Publicado em 03/03/2015 - geral - Fernando de Miranda Jorge
Obviamente ganhamos tempo com o celular. Ele começa a exigir de nós coisas que antes não pensávamos fazer. Vejam quando vamos a um restaurante hoje e em tempos atrás: agora, a primeira coisa que fazemos é esquecer onde estamos e o que fomos fazer. Logo vamos perguntando: qual a senha do Wi-Fi, quando o próprio estabelecimento já não nos vai informando. Postamos em nossas mesas, cardápio à nossa frente, garçons ao lado à espera do atendimento. Qual nada! À primeira hora, mostra as pessoas concentradas nos seus celulares, lendo e ou digitando mensagens. Quando os pedidos são atendidos é uma de fotografar os pratos e provocar os amigos, compondo as mais diferentes gozações. Isso vai um longo período de distração e os garçons são solicitados a fazer sucessivas fotos do grupo, com o celular de cada um, ou aquecer os pratos novamente. Antes era diferente: as pessoas cumprimentavam os garçons, os amigos e conhecidos, pediam o cardápio, conversavam , faziam os pedidos, saboreavam a refeição e demoravam menos tempo no restaurante. Muito pelo contrário, o celular veio para ampliar nossa vida. Só que ampliar não quer dizer facilitar. Do mesmo modo que ganhamos tempo de um lado, realmente o celular exige muito de nós. Fazemos coisas hoje que nunca pensávamos fazer. O celular é um veículo excelente para o exibicionismo, para a comunicação instantânea sobre “o que está comendo, o que está fazendo”, para os selfies com gente famosa, encontrada nos aeroportos, nos clubes, nos estádios... E muito mais! Perigoso face aos trotes e mensagens indevidas. Somos a geração mais documentada da História. Nunca se viu tanta informação de uma vez só! E somam-se aí os tablets e a disponibilidade das redes sociais! E nós, da Velha Guarda, do tempo do tetê-à-tête, olho no olho também, participamos disso com muito sacrifício, pois a competição com os jovens é muito desigual. Estamos inseridos no maior fenômeno de todos os tempos junto com eles. Nunca se expôs tanto sobre os hábitos sociais de uma população como agora. Talvez, talvez, num futuro próximo, bem próximo, vamos escutar que a evolução da história começou nos dias de hoje! O sempre conectado quer enviar mensagens como se fossem os primeiros. Quantas recebemos repetidas. Segundo Jô Soares – cultura inútil. Difícil de controlar, ainda. E você aí, é daqueles que não saem de casa sem o celular? E, quando o esquece, volta para pegá-lo, como eu? Você é Escravo?
Por: Fernando de Miranda Jorge / Jacuí/MG E-mail: fmjor31@gmail.com