A PEQUENEZ HUMANA DIANTE DO UNIVERSO

Publicado em 28/08/2015 - marco-regis-de-almeida-lima - Da Redação

A PEQUENEZ HUMANA DIANTE DO UNIVERSO

Certamente que não escrevemos para nós mesmos. Essa constatação foi feita pelo escritor e filósofo existencialista francês Jean-Paul Sartre (1905-1980), personalidade muito referida pela imprensa, mormente nos seus cadernos literários, nos meus tempos de adolescente.
Entretanto, quando me sentei para digitar um texto para este semanário, nas altas horas da madrugada, quase ao fim do prazo que me é concedido, isto é, até o amanhecer desta quinta feira, minha cabeça ainda estava saturada das imagens da rodada da Copa do Brasil de Futebol, e, depois, com múltiplos noticiários televisivos de mais um dia que findara. Minha intenção era abordar um assunto relacionado à frustração e à solidão com o desenvolvimento de uma consciência cósmica, ideias que me inquietam ao longo dos anos.
Assim sendo, imaginei que poderia começar tema tão intrincado e nebuloso com a célebre frase de outro francês, matemático e também filósofo, René Descartes (1596-1650), de razoável conhecimento popular: “Penso, logo existo”. De livro alusivo ao filósofo eu poderia dar um ar mais intelectual e menos popular, fazendo a sua citação ampliada e na versão latina: “ Dubito, ergo cogito, ergo sum” (Duvido, logo penso, logo existo). Foi este o primeiro princípio da filosofia de Descartes, estabelecido como uma verdade que não poderia ser questionada por ninguém. Nem por ele, que chegava a duvidar da própria existência. Além do mais, este seu pensamento serviria de crítica aos muitos escritos medievais que ele via como inconsistentes.
Veja o caro leitor como é melindroso a gente se meter como colaborador de jornal. O rótulo de “colunista” foge da minha intenção, sendo apenas um organograma do periódico. Digo isto porque me vejo na alça de mira do filósofo da Idade Média, que tinha pensamento crítico sobre quem se propunha a escrever. Ao mesmo tempo, ao publicar os meus escritos, caio no que disse Sartre: “Não é, portanto, verdade que se escreve para si mesmo”.
Ainda assim, vou expressar a minha inquietação a respeito da civilização humana no nosso planeta, com diferenças abissais entre os bilhões de habitantes - nas crenças, nos costumes, no conhecimento e, principalmente, nas condições de vida.
Enquanto isso, a Ciência vai desvendando os segredos e os mistérios da vida terráquea e do Universo. Os avanços da medicina, através dos meandros da bioengenharia, têm aumentado a nossa expectativa de vida, enquanto as guerras e os desastres da natureza teimam em fazer uma seleção natural e um controle populacional.
Por outro lado, sondas espaciais já estiveram nas proximidades de todos os planetas do nosso sistema solar e suas luas. Recentemente, a New Horizons, o veículo mais veloz já feito pelo homem, atingiu o planeta-anão Plutão, no último 14 de julho, a uma velocidade de 58.000 km/hora. Lançada dez anos antes de Cabo Kennedy, Estados Unidos, ela atingiu a Lua em apenas 9 horas, passando, durante esses dez anos, pelas órbitas de Marte, Júpiter, Netuno, Urano, chegando a Plutão após percorrer quase 10 bilhões de quilômetros, estando, agora no Cinturão de Asteróides de Kuiper, de onde mergulhará para fora do nosso sistema solar. Outra nave, a Dawn, acaba de explorar os planetas-anões de Vesta e Ceres, no mesmo Cinturão de Asteróides. Ambas enviaram importantes dados telemétricos e fotografias fantásticas, jamais vistas. A Philae, objeto de artigo anterior nosso, também fez uma viagem fantástica de dez anos, vindo a pousar em um cometa.
Telescópios, em diversas localizações terrestres e os orbitais Huble e NuStar, desvendam segredos de um universo sem-fim. Há pouco tempo, um deles, na Austrália, captou sinais de uma galáxia de aproximados 500 milhões de anos mais velha do que a Terra. Inúmeros BURACOS NEGROS têm sido descobertos, em diferentes galáxias, ainda cheios de mistério, que atraem todo tipo de massa e até luz, sendo os mesmos uma das possibilidades do FIM DA TERRA, engolindo-nos na velocidade da luz, para o nosso bem, que nem perceberíamos. Outras possibilidades catastróficas da nossa destruição tivemos a oportunidade buscar na Internet: o AQUECIMENTO GLOBAL; o IMPACTO DE ASTERÓIDE OU COMETA; PANDEMIAS, causadas por novos micróbios altamente resistentes e letais; GUERRA NUCLEAR; ROBÔS, caso a inteligência artificial venha a superar a inteligência humana; SUPERPOPULAÇÃO e suas conseqüências; e EFEITO BOLA DE NEVE, que seria a superposição de várias dessas causas, tipo o aquecimento global, causando catástrofes e desequilíbrio ecológico, seguindo-se falta de alimentos.
Tirante tais possibilidades eventuais ou remotas, quase todas poderão estar sob o controle do homem, HÁ UMA POSSIBILIDADE INEXORÁVEL E DEFINITIVA que é a causa de toda a minha angústia, frustração e solidão: “ O APAGÃO DO SOL”. UM DIA ELE SE ESFRIARÁ E A TERRA MERGULHARÁ NA ESCURIDÃO, CESSANDO A FONTE DE TODA A ENERGIA E VIDA AQUI EXISTENTES.
Nesse futuro tempo do fim da vida terrestre, quem sabe algumas levas de seres humanos, viajando na velocidade da luz (300.000km por segundo), possa ter migrado para outros planetas semelhantes à Terra, na órbita de outros sóis brilhantes, um deles há poucos meses descoberto, dos mais próximos, distante apenas 1.400 anos-luz. OS CIENTISTAS CALCULAM QUE ISSO VAI ACONTECER DAQUI ACINCO BILHÕES DE ANOS (5.000.000.000 de anos). QUEM VIVER, VERÁ !

Marco Regis de Almeida Lima é médico, foi Prefeito de Muzambinho (1989/92; 2005/08) e Deputado Estadual-MG (1995/98; 1999/2003)
marco.regis@hotmail.com