Publicado em 09/12/2019 - geral - Da Redação
Evento reuniu cerca de 300 pessoas e debateu sobre as políticas para a segurança alimentar em Minas Gerais
As sugestões levantadas pelos delegados eleitos nas etapas regionais agora serão encaminhadas para a análise do Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese). Elas poderão ser convertidas em políticas públicas que atendam às demandas da sociedade, além de subsidiar ações do Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG) do Estado, que integrarão o Plano Estadual de Segurança Alimentar Nutricional Sustentável (Plesans).
Dentre as sugestões está, por exemplo, o fomento
e apoio técnico do Estado para a agricultura familiar e a produção
agroecológica, com o objetivo de reduzir a pobreza no campo e garantir
alimentos saudáveis e sustentáveis na mesa do mineiro.
Para o presidente do Conselho de Segurança
Alimentar e Nutricional Sustentável de Minas Gerais (Consea-MG), Elido Bonono,
a produção agroecológica é o caminho para a alimentação saudável. “Todos os
eixos temáticos trataram da produção agroecológica. Ligada a ela, você também
tem que ter assistência técnica e financiamento público do Programa Nacional da
Agricultura Familiar para que esse agricultor possa ter tecnologias para produzir
o alimento”, afirma.
Para isto, também foi discutida a elaboração do
Plano Estadual de Segurança Alimentar Nutricional (Plesans), para nortear as
políticas públicas de fomento à agricultura familiar, preservação ambiental e
geração de renda no setor. A manutenção do Consea-MG foi outro ponto
reiterado pelos delegados e técnicos da área.
Bonono ainda cita a importância da criação de um
banco de sementes crioulas para reduzir a pobreza no campo, além de defender a
revisão do modelo de agricultura baseada na monocultura (plantio de uma única
cultura).
“Quando falamos em agroecologia, a antítese
disso é o fortalecimento da agricultura baseada no monocultivo e nos
agrotóxicos, e esse modelo tem de ser revisto. Nós temos que pensar em um
modelo de produção de alimentos a que todos possam ter acesso, mas que tenha
qualidade e não contamine o meio ambiente e a saúde”, argumenta.
O superintendente de Integração e Segurança
Alimentar e Nutricional da Sedese, Henrique Carvalho, ressalta que a realização
da VII Conferência de Segurança Alimentar foi especialmente importante por
representar dois grandes marcos. O primeiro por afirmar o compromisso desse
novo governo com a preservação dos direitos básicos, através do diálogo com a
sociedade civil; o segundo marco, por sua vez, é a concretização de diretrizes
que nortearão as políticas públicas nos próximos quatro anos.
“O problema da fome, ainda presente no Brasil e
em Minas, exige uma resposta abrangente do Estado em parceria com munícipios,
governo federal e sociedade civil. A conferência foi o primeiro passo dessa
articulação e permitirá o desenvolvimento de ações mais próximas às reais
necessidades. O resultado foi muito proveitoso e temos, a partir dos documentos
elaborados, um arsenal poderoso de combate a este que é um dos mais dramáticos
problemas sociais do Brasil”, finaliza.
Balanço
Dividido em três eixos de discussão,
“Participação e Controle Social”, “Desigualdade, pobreza e fome” e “Soberania e
Segurança Alimentar e Nutricional: Estratégia de Desenvolvimento Sustentável”,
o evento reuniu cerca de 300 pessoas, entre delegados eleitos nas etapas
regionais, convidados e observadores.
Entre os participantes estava a conselheira pela
Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais, Renata Siviero. “A meu
ver, todas as propostas que saíram contemplaram o que o Estado já vem dizendo
sobre a redução e eliminação dos agrotóxicos, o cuidado com a água, ou seja,
foram ao encontro do tema da conferência, que foi 'Por Direitos, Democracia,
Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional'”, afirma.
Para ela, os dois dias de conferência foram de
representação. “Esse é um momento muito especial, no qual a sociedade civil
pode se manifestar e dizer o que acha importante para a construção de políticas
públicas, além de ser importante processo para o fortalecimento do Consea e das
políticas de segurança alimentar e nutricional”, completa.