Preso casal suspeito de participar dos assassinatos de Alemão e sua amásia

Publicado em 22/07/2010 - policia - Carlos Alberto/ojogoserio@yahoo.com.br

A Polícia Civil de Guaxupé prendeu o casal de lavradores Fernando Alves Reis, de 31 anos e Janete Aparecida Moraes Reis, 36 anos, na terça-feira, 20 de julho. Os dois são suspeitos de participar dos assassinatos do auxiliar de serviços gerais, Paulo Sérgio Alves, 32 anos (Alemão) e sua amásia, Maria da Glória Meireles, 26, ocorridos no último dia 28 e praticados com requintes de crueldade. Embora as autoridades afirmem que os prisioneiros tiveram participação nos crimes, eles atribuem a responsabilidade a Sidnei Reis Vilela, de 21 anos, que já era procurado pela Justiça de Alpinópolis (por latrocínio) e teria matado Alemão e sua amásia para se vingar de eventuais ameaças.
Fernando e Janete foram pegos na zona rural de Três Barras, distrito de Carmo do Rio Claro, onde se escondiam de maneira sub-humana. Em suas declarações, os dois narraram como Sidnei praticou os dois homicídios, tendo confirmado a hipótese de vingança. “Eles (as vítimas) souberam que o ‘Nei’ era procurado pela polícia e passaram a chantageá-lo. Acho que por isto ele matou os dois. Mas nós não temos nada com isso não, pois estávamos dormindo! Se quiserem encontrá-lo, basta ir até onde moram seus familiares, pois aí saberão que tudo o que dissemos é verdade”, defendeu-se Janete.
Os dois prisioneiros passaram toda aquela terça-feira na Delegacia de Polícia Civil local, onde prestaram depoimentos. A operação policial que resultou em suas prisões contou com as participações dos investigadores Luiz Cláudio Ferreira, Júlio César Ferreira, Paulo Roberto Feitosa, Mauro Aparecido de Souza, Leandro Borges da Silva, Marco Túlio Moraes Mio, Leandro Junior de Oliveira, Paulo Aparecido Pires e Leandro Marque de Souza. Outras operações, com o objetivo de capturar Sidnei Vilela, já estão sendo desencadeadas. Com exceção de Feitosa, Luiz Cláudio, Paulo Pires, Júlio César e Mauro, os demais investigadores iniciaram-se na comarca guaxupeana recentemente.

Morte anunciada
As mortes de Alemão e Maria da Glória foram descobertas no último dia 4, quando familiares do rapaz encontraram os corpos dos dois num canavial, que fica na estrada vicinal entre Guaxupé e Guaranésia. Os crimes chocaram pela brutalidade, já que até então acreditava-se que eles teriam sido torturados antes das execuções. Entre os motivos, o mais provável teria sido a fama de delator por parte de Alemão, que fazia-se passar por policial para promover investigações. Bastante próximo das polícias Civil e Militar, o rapaz era alertado pelas próprias autoridades, que o aconselhavam a abandonar a fantasia de ser policial, já que isto poderia lhe complicar a vida. Alemão e Maria da Glória deixaram o filho Paulo Ricardo, de um ano, o qual encontra-se sob os cuidados da Justiça da Infância e Juventude.

