Publicado em 12/06/2014 - politica - Da Redação
Parlamentar pediu também reforço de efetivo e mais estrutura em várias cidades mineiras
Para Antônio Carlos, que já realizou diversas vezes, audiências e debates públicos com a mesma finalidade, houve resultados importantes em alguns municípios onde há a integração bem realizada com as Polícias Civil e Militar com a participação e envolvimento da comunidade, mas alertou para a legislação absurda que tem favorecido o bandido. “Não me conformo de saber que uma Portaria da Justiça em acordo com a Comissão de Direitos Humanos quer proibir um policial de apontar uma arma para um suspeito em uma blitz, por exemplo”. O parlamentar elogiou a PM como a melhor do Brasil, mas destacou que é preciso um trabalho em conjunto que envolva as polícias, o Ministério Público, a comunidade para uma eficácia maior no combate à criminalidade. “E se não resolvermos isto de vez, teremos um êxodo rural em crescimento, que culminará em um problema maior social e
econômico”, alertou.
Tarcísio da Associação Mineira da Silvicultura, que solicitou a audiência a Arantes, relatou diversos casos de violência e apontou prejuízos de mais de R$ 5 milhões com roubos em seu setor de insumos agrícolas, veículos, maquinários com casos de violência extrema com reféns. “Geramos mais de 500 mil empregos no Estado, precisamos de uma solução”.
O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Boa Esperança, Manoel da Costa, outro que pediu ao político a audiência, mostrou a imagem de um sujeito que tomou 50 coronhadas em uma ação violenta que sofreu na zona rural. “De novembro de 2013 até abril de 2014 tivemos 14 tratores roubados, estamos com pouco efetivo para uma cidade que tem 40 mil habitantes e que é destaque em produção de grãos, de café e de leite”, lamentou.
O diretor da FAEMG, Marcos Abreu, lembrou que este tema é um dos que mais preocupa a Federação, tanto que vários diretores da entidade estavam presentes na audiência. Marcos disse que o trabalho de prevenção da polícia tem sido difícil na zona rural. “Conhecemos casos de alguns sindicatos que ajudam a pagar a gasolina dos carros da polícia”, exemplificou.
O prefeito de São Bento Abade, “Nadico” elogiou a iniciativa do parlamentar em promover esta discussão e comentou que a insegurança no campo tem levado a uma migração da população rural para a zona urbana.
O presidente do Sindicato Rural de Divinópolis, Irajá, contou sobre uma barbaridade que fizeram com uma menina, filha de um produtor, que teve a mão cortada para que o pai revelasse onde estava o dinheiro na propriedade rural. Ele fez um pronunciamento que chamou a atenção: “Tem horas que a gente precisa da polícia, de um dentista, de um jornalista, de um mecânico, de um médico, mas necessitamos do produtor rural três vezes ao dia: na hora do café, do almoço e do jantar”, ponderou.
O presidente do Sindicato Rural de Pitangui, José Éder, expôs que a Comissão de Política Agropecuária da Assembleia, sob a presidência de Arantes, tem realizado um trabalho exaustivo para sensibilizar o Governo quanto a questão, mas que é necessário mais ação.
Segundo o presidente do Sindicato Rural de Santana da Vargem, Jorge Calili, o título de eleitor será fundamental para mudar a legislação que puna, efetivamente, os bandidos e acrescentou: “Como um policial pode dirigir 40 km em estrada vicinal sem gasolina. Não temos uma estrutura adequada na polícia”.
A delegada da Polícia Civil, Rosilene Alves, defendeu o trabalho integrado com a PM e lembrou que tem sido realizados esforços pela corporação. “No ano passado, 429 novos delegados foram inseridos no trabalho em Minas, prendemos 8 mil pessoas a mais que o ano anterior, o que tem provocado um inchaço nas cadeias e alguns juízes interditam determinados lugares. Então há um problema da superlotação nas cadeias e penitenciárias”. Rosilene lamentou também que às vezes policiais civis têm se transformado em gestores de presos, ao invés de atuarem nas investigações. “Temos trabalhado muito, mas os criminosos têm se sofisticado em suas ações”, observou.
Antônio Gama da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento disse que levará todas as impressões colhidas na audiência ao secretário André Merlo, para que providências sejam tomadas.
O tenente-coronel da PM, Daniel Garcia, lamentou que o aumento da criminalidade não tem sido um “privilégio” de Minas, mas disse que o combate pode ser mais efetivo com a participação e integração maior com a comunidade. Para Daniel, o sistema judiciário é frouxo e isto dificulta o trabalho da corporação, que muitas vez prende o bandido e o vê solto dias depois.
Conforme explicou o major Eugênio Pascoal, o trabalho da Patrulha Rural tem sido institucionalizado pela PM, mas ainda não está presente em todo o Estado. “Onde ela existe, já temos tido resultados importantes”. Apesar disto, reconheceu que o efetivo é pequeno, porém, citou que o treinamento dos policiais para o trabalho na zona rural é muito bom e acrescentou: “Este ano, a Polícia Militar mineira ganhou 154 viaturas 4x4 para atuar nestes locais e formaremos em breve 12 mil soldados”.
FONTE: ASCOM