Entrevista com Carlos Mosconi

Publicado em 03/01/2015 - politica - Da Redação

O médico Dr. Carlos Eduardo Venturelli Mosconi é um dos políticos mais vitoriosos do Sul de Minas Gerais, com uma vasta folha de serviços prestados pela região e até mesmo pelo Brasil. Exercendo seu segundo mandato consecutivo como deputado estadual pelo PSDB, a liderança não conseguiu a eleição para deputado federal no último pleito. Atendendo nossa reportagem nesta semana, Mosconi fez um balanço do seu trabalho, principalmente na área de saúde, revelando também o que pretende para o futuro.

BIOGRAFIA VITORIOSA -
Carlos Mosconi foi deputado federal por quatro mandatos (1983-1987, 1987-1991, 1995-1999 e 1999-2003). É médico formado pela UnB, especialista em Urologia, com residência no Hospital das Clínicas da USP. Em 1985, foi secretário de Saúde do Distrito Federal. Em 1986, foi relator da Saúde na Constituinte Federal. Foi secretário nacional de Assistência à Saúde (1992-1994), presidente do extinto Inamps (1992-1993), secretário de Assuntos Municipais de Minas Gerais (1997-1998), vice-presidente da Comissão de Saúde do Parlamento Latino-Americano (1995-2002), presidente da Fhemig (2003) e assessor especial do governador Aécio Neves (2004). Foi presidente do PSDB/MG em dois períodos: 1988-1991 e 1998-2000. É autor da Emenda 29 (à Constituição da República), que destinou à saúde um percentual mínimo de recursos orçamentários. A principal região de atuação política é o Sul de Minas, com base política em Poços de Caldas. Na atual legislatura como deputado estadual, foi presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

TRANQUILO QUANTO AO FUTURO - Mosconi considerou 2014 um ano de muito trabalho e efervescência política com as eleições gerais no Brasil. Depois de seis mandatos eletivos, não conseguiu sua eleição para deputado federal. Mesmo assim, se declara satisfeito com a votação recebida, reconhecendo as situações naturais do jogo político. Acredita que o bom relacionamento com as cidades, especialmente com Muzambinho, irá continuar de forma natural. No momento, a sua prioridade pessoal será estar mais próximo da família. Até porque a atividade política é bastante exigente, sendo necessária dedicação total às bases políticas. Porém, não se sente aposentado da vida política. “Não sei o que o futuro me reserva, mas não tenho dúvidas de que vou fazer alguma coisa”, garantiu. Está relutante em retornar à medicina, pois esta atividade exige atualização.

SEM MÁGOAS -
O deputado demonstra que recebeu o resultado das eleições, não sendo eleito deputado federal, com bastante naturalidade. Garante que analisa o fato com bastante frieza, não guardando mágoas. Até porque recebeu uma boa votação na região. Entende que seria possível ampliar a votação fora da região, mas sendo esta uma alternativa complexa, que exige maior dedicação, tempo e recursos financeiros. “Não faltou o vota da região, que foi bom, mas ter expandido um pouco mais fora da região”, analisou.

LEGADO NA SAÚDE - Com uma histórica e vitoriosa atuação na área de saúde, Mosconi revelou uma expectativa positiva no futuro para este setor. Até porque no ano passado, como presidente da Comissão de Saúde da Assembleia, liderou o movimento ASSINE+SAÚDE. Foi possível encaminhar a Brasília/DF 800 mil assinaturas de Minas Gerais. Segundo informações, hoje o documento conta com 7 milhões de assinaturas. A campanha se refere a um projeto de Lei de iniciativa popular que propõe a prática da Emenda 29 nos seus termos integrais. Ou seja, fazendo com que a União participe destinando 10% do seu orçamento para a área de saúde. O deputado ressalta que, com o orçamento atual destinado ao setor, é absolutamente impossível melhorar a saúde da população brasileira. No modelo, os estados já contribuem com 12% e os municípios com 15%, sendo que a União passaria a contribuir com 10%. Se a lei for aprovada, sendo que existe expectativa positiva quanto a isto, será possível caminhar para uma melhor situação da saúde no país.
Relatando os problemas atuais existentes, Mosconi citou como exemplo a Santa Casa de São Paulo que ameaça fechar suas portas devido a um déficit financeiro de R$ 700 milhões. A Santa Casa de Belo Horizonte deve R$ 300 milhões. Além disso, todos os hospitais filantrópicos do Brasil enfrentam o mesmo tipo de problema. “São inúmeros hospitais à beira da falência”, revelou. O médico e deputado explicou que a tabela do SUS não remunera com justiça os serviços prestados e o financiamento está muito aquém da realidade. Com isso, todos os hospitais são deficitários. “O panorama que domina a situação não é a má gestão, mas o mal financiamento”, ressaltou.

CRÍTICAS AO PRÓPRIO PSDB - Bastante direto, Mosconi declarou que o partido não teve a melhor conduta em Minas no último período. Observa que o PSDB deixou de crescer e investiu em alianças políticas. “Descuidamos do PSDB e temos que fortalecer o partido”, confessou. Acrescentou que Aécio Neves não teve o reconhecimento merecido dentro do próprio estado justamente pela fraca expressão do partido. Também criticou a saída de Diniz Pinheiro (presidente da ALMG) para compor a chapa que concorreu ao governo. Hoje, o próprio governador Alberto Pinto Coelho é do PP e não do PSDB. Para ele, este é o momento de fazer o próprio partido crescer, como acontece no estado de São Paulo. Fora da política, Mosconi avisou que estará trabalhando pelo fortalecimento do partido de Minas.