Cadeia de Muzambinho será transformada em presídio

A cadeia pública de Muzambinho será transformada em presídio. Esta é uma situação real e irreversível, conforme palavras do delegado Dr. Adnan Cassiano Grava. A autoridade da Polícia Civil também desmentiu informações publicadas em rede social de que o fato estaria sendo gerado por intenção da administração municipal ou interferência de um determinado deputado estadual.

Dr. Adnan esclareceu que o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais determinou que a SUAPI (Subsecretaria de Administração Prisional) assuma todas as cadeias públicas mineiras que eventualmente ainda estão sob administração da Polícia Civil. “Não tem nada a ver com a administração municipal local ou com qualquer deputado federal ou estadual. É uma determinação do Tribunal de Justiça de Minas Gerais”, esclareceu o delegado.

A cadeia pública de Monte Belo já foi desativada, com os 25 presos sendo transferidos para a cadeia de Botelhos. Com isso, a cadeia passou de 38 para 80 presos. O número de agentes penitenciários também aumentou de 05 para 30. O delegado contou ter recebido a informações de que já teria ocorrido um suicídio na cadeia.

“Em Muzambinho esta situação é irreversível, sem nenhuma interferência política, pois foi um determinação do Judiciário”, voltou a esclarecer. Conforme cronograma, a SUAPI deverá assumir a cadeia local num prazo de até nove meses. Resta saber quais presos e de onde seriam transferidos para cidade. Esta é uma preocupação do delegado, que já conversou a respeito com o Juiz da Comarca. De maneira informal e preliminar, além dos presos locais, atualmente num total de 72, a cadeia também receberia presos de Nova Resende e Monte Belo. O delegado acredita que a cadeia de Muzambinho não irá receber presos de cidades como São Sebastião do Paraíso e Passos. Mas não descartou a possibilidade de receber presos excedentes de Guaxupé.

Dr. Adnan revelou que a SUAPI já fez uma visita na cadeia pública de Muzambinho. Contou que havia a intenção, inclusive, de assumir o prédio da delegacia. Porém, esta tentativa “esbarrou” nele (delegado) e do Juiz da Comarca. Isto por entenderem que o prédio é da população de Muzambinho que ajudou na construção através da liderança do então delegado Dr. João Simões de Almeida Júnior. O prédio é considerado um dos melhores da região, inclusive em comparação com a Regional em Guaxupé. “Não vamos entregar de maneira nenhuma. É uma conquista da população”, disse.

Neste contexto, caberia à SUAPI promover reforma e ampliação na estrutura da cadeia. Até mesmo considerando o espaço insuficiente devido à superlotação atual de 72 presos. São 32 presos abrigados em camas de alvenaria e outros em colchões no chão. Numa cela, por exemplo, são 15 presos. Fica a dúvida onde caberia mais 30 presos de Nova Resende e mais 25 de Monte Belo. Assim, a SUAPI está correndo contra o tempo, pois o Tribunal de Justiça determinou o fim de todas as cadeias do estado.

BOM PARA AS POLÍCIAS - O delegado confirmou que a transferência da administração da cadeia para a SUAPI é uma situação positiva para as Polícias Civil e Militar. Isto devido à administração da cadeia, transporte/escolta e diversos tipos de atendimento aos presos. Diariamente, é feita a escolta de presos em audiências e hospitais, muitas vezes fora da cidade. Com isso, ocupando policiais militares e investigadores. Por fim, vale lembrar questões estruturais como rebelião, fuga de presos e outros problemas funcionais.

PROBLEMAS SOCIAIS - Por outro lado, surgem diversos questionamentos quanto aos problemas sociais gerados na comunidade de Muzambinho. Ou seja, aumento da demanda nos serviços públicos, rebeliões, fugas e crime organizado dentro da cadeia/presídio, desvalorização de imóveis e desestímulo a investimentos na cidade.

Dr. Adnan citou o exemplo de Botelhos, que saiu de 05 para 30 agentes penitenciários, além de enfermeiros, médicos e outros profissionais. A SUAPI acaba montando uma enfermaria dentro da cadeia/presídio. Mas é preciso avaliar qual a pretensão da SUAPI quanto a Muzambinho. Ou seja, de implantação de um presídio regional (possibilidade real) e apenas recebendo presos somente de Nova Resende e Monte Belo. Mas o delegado confirmou o aumento da população flutuante na cidade, inclusive com a presença de muitas pessoas “não tão bem intencionadas”. Por outro lado, existe um esforço dele (delegado) e do Juiz da Comarca para que a cadeia não seja transformada num presídio regional.