Carlos Mosconi reafirma pré-candidatura a deputado federal

Publicado em 01/07/2018 - politica - Da Redação

Carlos Mosconi reafirma pré-candidatura a deputado federal

Em Muzambinho no último sábado, 23, para participar do Programa Edição de Sábado na Rádio do Povo 1070 AM, Carlos Mosconi falou de história, de saúde, de política e confirmou sua pré-candidatura a deputado federal. Confira alguns trechos desta entrevista exclusiva concedida à Folha Regional. 


Folha Regional – Você é uma liderança regional com grandes chances de voltar a representar o Sul de Minas no Congresso Nacional. É um prazer recebê-lo em Muzambinho. 

Mosconi – Vir a Muzambinho é sempre uma alegria. Rever amigos como Vagner Alves e todos vocês da Folha Regional, da Rádio do Povo, o prefeito Sérgio Esquilo, o secretário de Saúde, Luís Ricardo Boneli, entre tantas pessoas queridas é muito bom. Tomei conhecimento que mais cinco equipes de Estratégia de Saúde da Família estão sendo implantadas aqui e isso vai ser muito bom para a população então quero parabenizar a todos por este trabalho. 


Folha Regional - Médico nefrologista e urologista, tem uma carreira repleta de experiências muito bem sucedidas, que incluem quatro vezes deputado federal e duas vezes, estadual. Como você avalia o nosso atual momento político e especialmente a crise que atinge o Governo de Minas Gerais? 

Mosconi – Eu acho que nós vivemos talvez o pior momento da nossa história, de absoluto descrédito, de descrença da população na política, de desânimo, de falta de credibilidade total e a expectativa de que isso vá mudar acaba ficando prejudicada porque as pessoas vão deixando de acreditar. Temos um Governo sem credibilidade, um Congresso sem credibilidade e alguns Estados do Brasil quebrados, como lamentavelmente o Estado de Minas Gerais, que não paga seus servidores, não paga suas contas. Só para a Saúde são três bilhões e 600 milhões de reais isso significa que o povo não pode ser atendido, que as cirurgias eletivas não podem ser realizadas e que nem alguns remédios estão sendo fornecidos a população. Não há diálogo, porque o Governador simplesmente não explica o que está havendo. O importante é saber que logo isso vai passar e que Minas poderá ter uma gestão com credibilidade e competência para governar bem. O povo de Minas Gerais é um povo altivo, trabalhador e que tem enfrentado tudo isso. Minas Gerais definitivamente não merece isso. Temos aí o pré-candidato, o professor Antonio Anastasia, que já governou Minas e que retorna agora novamente para este projeto e eu desejo que seja vitorioso. 


Folha Regional – O senhor é um dos fundadores do PSDB. O partido tem responsabilidade nesta situação, como alguns falam? 

Mosconi – O PSDB governou Minas por três vezes, o Anastasia governou uma vez, o Aécio duas vezes e tivemos anteriormente o governo do Azeredo. O Anastasia deixou o Governo de Minas em uma situação de dificuldade e ele nunca negou isso. Na segunda metade do Governo dele começou uma crise financeira. Ele nos chamou lá, na ocasião eu era deputado estadual e ele avisou que teria que diminuir os investimentos e pediu ajuda porque a largueza financeira tinha acabado, mas ele queria pagar tudo em dia e assim ele fez, puxou o freio de mão, explicou isso e fez com clareza, seriedade e os pés no chão. 


Folha Regional – E sobre a situação do Aécio Neves? 

Mosconi – Eu convivi com o Aécio Neves, fui deputado juntamente com ele, acompanhei o Governo dele em Minas e foi um ótimo Governo, mas ele tem um problema com a Justiça e precisa resolver este problema com a Justiça, responder ao que tiver que ser respondido. Eu entendo que o foro privilegiado teria que acabar, porque todos nós devemos ser iguais perante a lei. 


Folha Regional – Com a sua história, de deputado constituinte com atuação direta na criação do SUS, temos que falar de saúde. Antigamente nós tínhamos o INAMPS - Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social e o cidadão só poderia ser atendido em um hospital, se tivesse registro em uma empresa. Então o cidadão que não trabalhava, não tinha acesso aos serviços de saúde. Criou-se o SUS, você tem uma história de vida diretamente ligada a isso e qual foi a importância disso? 

