Comissionados buscam vagas de emprego na Assembleia

Publicado em 20/11/2014 - politica - Da Redação

Funcionários do Estado já começaram a pedir emprego para deputados estaduais da base do governo tucano diante da possibilidade de serem exonerados dos cargos comissionados pelo governador eleito Fernando Pimentel (PT). O petista toma posse no dia 1º de janeiro de 2015 e poderá trazer de fora da administração 6.751 nomes. 

Na cúpula administrativa do atual governo, a secretária de Planejamento e Gestão, Renata Vilhena, já está sendo sondada para assumir uma pasta da mesma área em outro Estado que tenha comando do PSDB. Possivelmente em Goiás ou Mato Grosso do Sul, devido ao bom relacionamento entre o senador Aécio Neves (PSDB) e os governadores Marconi Perillo (PSDB-GO) e Reinaldo Azambuja (PSDB-MS). Deputados federais também são procurados pelos servidores comissionados. A informação é de uma fonte tucana que pediu anonimato. Além desses estados, o PSDB ganhou o governo no Paraná, em São Paulo, no Pará e em Santa Catarina. 

Conforme matéria publicada pelo Hoje em Dia no dia 2 de novembro, dos atuais 17.892 cargos comissionados, estão vagos apenas 2.210. Fora os mais de 6 mil que podem entrar na dança das cadeiras, 11.141 postos são de recrutamento limitado, ou seja, só podem ser ocupados por funcionários concursados. 

De acordo com outra fonte do Palácio Tiradentes, a fuga para o Legislativo se refere a casos pontuais na Cidade Administrativa. Seriam profissionais tidos como competentes e dedicados pelas lideranças de governo e parlamentares dos aliados PP e PSDB. 

“Os comissionados geralmente têm alguma ligação política ou recomendação de um deputado da base de governo. Muitos chegam a ser indicados. Eles estão tentando uma readequação não só na Assembleia Legislativa como na Câmara dos Deputados. Mas é um caso ou outro, até pelo número de vagas disponíveis no Legislativo”, diz a fonte. 

Segundo o deputado estadual Lafayette Andrada (PSDB), é natural que isso ocorra. “Estão todos com medo e quem tem uma rede de contatos sonda se tem vaga nos gabinetes. É bem possível que isso esteja acontecendo, mas não fui procurado por nenhum comissionado”, comenta. 

Ainda segundo uma fonte do Palácio Tiradentes, os deputados federais e estaduais que passarem a integrar a base de Pimentel poderão cobrar a fatura e manobrar para tentar manter seus indicados entre os comissionados. PDT, PR e PSD estão em negociação com o PT na Assembleia, como já publicado pelo Hoje em Dia. “Eles vão querer negociar e dizer: tenho tantos cargos no governo e agora que vou ser base, quero que sejam mantidos”, acrescenta a fonte. 

Desde que foi eleito, Pimentel tem sinalizado que deverá manter alguns dos funcionários do Estado considerados essenciais para o funcionamento da máquina administrativa, que têm autoridade e competência para ocupar cargos. No entanto, ele chegou a afirmar que deverá levar aliados do PT, de sua campanha eleitoral e da época em que foi prefeito de BH, para os quadros do governo. 

Até o dia 28 de novembro, a Comissão de Transição de governo recolherá dados da atual gestão que servirão de base para o ex-ministro eleger suas prioridades no primeiro ano de governo.

Auxiliares de Anastasia na mira de deputados

Entre os funcionários comissionados mais disputados pelos parlamentares do PSDB, PSD e PP estão os auxiliares do ex-governador e senador eleito Antonio Anastasia (PSDB).

Nos corredores do Palácio Tiradentes, a informação é de que os deputados estaduais Agostinho Patrus Filho (PV), Cássio Soares (PSD) e Gil Pereira (PP) estão de olho nesses comissionados pelo reconhecimento do trabalho prestado ao poder público e pelo aprendizado junto a “uma das mais expressivas lideranças tucanas em Minas Gerais”.

Segundo uma comissionada do governo, um desses parlamentares chegou a oficializar o convite e negocia a sua posse na Assembleia. “A possibilidade de eu permanecer no governo, com a saída do PSDB, era remota e, se tivesse chance, eu também não gostaria de ficar. Tinha pensado em ir para a iniciativa privada e recebi esse convite depois do trabalho na campanha eleitoral deste ano”, disse a comissionada, pedindo para que seu nome e o do deputado não fossem identificados. “Vejo como positivo, porque não deixa de ser um reconhecimento do meu trabalho, da minha experiência”, completou.

Confiança

Sob anonimato, um aliado tucano afirmou acreditar que o governador eleito Fernando Pimentel (PT) não vá trocar todo o quadro dos cargos de confiança. “São eles que sabem como as coisas funcionam. Muitos são competentes, e se houver 100% de exoneração a máquina para. Não acredito que isso vá acontecer pelas indicações feitas pelo petista até agora”.

Conforme já publicado pelo Hoje em Dia, lideranças como o secretário de Governo, Danilo de Castro (PSDB), e a deputada estadual Luzia Ferreira (PPS) serão abrigadas em cargos na Prefeitura de Belo Horizonte a partir do ano que vem.

Funcionária de carreira desde 1986

Renata Maria Paes de Vilhena é secretária de Estado de Planejamento e Gestão do Governo de Minas Gerais (Seplag-MG) desde 2007. Foi um dos nomes de perfil técnico ventilados para disputar as eleições deste ano, antes de o senador Aécio Neves (PSDB) escolher o correligionário Pimenta da Veiga.

Graduada em Estatística pela UFMG e especialista em Administração Pública pela Fundação João Pinheiro, Renata é servidora de carreira da Seplag desde 1986. Atuou no governo federal como secretária-adjunta de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão entre 1999 e 2002. Participou da concepção do choque de gestão, modelo implantado em Minas a partir de 2003.

Patrícia Scofield - Hoje em Dia