Publicado em 17/03/2016 - politica - Da Redação
Requerimento da Comissão de Desenvolvimento Econômico busca solucionar conflito e garantir funcionamento da empresa
A Comissão de Desenvolvimento Econômico da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) vai solicitar ao governador Fernando Pimentel que interceda junto aos grupos controladores da Usiminas para solucionar o conflito societário e garantir as operações e os empregos na empresa. Requerimento nesse sentido, de autoria do deputado Antônio Carlos Arantes (PSDB), foi aprovado na terça-feira (15/3/16), em audiência da comissão que discutiu a situação da Usiminas e seu reflexo na economia mineira.
"Já fui prefeito. Às vezes temos que ser juiz, mediador. O problema não é de Ipatinga, mas de todo o Estado e do Brasil", justificou Arantes, que preside a comissão. O requerimento apresentado pelo parlamentar se justifica porque, entre as razões para a crise na empresa, apresentadas na audiência, está a disputa pela sua presidência, travada por seus grupos controladores, o ítalo-argentino Ternium/Techint e o japonês Nippon Steel. Mas, além disso, há dívidas, sucessivos prejuízos e falta de caixa na siderúrgica de Ipatinga, no Vale do Aço, que já foi uma das maiores pagadoras de impostos do Estado.
De acordo com o presidente da Comissão, o Estado tem dois papéis fundamentais no processo de readequação financeira da siderúrgica. Um deles, mais imediato, diz respeito à mediação dos conflitos existentes entre os sócios controladores da empresa. O outro, mais abrangente, trata da cobrança de criação de barreiras por parte do governo federal para restringir a entrada dos chineses no mercado siderúrgico nacional.
"O governo federal não tem protegido o mercado e não estamos falando apenas do aço. O setor de fertilizantes está passando pelo mesmo processo, assim como o de tecelagens e medicamentos. O Brasil possui grande potencial econômico nesses setores e deixa aberto a concorrentes internacionais. Perdemos competitividade diante dos nossos altos juros e custos de produção e ainda facilitamos a entrada de produtores estrangeiros", avaliou Antônio Carlos.
Além de Arantes, os deputados Celinho do Sinttrocel (PCdoB) e João Leite (PSDB) solicitaram a audiência. A empresa teve prejuízo de R$ 1,6 bilhão no 4º trimestre de 2015 e, diante das ameaças de recuperação judicial, a Nippon cogita aportar R$ 1 bilhão na empresa. Arantes tem esperança em um acordo, embora admita que a situação é preocupante. Foram R$ 3,6 bilhões de prejuízo no ano passado, o maior da história. Após o desentendimento dos sócios, a dívida, que era de R$ 6,7 bi em setembro de 2014, passou para R$ 8,1 bi em dezembro de 2015. O valor da ação caiu de R$ 14,14 para R$ 0,86.
Convidados criticam condução da política econômica
Convidados da audiência culparam a política econômica dos governos Lula e Dilma Rousseff. "Em 2010, a empresa respondia por 10 milhões de toneladas de aço. Então fez um investimento de R$ 14 bilhões de reais, acreditando na política do Brasil. Com cinco anos, se viu destruída", afirmou o ex-deputado e vice-presidente da Força Sindical de Minas Gerais, Luiz Carlos Miranda, salientando que o País consumiu, em média, os mesmos 10 milhões toneladas de aço/ano nos últimos seis anos. O sindicalista conta que procurou o então presidente Lula para se queixar da invasão da China no mercado de aço no Brasil, e que "muito pouco foi feito". O aço asiático, segundo ele, é 30% mais barato.
Luiz Carlos criticou também o governador Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio exterior no governo Dilma. "Ele não fez nada contra os chineses. Como um governo deixa alguém vir e causar um caos social no País, sem fazer nada?", questionou. "O alinhamento ideológico do Brasil com outros paísessocialistas fez com que chegássemos a essa situação", reforçou também Elias Caetano Ferreira, vice-presidente da associação que representa metalúrgicos aposentados e pensionistas, vários deles presentes à audiência.
O vereador Jadson Heleno Moura, de Ipatinga, salientou o aumento da carga tributária promovido pelo governo também piora a situação. "Temos mais de 28 empresas fechadas só na principal rua de Ipatinga", alertou. "A administração do nosso Estado é desastrosa. Aumenta impostos, inviabiliza a sobrevivência das indústrias, o que gera demissões e retrocesso econômico. Além disso, o governo não tem tempo para mediar os conflitos entre os sócios da Usiminas", afirmou Arantes.
Na fase de debates, participantes da audiência também criticaram o governo federal, lembraram a responsabilidade social e ambiental da Usiminas, desde sua implantação, e a relação afetuosa dos funcionários e aposentados com a empresa. Eles também pediram a ajuda da ALMG para solucionar a crise na organização, que pode atingir outros setores da economia da cidade. Antônio Carlos Arantes se comprometeu a agendar reunião com outros parlamentares para dar prosseguimento às discussões.
Requerimentos
A comissão aprovou outros dois requerimentos na reunião. Do deputado Antônio Carlos Arantes, para realização de audiência pública destinada a discutir o descumprimento de prestação de serviços, do pagamento de fornecedores e das obrigações trabalhistas por parte da empresa Asolar Energy, que presta serviços à Cemig. "A empresa chega no interior, não paga os honorários e ainda recebe da Cemig. A Asolar deu um calote violento na região de Paracatu e de Unaí", afirma o parlamentar.
Já o deputado Carlos Pimenta teve aprovado requerimento de audiência pública em Nanuque (Mucuri) para debater os problemas no desenvolvimento econômico regional, que estão desestimulando o setor agropecuário, bem como questões relativas à saúde, à educação, à segurança e ao transporte, em especial o estado de conservação da BR-418. "As empresas sucroalcooleiras estão fechando; frigoríficos não aguentam mais os impostos. E a BR-418, a Estrada do Boi, está o caos no trecho entre Teófilo Otoni e Nanuque", justificou o deputado.
Assessoria de Comunicação Deputado Estadual Antônio Carlos Arantes