Publicado em 04/02/2020 - geral - Da Redação
A noite começa perder sua escuridão. O pescador abre os
olhos enxergando ao seu redor, uma
profissão de desafios. Levanta, sem muita arma, mas com muita coragem.
Lutar
para sobreviver é o seu lema. Viver é apenas uma fábrica de matéria prima
produzida na sua pura, inocente e inteligente mente.
O
sol agora aparece e a escuridão tímida se escondeu, para mais tarde voltar a
expor.
O
pescador de pés descalço, camisa aberta, vai até o barco e enfrenta, por mais
uma vez, o tenebroso mar. Joga as redes e as esperanças. Pega desilusões e
fantasias. Insiste e nada consegue. De volta a praia começa então a pensar em
coisas que nunca havia pensado antes.
Enquanto
as enzimas destroem o restante do pão da manhã, ele catalisa na sua rica mente,
fantasias e interrogações provocadas pela própria realidade.
Começa
a olhar na superfície do oceano e fazer perguntas a si mesmo. Por que neste
monstruoso mar existe tantos peixes e eu volto de barco vazio? Por que o homem
dividiu o mar e os peixes não obedecem as limitações desta divisão? Por que
estes mesmos peixes não ficam na superfície, pois assim seria muito mais fácil
pegá-los?
Chegou
em terra firme e deixou dentro do mar os pensamentos. As crianças o rodeiam e
reclamam dos peixes que não vieram. Sua mulher lamenta mais um dia de podridão.
E,
novamente, a escuridão que havia acovardado, agigantou e apareceu. O pescador
cansado dorme como se estivesse morto. Mas, o galo anuncia que a claridade está
de volta.
Agora
as coisas mudaram. As redes estão cheias de peixes e soluções. E o velho
pescador tornou-se novo. Ao encontrar com sua mulher foi logo dizendo: esta
vida só se consegue quando parte. Porém é partindo que conseguimos voltar. É
conhecendo o começo que atingimos o fim. É chegando no fim que retornamos no
princípio. É sonhando na hora do sol que chegamos na novela das seis
vitoriosos.
O
importante é sabermos que somos
possuidores de uma dupla personalidade como a do pescador. Que enfrenta o sol
para brincar com a lua. Que procuramos os peixes, para sobreviver, mas só
realizamos na fantasia.
O
melhor nós termos uma única personalidade. A do sol (realidade) nos é vestida.
A da lua (fantasia) é totalmente despida. A primeira nos é imposta a segunda
nos é desejada.
Ainda
bem que existe um final de semana, para tirarmos a roupa que nos está
incomodando e jogarmos nas madrugadas. Voltando a vestir somente na
segunda-feira.
JUAREZ ALVARENGA
ESCRITOR EM COQUEIRAL
R:ANTONIO B.
FIGUEREIDO,29
COQUEIRAL MG
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