, e seus acionistas, ficariam maravilhados se pudessem congelar e travar o fluxo e preço do café de todas as origens. Os balanços da indústria de 2013 e, portanto, de 2014 seriam esplendidos, como dizem os ingleses, no secular processo de acumulação de renda.
O problema é que o pipe line de café da indústria para a cadeia de distribuição e os estoque de café verde nos países importadores está desconfortavelmente BAIXOS.
Por outro lado, com o ingresso do inverno no hemisfério norte e com o consumo de café em MAIS duas dezenas de países do mundo, os chamados emergentes, esta em franca expansão, o terrorismo da super produção pode virar de vitória á derrota.
O desfecho desse cenário explosivo vai depender do comportamento, da resistência e esperança dos produtores mundiais de café.
Evidentemente, sabemos que o novo entrante na produção mundial de café, o Vietnã, conta com administradores que acham que o market share é a fonte do sucesso. Será que seus produtores pensam igual, o default contratual dos últimos anos parece indicar que não.
Mesmo tendo o Brasil se atrapalhado todo na condução da política pública para a corrente safra, erros que colocaram mais lenha na fogueira baixista instalada no mercado, o fato é que todos os membros da comunidade cafeeira mundial revisaram nossa safra para baixo, mais em linha com a estimativa da Conab. Claro que há muita informação,com o propósito de gerar novas expectativas baixistas, que o Brasil terá uma super safra no próximo ano.
Entre palpites e esperanças negativas de alguns, o fato é que o negócio mundial de café é hoje da ordem de 150 milhões de sacas de café. Sem isso, os industriais não otimizam suas fabricas e os consumidores ficam sem O QUE QUEREM COMPRAR PARA SEU CONSUMO.
Olhando a conjuntura por esse prisma, podemos dizer com convicção que o ordenamento do fluxo de disponibilidade de café ao mercado nunca foi tão determinante como agora para o futuro dos preços do café no curto prazo.
O fluxo de café é função de uma serie de variáveis, além de políticas públicas, sendo a que nos interessa nessa matéria o clima.
A combinação de condições adversas de colheita na America Central, com a ferrugem existente sendo mais um elemento de atraso de fluxo, e a Colômbia implementando uma política mais serena de comercialização, podem fazer toda a diferença. Essa diferença levará o mercado a ingressar em déficit de café disponível de curto prazo, aquele que o torrador precisa para manter as prateleiras do supermercados do mundo cheias.
Neste cenário, a liderança do Brasil, explicando para o mundo que o terrorismo de uma super produção brasileira não existe, é fundamental.
A fraqueza da interlocução brasileira com o mundo é evidente, mas o país conta com instituições sólidas que podem ser acionadas para AGIR.
Será que não há no Brasil gestor público capaz de pegar o telefone e se articular com outros países?
Sucesso e derrota em mercados de commodities são função de ações, articulações e informações. Taticamente, os terroristas estão em vantagem pois diariamente estão trabalhando e disseminando suas informações e avaliações.
O Brasil precisa de um líder, de um porta voz, que fale por nós e que saiba combater, já que o mercado do café é um campo de batalhas na disputa por renda onde o consumidor não tem a menor ideia do que esta acontecendo.
Francisco Ourique - Economista