Publicado em 14/02/2018 - cesar-vanucci - Da Redação
“O efeito Trump tem afetado o relógio.” (Revelação constante do último “Bulletin of the Atomic Cientists”.)
Ele é tão famoso quanto o “Big Ben”. Mas, ao contrário do marcador de tempo londrino, venerável instituição britânica com sua pulsação festiva e solene de celebração da vida, é um lúgubre símbolo de um momento conturbado da história. Momento marcado por desatinos exacerbados que alvejam desapiedadamente a dignidade humana.
Este relógio foi
concebido há setenta anos por um grupo de cientistas de vanguarda. Seus
instituidores procuraram estabelecer, com a iniciativa, uma analogia que inserisse
a civilização contemporânea dentro de um espaço de tempo determinado, onde o
dispositivo pudesse, através de medições periodicamente atualizadas, avaliar os
lances negativos e positivos da conduta humana em condições de influenciar o
destino deste nosso planeta azul. Avanços de segundos ou de minutos dos
ponteiros em direção da meia-noite representam, dentro de tal enfoque, prenúncios
de tragédias. Ocorrências avassaladoras com potencial suficiente para até mesmo
reduzir a escombros as conquistas civilizatórias. Recuos na marcha dos
ponteiros significam, de outra parte, evidência de redução no nível das
tensões.
Desde que posto
a funcionar em 1947, o assim também denominado “Relógio do Apocalipse”, já foi
acionado 23 vezes. Tudo em consequência da elevação da temperatura quanto a inquietações
da comunidade internacional provocadas por conflitos e outras questões sociais,
ambientais etc. A última dessas “mexidas” aconteceu ainda agora, no dia 26 de
janeiro passado. O novo posicionamento dos ponteiros, estipulado pelo comitê de
renomados cientistas de todas as partes do mundo vinculados a esse esquema de
avaliação periódica das confusões armadas pelo “bicho homem”, revela alarmantemente
que estão faltando apenas dois minutos para as fatídicas badaladas da
meia-noite. Cabe frisar que, anteriormente, só por uma única vez, no curso do
processo (isso por volta de 1953), a ameaça de catástrofe definitiva desenhou-se
tão iminente quanto agora. Na ocasião pretérita, em que os ponteiros do relógio
acusaram, pela vez primeira, dois minutos para meia-noite, os Estados Unidos e
a antiga União Soviética andaram testando sistemas termonucleares tão
devastadores que, diante deles, as bombas arremessadas sobre Hiroshima e
Nagazaki chegaram a ser apontadas, no dicionário dos “senhores da guerra”, como
artefatos de efeitos até brandos, minha Nossa Senhora da Abadia da Água Suja!!!
O alerta sobre
os riscos da hora presente consta do último “Bulletin of the Atomic Cientists”
da Universidade de Chicago. No entendimento dos encarregados das movimentações
do “Relógio do Juízo Final”, vem sendo preponderante para a assustadora marcha
dos ponteiros o denominado “efeito Trump”. Desde a mudança de governo ocorrida
no mais poderoso país do mundo, responsável sabidamente por decisões que, na
paz e na guerra, preconizam (pra dizer o mínimo) diretrizes para a humanidade
inteira, o “relógio” vem sendo impactadamente afetado. Há um ano, em 26 de
janeiro de 2017, o “avanço” foi de três para dois minutos e trinta segundos, sendo
essa a primeira mudança com emprego de fração desde o longínquo ano de 47. Em
25 de janeiro de 2018 anunciou-se outro “avanço” de mais trinta segundos.
Estão faltando dois minutos para meia-noite...
Cesar Vanucci - Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)