Arantes defende trabalhadores de mineração de Alpinópolis e região

Publicado em 13/09/2013 - politica - Da Redação

Deputado acredita que é possível conciliar geração de emprego e boas condições de trabalho

Falta de equipamentos de proteção, condições insalubres de trabalho, transporte precário, vestiários impróprios para uso e poeira excessiva nas mineradoras de Alpinópolis (Sul de Minas). Esse foi o quadro apresentado pelo presidente da Federação dos Trabalhadores na Indústria Extrativa de Minas Gerais (Ftiemg), José Maria Soares, durante audiência pública realizada na quarta-feira (11/9/13) pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O objetivo do encontro foi debater as violações de direitos humanos dos trabalhadores de mineração na região.

O deputado estadual Antônio Carlos Arantes, que participou da reunião, se manifestou totalmente contrário ao trabalho escravo, mas pediu cautela na apuração dos fatos. “Há empresas e empresas, há aquelas que cumprem a legislação e geram emprego e renda. Não podemos julgar sem avaliar cuidadosamente, senão os justos pagam pelos pecadores. Sou parceiro e estou aqui para apoiar as iniciativas que gerem emprego e renda para a nossa Alpinópolis”, defendeu Arantes.

Na opinião de Antônio Carlos, a região de Alpinópolis vive um um momento difícil, já que outra importante atividade econômica, que é o café, passa por dificuldades devido aos preços baixos. Ele sugeriu que o equilíbrio da discussão prevaleça porque muitas famílias dependem da extração de quartzito.

Em sua fala, o presidente da Ftiemg, José Maria Soares, também destacou que a instituição não é contra as mineradores, que defende o emprego das pessoas, mas que não pode aceitar as condições de trabalho atuais nas mineradoras de quartzito em Alpinópolis e região. Ele lamentou a ausência dos representantes dos Ministérios Público e do Trabalho para discutir o tema e defendeu, ainda, que as pessoas que trabalham nas mineradoras sejam requalificadas, treinadas e capacitadas.

Em resposta, o presidente da Associação dos Mineradores de Quartzito do Médio Rio Grande, Jorge de Oliveira Penha, disse que os casos apresentados não são das oito empresas representadas pela associação e que essas mineradoras não estão trabalhando à margem da lei. Segundo ele, a atividade minerária causa impacto ambiental, mas as empresas representadas pela associação estão se adequando às normas ambientais, com a presença de engenheiros ambientais e de minas, além de técnicos de segurança do trabalho. “Enquanto a mina está em atividade, ela gera impacto ambiental, mas nós vamos recuperando e fazendo nossa parte”, disse Jorge de Oliveira Penha, que defendeu-se dizendo que as empresas não são omissas, clandestinas e bandidas, como muitos afirmam.

O assessor jurídico do Sindicato dos Trabalhadores na Extração Mineral de Alpinópolis e Região, Paulo Cesár da Fonseca, também disse que não existe perseguição a essas empresas e que o diálogo por parte delas gira sempre em torno da pressão e do medo em torno da perda do emprego. Ele disse que os mineradores continuam sendo explorados e trabalham em condições insalubres, agravando casos como a silicose (doença pulmonar causada pela inalação de finas partículas de sílica cristalina). Segundo Paulo César, os avanços na técnica de extração aumentaram a poeira sílica, prejudicando ainda mais os trabalhadores. De acordo com ele, apenas em Alpinópolis já foram registrados 60 casos de trabalhadores com silicose.

Também presente na reunião, a assessora de Saúde do Trabalhador da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria, Marta de Freitas, denunciou os casos de trabalhadores com silicose em Alpinópolis. Disse, ainda, que, na região, há acidentes de trabalho e desrespeito aos direitos humanos nas mineradoras, sendo algumas legalizadas e outras clandestinas, mantendo trabalhadores nas mesmas situações. Defendeu, também, a necessidade de se fazer um levantamento das condições de trabalho nas mineradoras da região.

Fonte: ASCOM / Matéria: Ana Karenina