Censo Agropecuário revela aumento no número de estabelecimentos em MG

Publicado em 30/07/2018 - geral - Da Redação

Censo Agropecuário revela aumento no número de estabelecimentos em MG

Pesquisa também aponta o envelhecimento da população rural e a mecanização no campo 

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na quinta-feira (26) os resultados preliminares do Censo Agropecuário 2017. Em Minas Gerais, o coordenador técnico do censo, Humberto Silva, apresentou em coletiva de imprensa os destaques regionais. Além de manter a liderança na produção de café e leite no país, os dados chamam a atenção para o aumento no número de estabelecimentos agropecuários e em sua área total, o crescimento das áreas irrigadas, assim como a expressiva ampliação de estabelecimentos com acesso à internet, entre outros temas.

Em relação ao Censo Agropecuário realizado em 2006, Minas Gerais identificou um acréscimo de 10% no total de estabelecimentos, saindo de 551.621 para 607.448. Já a área total saltou 14% nesse período, agregando mais 4,8 milhões de hectares (o equivalente à área do estado do Rio de Janeiro). Uma das justificativas é o trabalho minucioso de cobertura do território estadual, com o amparo de novas tecnologias que facilitaram o deslocamento e acompanhamento do percurso em campo, e também a crítica das informações coletadas. “A qualidade do censo me surpreendeu. Quando a gente compara os dados que foram feitos pelo IBGE com aqueles de outras instituições, que são mais gerais, esses números coincidem e falam a mesma língua”, apontou Silva.

Entre as culturais mineiras tradicionais, foi destacado o grande aumento de produtividade do setor leiteiro, já que a quantidade produzida do produto cresceu 55% ainda que o número de bovinos tenha apresentado estabilidade.

Outro grande destaque é a alta de 2.114% no número de estabelecimentos com acesso à internet, percentual superior à média nacional (1.790%). Humberto Silva avaliou que esse movimento já era esperado, considerando que a conexão à rede cresce não somente no meio rural como também no urbano.

“O produtor sempre procura uma evolução, e a informação é a base disso”. Minas Gerais também se sobressaiu no incremento da área irrigada, a qual mais que dobrou no período, crescendo 116%, frente a 52% no Brasil. Um dado que, segundo Silva, deve ser analisado: “essa água utilizada na agricultura pode concorrer com a água para abastecimento humano nos períodos de estiagem”.

Envelhecimento e mecanização são tendências no campo 

Quando analisados aspectos sociais dos produtores rurais, observa-se a tendência de êxodo rural e envelhecimento da população, situação que vem se consolidando nos últimos censos e reflete um movimento também a nível nacional. Enquanto em 2006 os produtores com mais de 45 anos representavam 67% do total em Minas Gerais, em 2017 eles eram 76%, frente a 70% no Brasil.

Por outro lado, houve queda de 3,8% no total de pessoas ocupadas no estabelecimento. Uma das explicações é o aumento da mecanização no mesmo período, por meio do acréscimo de 77% no número de tratores nos estabelecimentos estaduais.

Cresce o número de estabelecimentos mineiros que utilizaram agrotóxicos

Entre 2006 e 2017, o número de estabelecimentos mineiros que utilizaram agrotóxicos aumentou 60%, enquanto no Brasil o percentual foi de 20%. Humberto Silva explicou que, ainda que esse dado pareça alarmante num primeiro momento, é importante ressaltar que apenas 30% do total de estabelecimentos agropecuários em Minas Gerais usaram esse produto, percentual menor do que o Brasil (36%).

Humberto Silva esclareceu que “esse valor precisa ser entendido de uma forma mais ampla, levando em consideração que no período também aumentou o número total de estabelecimentos no estado. Há casos de outras unidades da federação em que se reduziu o número de estabelecimentos que utilizaram o produto, porém a redução no total de estabelecimentos recenseados foi maior ainda, indicando um aumento na proporção de estabelecimentos que utilizaram agrotóxicos. Dessa forma, ainda que tenha crescido o número de estabelecimentos que usaram agrotóxicos em Minas Gerais, isso não necessariamente significa que houve aumento do volume, pois o censo não pesquisou a quantidade de agrotóxicos utilizados, nem a área ou em quais atividades, mas apenas a quantidade de estabelecimentos que usaram no período da pesquisa. Na divulgação definitiva, será disponibilizado também o valor monetário gasto com as despesas com agrotóxicos”.