Mosconi – Nada do que eu faça vá se igualar a ter sido relator da Saúde na Constituinte e eu tenho muito orgulho disso. Esse grande contingente que não tinha direito a absolutamente nada em termos de serviços de saúde, eram milhões de brasileiros que foram incluídos e eu costumo dizer que o SUS foi o maior programa de inclusão social. A saúde é um direito de todos e um dever do Estado, esta foi a frase que mudou o aspecto da saúde, a realidade da saúde em nosso País. Ter participado de um movimento como este foi fundamental para a minha carreira. O trabalho da saúde porque a saúde não tem fim, a demanda por saúde não tem fim e nós temos que ter consciência disso e trabalhar pelo bem-estar coletivo, pela prevenção e promoção de saúde. 


Folha Regional – Podemos dizer que a sua trajetória como presidente do INAMPS foi essencial para colocar o SUS em funcionamento?

Mosconi – O Itamar (Franco, que assumiu a presidência em 1992, após Fernando Collor ser afastado e sofrer processo de impeachment) era corajoso. Eu falei a ele da proposta de extinguir o INAMPS, porque a verba que poderia ir para o SUS ia para o INAMPS que não era universal, não era equânime, nem igualitário, nada do que era a proposta do SUS. O INAMPS não cuidava da saúde, cuidava da doença. Não fazia mais sentido naquele momento, mantê-lo. Ele me convidou e disse que se eu o convencesse, ele aceitaria fazer o que eu tinha em mente. Demonstrei isso ao Itamar e ele aceitou fazer a mudança: o INAMPS foi extinto em 1993 e impulsionou o SUS. 


Folha Regional – O SUS mudou o foco da doença para a saúde. 

Mosconi – Antes do SUS a nossa mortalidade infantil era acima de 100 para cada mil nascidos vivos, era absurdo, porque o INAMPS não fazia a prevenção, o SUS trouxe estes conceitos de prevenção e de promoção de saúde, por meio de políticas de saúde. Hoje nós temos a mortalidade infantil abaixo de 15 crianças mortas para cada mil nascidos vivos. 


Folha Regional – O SUS é fundamental até porque as pessoas não estão conseguindo mais pagar plano de saúde. 

Mosconi – Esta é uma realidade. E além disso, a pessoa faz um plano de saúde e tem o período de carência, então se a pessoa fica doente neste período, não pode utilizar. Essa é uma questão que precisa ser revista porque a doença não espera. Tem ainda o atendimento ao idoso que no plano de saúde muitas vezes é inacessível e que é fundamental para todas as fases da vida, mas especialmente para esta. Para mim é uma discriminação o idoso ter que pagar mais e não ter como pagar, até pelas baixas aposentadorias que recebe. O sistema de saúde nos dá esta condição e merece que nós continuemos trabalhando por ele. Isso tudo precisa ser revisto, e como fazemos isso é por meio da política, por meio de instituição de normas, de regras, de leis. Não queremos de forma alguma fechar os planos de saúde, mas eles precisam agir com coerência. 


Folha Regional – Como está a questão do pronto atendimento hoje no Brasil? 

Mosconi – Nós temos o pronto socorro de porta aberta e o pronto socorro de porta fechada. O de porta aberta como o próprio nome diz atende a toda a população e o de porta fechada, atende a transferências encaminhadas por outras unidades de saúde. É muito importante que para questões menos graves, como uma gripe ou um resfriado, por exemplo, as pessoas procurem primeiro as unidades básicas de saúde que estão preparadas para receber estes pacientes. E aí, casos mais complexos são atendidos nos hospitais, de forma a otimizar este fluxo. 


Folha Regional – A humanização é uma bandeira defendida por você. 

Mosconi – Sim, porque nada funciona de forma completa no sistema de saúde sem a humanização. Ser bem atendido é essencial, é indispensável. Quem procura o sistema de saúde é porque tem algum problema. Mesmo que não haja nada físico, essa pessoa não está bem, está com algum desconforto mesmo que psicológico. E em muitos casos, este carinho, uma palavra, uma atenção, isso tudo faz toda diferença, interfere até na autoestima da pessoa. Nós não podemos abrir mão disso e o gestor de saúde precisa ter esta consciência. A preocupação com as pessoas, em entender suas necessidades, em viabilizar mudanças, em fazer acontecer o que vai ser diferencial na vida de uma população. Sem dúvida nenhuma, independentemente da função que eu tenha ocupado, esse sentimento sempre norteou o meu trabalho. 


