Publicado em 19/09/2020 - cesar-vanucci - Da Redação
“Diz-se comumente que a partilha mais justa que a natureza nos tenha feito de seus dons é a do bom-senso, pois não há ninguém que não se contente com a parte que lhe toca”. (Michel de Montaigne, filosofo francês)
·À
luz do bom senso, o Executivo e o Legislativo adotaram atitude correta ao
definir que não seja concedido, temporariamente, reajuste salarial aos
servidores públicos. As dramáticas circunstâncias de todos conhecidas validam a
decisão. Faz-se imperioso reconhecer, entretanto, que não pegará bem a hipótese
de a medida restritiva acertada pelos dois poderes vir a ser aplicada, por
qualquer (falta de) razão, a algumas e não a todas as categorias dos quadros
funcionais. Se isso, porventura, ocorrer estaremos diante daquilo que, em bom
dialeto caboclo, se denomina “o fim da picada”...
À luz do bom senso, não há nada que
possa justificar sejam as dotações orçamentárias do importantíssimo Ministério
da Defesa superiores às dotações acumuladas dos, igualmente importantíssimos,
Ministérios da Educação e da Saúde. Coisa assim não faz o mais leve sentido.
À luz do bom senso, não tem mais como o
Poder Público continuar “empurrando com a barriga”, como se diz,a solução de um
tremendo problema administrativo e jurídico com décadas de duração. Diz respeito aos milhares de agentes
públicos, de diferentes funções e todas as esferas, que recebem,
privilegiadamente, remuneração acima do teto constitucional. Urge ser
encontrada logo uma saída honrosa para essa história de desrespeito à lei e
flagrante injustiça social. As
reiteradas promessas de estudos visando a regularização da anômala situação
nunca transpuseram os arroubos retóricos contemplados sob holofotes midiáticos.
Os encarregados de disciplinar as políticas salariais no serviço público
passam, à sociedade, a penosa impressão de não estarem nem aí para o candente
assunto. Tá danado!
· Loja de chocolates ou “lavanderia”?
Infalível pergunta aflora quando se toma conhecimento dos repetitivos valores,
de procedência suspeita, depositados na conta de uma empresa pertencente ao
ex-deputado estadual e atual senador da República Flavio Bolsonaro. A
investigação conduzida pelo Ministério Público revela, com abundância de
detalhes, que Fabrício Queiroz, o tal da “rachadinha”, também acusado de
pertencer às temidas milícias cariocas, praticou inumeráveis operações ilícitas
mode que favorecer o parlamentar, do qual foi e, ao que parece, continua sendo prestimoso assessor. Nenhum analista dos fatos políticos
precisará recorrer à “bola de cristal” para adivinhar que o processo em curso,
envolvendo Flavio Bolsonaro, ainda vai dar bastante “pano pra manga”...
·O noticiário
nosso de cada dia informa que a Saúde Pública andou ordenando à rede hospitalar
privada que notifique, as autoridades, regularmente, dos casos de internamento
pela Covid-19. A indagação que inevitavelmente sai boca a fora é esta: - “Uai!
Mas isso não vem sendo feito, naturalmente, desde o começo da pandemia?” Cada
uma!
?
O governo Bolsonaro – imperioso admitir – vem fazendo muito por merecer as
críticas que lhe são dedicadas, com constância, nos noticiosos da TV Globo. Mas
é justo anotar que, pelo menos na divulgação de recente evento público, a
cobertura jornalística da emissora “errou na mão”. Laborou em equívoco. Sucedeu
quando, de modo enfático, divulgou-seque numa cerimônia transcorrida em
Brasília, com foco na questão da pandemia, ninguém, dentre as personalidades
presentes, se deu ao cuidado de registrar com palavras de pesar as perdas de
vidas valiosas ocasionadas pelo flagelo. Ao contrário do que se afirmou,
todavia, no ato solene aludido, aconteceu, sim, cercada de reverência,
manifestação dedicada à memória das vítimas, inclusive com o tradicional e
tocante “minuto de silêncio”.
Cesar Vanucci - Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)