A história
Para se entender melhor, Alemão e Maria da Glória moravam com o filho Paulo Ricardo na casa de Fernando e Janete, que fica na Rua Osvaldo Mendonça, nº 14, no Jardim Rosana, onde também vivia Sidnei. Embora fosse comprometida, Maria mantinha um caso amoroso com Sidnei, sendo que na madrugada de 28 de junho, ela aproveitou-se do sono profundo do amásio para encontrar com o amante no quintal da casa. Lá, inclusive, Maria foi assassinada a golpes de marreta na cabeça. Sidnei, logo após cometer o crime, acordou Fernando e Janete, quando os informou da execução e solicitou auxílio para matar também Alemão, que dormia no sofá da sala, sob efeito de tranqüilizante, ministrado ainda não se sabe por quem.
Os donos da casa, segundo afirmaram à polícia, se negaram a ajudar Sidnei, que ameaçou assassinar os três filhos do casal (de 3, 9 e 11 anos), caso os dois contassem algo a alguém. “Neste momento, Janete e Fernando alegam ter fugido do local, mas ela retornou para proteger os filhos, sendo que quando chegou, viu Alemão já morto e Sidnei segurando a cabeça da vítima com uma mão e na outra carregava a marreta”, informou o escrivão da Polícia Civil, Sílvio Haltz, que ouviu Janete e Fernando na tarde de terça-feira última.
Janete teria, ao voltar à residência, se deparado também com o menor Markito, de 15 anos, morador do Jardim Rancho Alegre, tendo ele e Sidnei exigido que a dona da casa ajudasse-os a desaparecer com os corpos. Desesperada, Janete se negou a atendê-los, quando Markito foi pedir ajuda à Enereida Aparecida do Rosário, que mora no Recreio dos Bandeirantes e figura no inquérito como familiar de Janete. “Enereida foi informada de que sua parente precisava dela, mas nada lhe foi dito, até então, sobre o ocorrido. No local, ela se inteirou da situação e dirigiu o Fusca de Fernando, que não estava no local, até o canavial, onde Sidnei e Markito deixaram os corpos”, explicou Sílvio Haltz.
Após a ‘desova dos corpos’, Sidnei e Markito voltaram à casa e obrigaram Janete a lhes auxiliar na limpeza das provas, tendo os três lavado as marcas de sangue da residência, assim como no interior do carro. Em seguida, Sidnei, Markito e Enereida deixaram o local, tendo Janete levado o filho de Alemão e Maria da Glória para o Conselho Tutelar. Depois disto, seu marido Fernando chegou em casa, tendo todos agido como se nada tivesse acontecido. Os dois chegaram a ser visitados pela Polícia Civil, mas negaram saber dos paradeiros de Alemão e sua mulher. “Janete me disse um monte de mentiras ainda no início das investigações. Chegou até a desejar que Deus me ajudasse a encontrar os autores. Está aí! Deus ajudou e nós a prendemos”, ressaltou o investigador Luiz Cláudio Ferreira, que participou da ação policial.
Ainda conforme as investigações, Sidnei permaneceu pelo menos um dia escondido na residência de um suposto amante seu, homossexual identificado até agora como Vaguinho, do Bairro Santa Cruz, o qual já prestou depoimento e, pelo menos por enquanto, não foi indiciado. Enereida também prestou declarações foi e liberada em seguida. A polícia ainda não sabe se haverá alguma sanção para Vaguinho e Enereida, o que será definido pelo delegado Álvaro Lucas Martins com o desfecho do inquérito. Até então, o caso era presidido pelo titular da Delegacia de Guaranésia, Valter Luís Tisianel. Ainda na tarde da última terça-feira, Janete e Fernando foram conduzidos à cadeia Guaxupé/Guaranésia, sendo que a polícia agora volta suas atenções à captura de Sidnei.

Mudança no quadro...
As declarações do casal preso terça-feira mudam totalmente o quadro criminal. Antes, a polícia acreditava que Alemão e Maria da Glória haviam sido mortos pelo costume dele de denunciar bandidos. À primeira vista, os dois teriam sido executados no canavial, onde seus corpos foram encontrados por familiares seus, na tarde de 4 de julho último. Lá, Alemão e sua amásia estavam abraçados, com sacos plásticos na cabeça e hematomas provenientes de pancadas. Ela, inclusive, tinha evidências de tortura nos órgãos sexuais, assim como queimaduras nos pés.
Já nesta semana, a polícia descobriu que as mortes das vítimas aconteceram no interior da residência onde eles moravam com Janete e Fernando. Isto, aliás, ficou comprovado pelos exames do perito Túlio Tissot. “Nós utilizamos o produto conhecido como luminol na casa e no carro, quando constatamos o sangue humano”, informou Túlio. De acordo com as investigações, Maria da Glória foi assassinada primeiro, a marretada, tendo seu amásio sido executado depois, da mesma forma. As marcas de torturas, de acordo com a perícia técnica da Polícia Civil, aconteceram durante a condução dos corpos, da casa para o canavial. No trajeto, Sidnei e Markito teriam machucado o rosto de Alemão, assim como queimado os pés de Maria da Glória (pelo menos cento e quarenta vezes) com pontas de cigarros.