Folha Regional – A situação financeira das Santas Casas está complicada em todo o Brasil. Como o senhor vê isso? 

Mosconi – Vejo com muita tristeza, porque as Santas Casas são instituições que prestam um atendimento insubstituível a população, geralmente aquele local secular que presta este atendimento desde sempre. O problema é que há um custo grande para este serviço, que inclui materiais, profissionais, equipamentos, hotelaria, procedimentos sofisticados que custam muito e os municípios não têm condição de arcar com esta conta. O sistema é tripartite: Governos Federal, Estadual e Municipal e cada um precisa arcar com esta responsabilidade. Eu sou autor da emenda 29 que diz que 15% do orçamento do município deve ir para a saúde, 12% dos Estados e 10% da União, este último vetado pela então presidente Dilma. Se a economia não cresce, não cresce o repasse da União, então os municípios contribuem com muito mais do que 15%, porque o Estado não faz sua parte. A dívida do Governo de Minas com o sistema de saúde dos municípios é de três bilhões e 600 milhões de reais. Quem paga essa conta são os municípios, as prefeituras. 


Folha Regional – É interessante avaliar a sua biografia e perceber a relação da medicina com a política, ao longo do seu trabalho em diferentes frentes. 

Mosconi – É verdade, porque esta união pode mudar a vida das pessoas, para melhor, com mais atendimento, com mais assistência, bem-estar e conforto. 


Folha Regional – Você esteve durante o ano de 2017 e até abril de 2018, como Secretário Municipal de Saúde de Poços de Caldas. Foi uma gestão muito bem avaliada em Poços. 

Mosconi – Eu tinha sido secretário de Saúde no Distrito Federal e esta é uma experiência muito rica que nos põe em contato direto com a população e a gente sente na pele as reais necessidades da população. Gostei muito de tudo que pude fazer ali, convivi com servidores extremamente dedicados e essa rotina de atender a população, de conversar com as pessoas, de visitar unidades de saúde e de buscar soluções, tudo isso são demandas que eu gosto de viver e de fazer no meu dia a dia. E fizemos muito em termos de atendimento, também. Foram mais de 1.500 cirurgias de catarata, zeramos esta fila, até porque o prefeito Sérgio Azevedo destinou a verba que seria das Escolas de Samba, para a Saúde e o resultado disso foi lindo de se ver. Ampliamos as consultas oftalmológicas, introduzimos a escleroterapia com espuma para tratamento de varizes, tornando Poços uma das primeiras do Brasil a ter o serviço pelo SUS. Poços também se tornou pioneira na oferta de sessões de reiki nas unidades básicas e é importante ressaltar outras iniciativas como a massoterapia, dentro das práticas integrativas complementares. Também temos aí o mutirão de ultrassom com cerca de dois mil exames e a melhoria das estruturas físicas das nossas unidades de saúde, para citar algumas ações. Na saúde nós trabalhamos com as angústias do ser humano e nós não esmorecemos, ao contrário, buscamos soluções para os problemas que enfrentamos, porque o grande desafio é a humanização do atendimento em benefício da nossa população. Sou muito grato ao prefeito Sérgio, e ao vice-prefeito Flávio, pela oportunidade. 


Folha Regional – Nestes 28 anos da Folha Regional, sempre acompanhamos seu trabalho. Como está este retorno, esta vontade de ajudar e de colaborar? 

Mosconi – Realmente a vontade é muito grande e tenho percorrido toda a região. Quero parabenizar a todos vocês da Folha Regional por este trabalho de comunicação que é essencial. Já temos uma realidade muito positiva aqui e um potencial gigantesco, falta criar esta regionalidade que nós precisamos ter, porque o Sul de Minas é uma marca industrial, comercial, turística. Então é um trabalho muito grande que precisa ser feito e eu tenho disposição e condição para realizar.