Publicado em 24/04/2017 - politica - Da Redação
A qualidade da carne mineira foi tema de debate na audiência pública conjunta das comissões de Agropecuária e Agroindústria e de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) que aconteceu na quinta-feira (20/04/17). O deputado estadual Antonio Carlos Arantes (PSDB) criticou a forma como a Operação Carne Fraca foi conduzida e divulgada pela imprensa, “jogando numa vala comum todos os produtores”.
A reunião tratou dos impactos da operação realizada pela Polícia Federal em março deste ano, que detectou irregularidades na cadeia produtiva da carne pelo País. Segundo Arantes, que é presidente da Comissão de Agropecuária e Agroindústria da ALMG, isso prejudicou toda a classe produtora no País. Para o parlamentar, os problemas são pontuais e em apenas 1% da cadeia. “Precisamos mostrar que temos a carne mais barata, competitiva e de melhor qualidade no mundo. Vamos falar da carne forte e não da fraca”, disse o parlamentar.
O presidente da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte, deputado Felipe Attiê (PTB), entende que é preciso defender a cadeia produtiva, uma vez que impacta diretamente o consumidor. Participaram da audiência os deputados Fabiano Tolentino, Inácio Franco, Emidinho Madeira, João Leite, Sargento Rodrigues e Dalmo Ribeiro.
Participantes tranquilizam consumidores
De acordo com representantes dos órgãos de fiscalização estadual e federal que participaram da audiência pública, a carne produzida em Minas não apresenta riscos para o consumidor.
O representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Antônio Arantes Pereira, garantiu que o Brasil tem a melhor e mais barata carne do mundo. Segundo ele, Minas Gerais não teve nenhum estabelecimento citado na operação e tem um produto confiável para o consumidor. Ele, que disse estar preocupado com o produtor rural brasileiro, destacou que o País está exportando mais do que antes da operação, apesar de o faturamento ter caído. “Existe o oportunismo do mercado internacional, que está pagando menos pelo produto", declarou.
Além disso, afirmou que a imprensa foi sensacionalista, uma vez que o problema é pontual. "Foram colhidas 302 amostras e apenas 10% apresentaram irregularidade. Desse pequeno montante, apenas 2% tinham produtos não permitidos", completou o representante do MAPA.
O coordenador de Vigilância Sanitária e Ambiental da Fundação Ezequiel Dias, Kleber Eduardo da Silva Baptista, também tranquilizou os consumidores. De acordo com ele, as amostras feitas do ponto de vista higiênico e sanitário, que busca produtos proibidos, determinou que a carne mineira tem um percentual de reprovação muito baixo (menos de 10%). "A qualidade do produto é satisfatória e as reprovações, em geral, estão no que se refere à rotulagem e o teor de sódio. A contaminação é mínima", salientou. O técnico explicou, ainda, que o órgão realiza análises reconhecidas como uma das mais abrangentes do País para produtos derivados de carnes e embutidos.
O técnico da Vigilância Sanitária de Belo Horizonte, Leandro Esteves, relatou que, após a deflagração da Carne Fraca, foram feitas inspeções em 80 estabelecimentos e pontos de venda de carnes na Capital e que em nenhum deles comercializa-se as marcas citadas como irregulares.
O promotor do Ministério Público (MP), Rodrigo Filgueira de Oliveira, afirmou que há uma preocupação relevante do órgão com a segurança alimentar no Estado e que a atuação é preventiva e punitiva. Ele garantiu que as informações veiculadas pela imprensa e pela internet sobre a Carne Fraca ainda não foram confirmadas.
O diretor-geral do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), Marcílio de Souza Magalhães, salientou que o processo de inspeção é sistêmico, o que garante a fiscalização ideal de produtos derivados da carne. Ao explicar como se dá o trabalho, Marcílio destacou que existem infratores, mas que as instituições funcionam e punem quando necessário. “O importante, agora, é recuperar a credibilidade do nosso produto no mercado internacional, abalada pela Operação Carne Fraca”, frisou.
Cadeia produtiva
O secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SEAPA), Pedro Leitão, defendeu a importância do setor para a economia mineira. Segundo ele, o agronegócio exporta cerca US$ 800 milhões por ano e emprega aproximadamente 250 mil pessoas. “O segmento abrange 45% do saldo da balança comercial do Estado e só a cadeia produtiva da carne movimenta quase R$ 20 bilhões anualmente. Defendo a integração do sistema de fiscalização e fomento em todo o País”, alegou o secretário.
É com essa cadeia produtiva que o deputado Antonio Carlos está preocupado. “A divulgação equivocada da Operação Carne Fraca já impactou no setor todo. Os números já mostram uma queda de 7% nas importações de carne. Os preços da soja e do milho também apresentaram queda. Isso vai resultar em desemprego. Temos que garantir a fiscalização para que o consumidor esteja seguro da qualidade do produto que está consumindo, mas garantir também a sobrevivência da cadeia produtiva da carne. É preciso realizar uma fiscalização educativa e não somente punitiva. Sou contra as multas absurdas que vão fazer produtores e comerciantes fecharem as portas”, concluiu Arantes.
FONTE: ASCOM