Café de origem: sabores e sentidos

Publicado em 17/10/2013 - agronegocio - Da Redação

A cena gastronômica, propulsora da boa mesa e boa bebida, tem difundido e incentivado a procura pelos cafés de qualidade. São consumidores atentos e interessados na degustação de cafés. A mídia, por sua vez, tem trazido à baila o assunto, explorando o tema. Na última década, ocorreu um período dinâmico para o mercado dos cafés no Brasil. Vimos surgir as aconchegantes cafeterias cada vez mais especializadas, bem como algumas novas profissões aliadas ao segmento, tais como os baristas, coffees hunters, Q-graders, dentre outras.

O crescente interesse do público por cafés finos, especiais, gourmet revela aquecimento do setor. Acompanhando esse novo cenário, os cafeicultores e produtores brasileiros lutam, dia a dia, pela aquisição das certificações de excelência em busca de práticas corretas do solo, de políticas socioambientais da ética e do comércio justo. Por fim, a busca por selos que atestem o percurso do café do plantio à xícara passando pelo rigoroso processo de beneficiamento.

Em meio a tantos fatores, existe um que, atualmente, é destaque nos cenários nacional e internacional: a origem do café. A qualidade e características sensoriais dos cafeeiros (plantações) se baseiam, notadamente, nos seus terroirs, vocábulo hoje muito utilizado nos meios e ambientes de cafés, objetivando associação do produto à sua origem. Terroir costuma ser definido pelos especialistas como um território onde a geografia, a geologia e o clima interagem favoravelmente com a genética de determinada planta, resultando num produto de qualidade excepcional. Os produtores de vinho, no mundo inteiro, já usam tal conceito há milênios e, hoje, tomamos emprestada a terminologia para atribuir a outros produtos agrícolas, como chá, chocolate e azeite. O que é produzido em um terroir ganha direito a uma denominação de origem (DO), o que valoriza a qualidade e o preço. O terroir influencia as características de sabores. Alguns cafés ganham predominância de acidez alta ou moderada. Outros, de sabores amendoados, de florais ou, marcadamente frutados, caramelizados, achocolatados. É, portanto, essa espécie de “carimbo”, de marca que atesta sua qualidade e que está vinculada à cultura e à história do local que a detém.

Felizmente, o Brasil acordou para a busca e valorização dos cafés de alta qualidade e sabores singulares.

Em se tratando do setor cafeeiro, a primeira indicação de procedência (IP) obtida no Brasil foi a região do cerrado mineiro, conquistada em 2005, após dez anos de árduo trabalho. Assim, a conquista tornou-se um marco na história da cafeicultura nacional e referência para as demais regiões brasileiras que, atualmente, lutam por suas indicações geográficas (IGs).

O registro ajuda a reconhecer a importância de nossa microrregião e a protegê-la. Outros benefícios conquistados referem-se à promoção de desenvolvimento sustentável e transformação conceitual e qualitativa da região. A do cerrado ganhou distinção e notoriedade. Houve aumento das exportações em 50% de ágio no mercado americano, europeu, japonês e australiano. No aspecto social, a obtenção da IP do café do cerrado mineiro promoveu e promove a cadeia produtiva do café, estimula a fixação do homem na terra, contribuindo com a crescente e ambiciosa qualidade da bebida. Então? Que tal degustar a singularidade de nosso café com mais entusiasmo e orgulho?

Apreciadora de cafés Q-GRADER PELA SPECIALTY COFFEE ASSOCIATION OF AMERICA (SCAA), TORREFADORA.

Caprice Cerchi Borges

Fonte: Correio de Uberlândia / http://www.redepeabirus.com.br/