CAMPO E MENSAGEM - É possível produzir alimentos sem agrotóxicos

Publicado em 09/10/2016 - agronegocio - Da Redação

CAMPO E MENSAGEM - É possível produzir alimentos sem agrotóxicos

Estamos dando continuidade a uma série de reportagens sobre a produção de alimentos limpos, por fora e por dentro. É crescente no mundo todo a procura por alimentos orgânicos, o argumento mais convincente desta procura é a saúde ameaçada pelo uso indiscriminado de fertilizante químico e agrotóxicos. É na natureza que estão os ensinamentos de como nos interagimos com ela, tirando nosso lucro sem causarmos sua destruição. O Brasil foi o maior produtor de borracha do mundo, até o final do século dezoito. O ciclo da borracha trouxe a riqueza econômica e cultural para o Brasil. O Teatro Amazonas, cartão-postal de Manaus, é um dos luxuosos edifícios construídos naquela época. O látex era extraído por seringueiros em árvores nativas, espalhadas pela floresta. Outros países como Indonésia e sudeste asiático, com o capital de holandeses e ingleses tomaram conta do mercado mundial, foi ai que a Ford resolveu investir numa grande plantação da seringueira na Amazônia em 1926. O projeto ficou conhecido como Fordilândia, numa área de mais de 500.000 hectares. Poucos anos após, as árvores foram infectadas por uma doença fúngica chamada de “doença sul americana das folhas”, que dizimou toda plantação. Como vemos o fungo presente na floresta jamais havia causado danos nas seringueiras, porque era controlado pela diversidade biológica da mata que oferecia nutrientes em doses equilibradas pela própria natureza, quando estes princípios foram ignorados na monocultura, o fungo se tornou patogênico e acabou com os sonhos de Ford. Ainda bem que naquele tempo não haviam venenos. Tiramos daí uma importante lição, produzir sem agrotóxicos requer, no caso de lavouras perenes como o café, a laranja, o cacau, a seringueira, etc, que as ervas nativas intercalares sejam mantidas e enriquecidas na busca de um equilíbrio entre parasitos e hospedeiros, e no caso de culturas anuais, em grandes áreas, que se faça a rotação de culturas, adubações verdes e preservação das áreas de refúgios, procurando imitar as florestas, onde os insetos alimentam e procriam, assim tanto as culturas domesticadas como as chamadas “invasoras” serão reconhecidas por sua capacidade de produzir vitaminas, proteínas e carboidratos, como sintetizarem, em rotas metabólicas secundárias, substâncias que repelem ou atraem insetos e contribuírem para o bom desempenho dos fungos, necessários ao processamento orgânico dos minerais. Os fungos não acabam com a floresta e nem a floresta acaba com os fungos. Esta é a lei da natureza.

 

Vitor Hugo do Nascimento / Muzambinho
Técnico do ex-IBC / E-mail: hvitor10@yahoo.com.br