O Censo Agropecuário 2017 visitou mais de 7,5 milhões de endereços em todo o país, dos quais 5.072.152 foram identificados como estabelecimentos agropecuários. O trabalho de crítica qualitativa dos dados segue em andamento e, portanto, os resultados preliminares estão sujeitos a alterações. Os dados consolidados devem ser divulgados em 2019.

Resultados preliminares mostram alta de 10% no número de estabelecimentos e de 14% na área total

O Censo Agro 2017 em Minas Gerais identificou, até o dia 30/06/2018, 607.448 estabelecimentos agropecuários, acréscimo de 10% em relação ao Censo Agro 2006, em uma área total de 37.900.000  hectares. A diferença de área apurada entre os dois censos cresceu 14% (4,8 milhões de hectares, o equivalente à área do estado do Rio de Janeiro).

Minas Gerais apresentou uma distribuição de área mais equilibrada em relação ao Brasil. Verifica se no gráfico acima que, na faixa menor que 20 ha, o percentual de estabelecimentos é maior no país do que no estado; porém, a área ocupada por esses é maior em Minas do que no Brasil. Já nas duas faixas intermediárias (entre 20 e 200 ha e entre 200 e 2.500 ha), tanto o percentual do número de estabelecimentos quanto da área são superiores no estado que no país. Quando se compara a faixa dos maiores estabelecimentos (acima de 2.500 ha), tanto o percentual do número de estabelecimentos quanto da área ocupada são maiores no Brasil do que em Minas.

Em relação à utilização das terras, a maior parte da área dos estabelecimentos do estado (mais de 51,0%) é destinada à pastagem, seguida por matas naturais (24,4%), lavouras temporárias (10,5%), matas plantadas (5,1%), lavouras permanentes (4,6%) e outros usos (4,4%). Destaque para os percentuais de lavouras permanentes e matas plantadas, que equivalem a mais que o dobro do percentual ocupado por essas atividades no Brasil, em virtude das plantações de café e eucalipto no estado.

A área irrigada no estado mais que dobrou em relação ao último censo (aumento de 116%), acréscimo bem superior à média nacional (52%). Enquanto essa área representa 3% do total dos estabelecimentos no estado, a área irrigada no Brasil é de 2%.

O número de estabelecimentos que utilizaram agrotóxicos em Minas Gerais aumentou 60%, número bem superior ao do Brasil (20%). Porém, o percentual de estabelecimentos que utilizaram agrotóxicos em relação ao total no estado (30%) é inferior ao do Brasil (36%).

Um fato de destaque é o grande aumento do número de estabelecimentos com acesso à internet, que foi de 1790% no Brasil e de 2114% em Minas Gerais. Enquanto em Minas Gerais 33% dos estabelecimentos declararam ter acesso à internet, no Brasil esse percentual é 28%.

Até o momento, foi apurado que havia 1.825.141 pessoas ocupadas nos estabelecimentos do estado. Acompanhando a tendência nacional, porém com menor intensidade, houve queda de 71.796 pessoas em relação ao Censo Agro 2006 (queda de 3,8%), gerando uma média de três pessoas ocupadas por estabelecimento, mesmo valor da média nacional. Em compensação, houve aumento da mecanização, identificada pelo acréscimo de 77% do número de tratores nos estabelecimentos do estado, totalizando 162.764 unidades.

O nível de escolaridade dos produtores mineiros mostrou-se mais elevado que a média nacional. Em Minas Gerais, o percentual de produtores com nível superior ou mais é de 8,54% e, no Brasil, 5,84%. Já o percentual daqueles produtores que nunca frequentaram escola é de 10,56% no estado e 15,44% no país. Considerando apenas os que declararam não saber ler ou escrever (independentemente de ter

frequentado ou não escola) tem-se 12,5% dos produtores mineiros nessa situação. No Brasil, esse percentual é 23%. A participação das mulheres na direção dos estabelecimentos no estado aumentou de 10,8% em 2006 para 14,4% em 2017. Essa participação é inferior à média nacional (18,7%). Enquanto nos estados do Sul, São Paulo e Espírito Santo essa participação é menor que em Minas Gerais, para os demais estados, esse número é superior.

A faixa etária dos produtores rurais apresentou acréscimo tanto no Brasil quanto em Minas Gerais. Em 2006, os produtores com mais de 45 anos representavam 67% do total em Minas Gerais e 60% no Brasil. Em 2017, esse número passou para 76% em Minas Gerais e 70% no Brasil.

Supervisão de Documentação e Disseminação de Informações de Minas Gerais - SDI/MG