Palestra na Cooxupé buscou alternativa para prorrogar dívida de cafeicultores

Publicado em 02/10/2009 e atualizado em 06/10/2009 - agronegocio -

956_02No dia 25/09, o Sindicato dos Produtores Rurais de Cabo Verde, sob a liderança do presidente Jerônimo Giachetta, promoveu importante palestra com o Presidente da Comissão Nacional do Café na CNA – Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária, Breno Pereira de Mesquita. Com participação de mais de 150 produtores do município e região, bem como presidentes de Sindicatos e representantes das instituições financeiras Banco do Brasil e Agrocredi, fazendo com que aproximadamente 25 cidades estivessem representadas. O encontro que aconteceu no salão da Cooxupé, núcleo de Cabo Verde, teve por objetivo buscar alternativas para a prorrogação da dívida dos cafeicultores. A mesa das lideranças da cafeicultura foi composta por Carlos Augusto (vice-presidente da Cooxupé), Elias Zenum (Presidente da ASSUL – Associação dos Sindicatos do Sul de Minas), João Roberto Pulitti (diretor-tesoureiro da FAEMG), Breno Pereira de Mesquita (representante da CNA) e Jerônimo Giachetta (Presidente do Sindicado dos Produtores Rurais de Cabo Verde).
Nossa reportagem acompanhou o importante encontro e registrou depoimentos das lideranças da cafeicultura que buscam alternativas em prol do produtor.

956_01BUSCA DE ALTERNATIVAS
O palestrante Breno Pereira de Mesquita, mineiro, representante de Minas em Brasília, junto à cafeicultura nacional, relatou que tem feito visitas às regiões produtoras. O objetivo é discutir aquilo que o setor tem conseguido resolver junto ao governo federal, bem como debater o que falta para definitivamente retirar a cafeicultura da situação de crise que se encontra. “Na verdade, vim aqui buscar inspiração e demandas para continuar trabalhando”, disse. Busca, principalmente, encontrar alternativas que possam solucionar a questão do café, seja no nível de endividamento, renda e bons preços para a saca do café.
Quanto às perspectivas, Breno manifestou que as conquistas já alcançadas são positivas. Mas reconhece que ainda falta melhorar muito para chegar ao nível de necessidade do produtor. Neste sentido, pessoalmente promete bastante trabalho na busca de uma solução que seja satisfatória para a cafeicultura mineira e brasileira.
Questionado sobre o SOS Café ocorrido recentemente em Varginha/MG, a liderança manifestou que o movimento foi um marco importante. Até porque mostrou para o governo e, principalmente para o país, que existe uma classe unida. Portanto, é preciso buscar grandes soluções. “A luta tem que continuar”, aconselhou.
Para o palestrante, Cabo Verde espelha bem a realidade na maioria dos municípios mineiros produtores de café. Breno também destacou e valorizou o empenho do Sindicato dos Produtores Rurais de Cabo Verde, com o apoio da FAEMG. Prova disso, a presença do diretor João Roberto Pulitti.

956_03MEDIDAS DO GOVERNO
O vice-presidente da Cooxupé, Carlos Augusto, declarou que o encontro teve por objetivo inicial fazer um agradecimento ao palestrante Breno e demais membros da comissão de trabalho que culminou no anúncio de medidas por parte do governo. A presença do palestrante também serviu para esclarecer dúvidas dos produtores. Por fim, os encontros são importantes para revelar que a cafeicultura passa por momentos de grandes dificuldades. Talvez não exista um grande número de inadimplência, mas o sofrimento é grande. Diante desta situação, é preciso louvar a atitude dos membros da CNC, FAEMG e todos que tem trabalhado para buscar alternativas junto ao governo. “Essas medidas são o ponta pé inicial de uma guerra que não pára aqui, mas está apenas se iniciando. Precisando conquistar novas medidas através dos nossos pleitos”, disse.
Carlos Augusto também lembrou o SOS Café em Varginha/MG. Para ele, os avanços foram poucos, mas aconteceram. O próprio governo reconheceu o momento, principalmente por parte do Ministro da Agricultura sinalizando com o apoio à cafeicultura. Acrescentou que o cafeicultor precisa ter renda para honrar os seus compromissos. Assim, houve a ação do governo no sentido de retirar 10 milhões de sacas de café do mercado. A expectativa é que os preços subam de patamares.
Carlos Augusto agradeceu o empenho do Sindicato dos Produtores Rurais do município, através do presidente Jerônimo Giachetta e todos os produtores presentes na importante palestra.

POSICIONANDO OS PRODUTORES
O presidente do Sindicato, Jerônimo Giachetta, relatou que o principal objetivo ocorreu no sentido de mostrar em primeira mão ao produtor rural associado como foram as negociações com os técnicos do governo federal e com os Ministros da Agricultura e Fazenda. Daí a importância da presença de Breno Mesquita, fazendo uma ampla explanação sobre as possibilidades debatidas e as medidas concretizadas. Assim, possibilitando que o produtor fique informado num momento muito importante de renovação da cultura, visto que está sendo iniciado o ciclo agrícola anual 2009/2010. Ou seja, está havendo o vencimento das dívidas de custeio do ano passado e o produtor precisa saber como vai se posicionar estrategicamente com relação às medidas tomadas pelo governo.
Aproximadamente 25 cidades da região se fizeram representar no encontro através de produtores rurais e presidentes de sindicatos, além dos produtores associados de Cabo Verde e região. Jerônimo entende que foi dado um passo importante e “para frente”. Neste contexto, outras medidas devem ser tomadas na ajuda à cafeicultura. Sobretudo no que tange à parte estruturante à longo prazo do setor como mudança nas legislações trabalhista, tributária e ambiental. Estas questões devem ser adequadas ao mundo do produtor rural, fazendo com que ele tenha condições de continuar produzindo no país. “Para que melhore esta condição precária na qual nos encontramos hoje. As medidas que saíram vão ajudar um pouco e vamos buscar outras”, falou. Citou a necessidade de medidas de controle do investimento e endividamento.
Quanto à perspectiva até o final do ano, Jerônimo manifestou que sua confiança em melhores preços para o café já a partir deste mês de outubro. Não sabe se será alcançado o patamar considerado adequado para o setor, mas confia que quando o governo colocar as medidas na prática, a situação do setor vai melhorar.

VISÃO DO PRODUTOR
O produtor Marcelo Oliveira considerou o encontro uma iniciativa bastante positiva devido à sua representatividade. Ou seja, a participação de representantes de órgãos e instituições ligadas ao setor. Assim, todos tiveram a oportunidade de observar a situação vivida pelo cafeicultor que enfrenta alto custo e preço baixo. Para ele, este é um dos piores momentos do setor café devido às oscilações no mercado. Marcelo colhe cerca de 2 mil sacas de café e argumenta que não existe mais pequeno produtor. Quem menos produz, colhe entre 500 e 1000 sacas. Finalizou, cumprimentando a iniciativa e empenho do Sindicato na realização deste importante encontro.