Publicado em 13/11/2016 - cidade - Da Redação
A construção da Casa de Apoio da AVMCC em Jaú/SP exigiu seis anos de trabalho na arrecadação de recursos, dois anos de obras e investimento próximo a R$ 1 milhão. Soma-se a isto, as muitas viagens e dificuldades inesperadas. Por outro lado, fica o amor ao próximo, o exemplo de solidariedade e a garantia de um “porto seguro” para os pacientes em tratamento contra o câncer. O arquiteto Marco Aurélio Alves Teixeira elaborou gratuitamente o projeto e acompanhou como voluntário a execução da obra. Assim, prestou importantes esclarecimentos sobre estrutura, custos e futuro da Casa de Apoio.
PRIMEIRA IMPRESSÃO
Marco Aurélio confessou ter ficado assustado ao observar a casa que existia no local adquirido. Era uma casa cor de abóbora, com cinco posições visíveis de ampliação e três níveis. Em seguida, buscou as informações necessárias junto à Secretaria Municipal de Obras da cidade de Jaú/SP. A partir de então, começou a desenvolver o projeto, com toda autonomia dada pela diretoria da AVMCC. Decidiu pela construção de uma casa em dois pavimentos, visando uma estrutura de hotel, pensando no futuro.
MUITAS DIFICULDADES SUPERADAS
O primeiro impasse surgiu com o terreno formada por rocha. Mediante os estudos, a alternativa foi encontrada. Na sequência dos fatos, a obra foi prejudicada por “duas trombas de água”. A água acabou derrubando muros da obra e de um vizinho, quase causou a morte de um morador próximo. Tudo foi reconstruído, inclusive com impasse jurídico com a prefeitura da cidade paulista e problemas com um vizinho.
PROJETO EM ESTRUTURA DE HOTEL
A obra foi executada observando o projeto e estrutura de um hotel. Assim, a Casa de Apoio conta com recepção e sala de espera, 08 suítes do andar superior, sendo todos com banheiros adaptados para deficientes (com alça de apoio, sem degrau nas soleiras e sem box para facilitar o banho em cadeira especial), lençaria (área para guardar travesseiros, lençóis e cobertores), Depósito de Material de Limpeza (DML), rampa externa para acesso no andar inferior e com escada para acesso na mesma área. No andar inferior, uma garagem para dois carros, salão para recreação com televisão, dois banheiros sociais (masculino e feminino), dois alojamentos para motoristas, hospedagem para um gerente, uma lavanderia e uma cozinha com despensa. O profissional revelou que a obra foi edificada com estrutura preparada para a construção de mais um andar superior no futuro, caso seja necessário.
VALOR ECONÔMICO DA CASA DE APOIO
O valor total investido na construção foi de R$ 984.228,00. A casa existente no local foi comprada por R$ 230 mil. A primeira contratação de mão de obra exigiu recursos de R$ 297 mil. Soma-se ainda custos com a parte hidráulica, máquinas, viagens e outros encargos, além de R$ 52 mil em impostos durante dois anos. O próprio arquiteto reconhece o alto valor, mas alertou que a obra tem 430 metros quadrados. Argumentou ainda que uma casa é construída de maneira razoável a um custo de R$ 1.500,00 o metro quadrado com até dois banheiros e uma cozinha. Mas a Casa de Apoio conta com dez banheiros e outras áreas construídas com material de qualidade e durável. O valor investido é pouco superior a R$ 2 mil o metro quadrado. “Para a estrutura que está lá é pouco”, ressaltou.
EXEMPLOS DO PASSADO NO PRESENTE
Foi marcante ação do então prefeito Messias Gomes de Mello que teve uma atitude corajosa e arrojada na década de 1950 na aquisição da área necessária para a implantação do Colégio Agrícola de Muzambinho. O bom exemplo do passado se repetiu, pois um grupo de pessoas arcou com um empréstimo de R$ 55 mil, valor necessário para a conclusão das obras da Casa de Apoio. Marco Aurélio confirmou que várias pessoas fizeram empréstimos particulares em diversos valores e viabilizaram a continuidade e conclusão da obra. Depois, o débito foi devidamente pago. Resta ainda um valor em torno de R$ 20 mil, com recursos esperados.
Por fim, vale lembrar que o Mestre de Cerimônias Wellington Júnior conseguiu todo mobiliário da Casa de Apoio Anadéa I em Muzambinho através de doação do gerente da Bolsa de Valores de São Paulo. Um “cheque em branco” foi dado mediante confiança e depois o valor pago. Desta vez, depois apenas de algumas doações de colchões, geladeira e outros materiais, restava um grande volume do mobiliário. Mas no momento da inauguração, o diretor executivo do Hospital Amaral Carvalho solicitou a “lista de móveis” para a Casa de Apoio Anadéa II em Jaú/SP. Portanto, “a mão de Deus” novamente agiu e a Casa de Apoio receberá todo mobiliário necessário.
INVESTIMENTO GARANTIDO NO FUTURO
Existe a real possibilidade de estadualização do SUS. Ou seja, o Sistema Único de Saúde somente irá arcar financeiramente com o tratamento de pacientes mineiros em centros de atendimento dentro do Estado de Minas Gerais. Fica então o questionamento sobre a Casa de Apoio de Muzambinho/MG em Jaú/SP. Marco Aurélio, reconhecendo esta situação, voltou a lembrar a construção da casa em estrutura de hotel. Segundo ele, conforme avaliação, o preço inicial de venda do prédio é superior a R$ 2 milhões. Diante da proximidade com o Hospital Amaral Carvalho, apenas 120 metros da nova entrada, está expectativa é a melhor possível de rápida venda, caso seja necessário no futuro. Com o recurso arrecadado, outra casa bem estrutura poderá ser adquirida no centro de atendimento eleito pelos voluntários dentro do estado de Minas Gerais.
MAIOR OBRA DA SUA VIDA
Bastante emocionado, Marco Aurélio agradeceu os voluntários da AVMCC e comunidade de Muzambinho por ter-lhe permitido elaborar e acompanhar a execução do projeto da Casa de Apoio em Jaú/SP. Confessou que foi a obra mais importante de sua vida profissional como arquiteto e como cidadão.