Publicado em 24/12/2014 - politica - Da Redação
De 2010 a 2013, o governo de Minas Gerais aumentou em 10% suas despesas com publicidade, atingindo R$ 61,2 milhões no ano passado contra R$ 55,3 milhões em 2010. Nos quatro anos, o investimento totaliza R$ 228,6 milhões. O dado foi disponibilizado na terça-feira (23) no site da Secretaria de Estado de Governo (Segov/MG), que conta agora com um espaço com informações sobre investimentos na área de comunicação desde 2003.
Do montante total desembolsado pelo Executivo estadual, as redes de televisão foram as que mais receberam recursos na soma de 2010 a 2013, com 56,4% da verba destinada à publicidade. Os jornais receberam, no período, R$ 50,6 milhões, equivalentes a 21,8%. As rádios abocanharam 14,9%, ou R$ 34,2 milhões.
O Presidente do Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão de MG (Sert-MG), Francisco Sales Bessa, recebeu a notícia da nova ferramenta de acompanhamento de despesas com comunicação de forma positiva. Mas, para ele, o investimento do governo estadual poderia ser maior.
“Como jornalista e como cidadão, queremos que tudo seja transparente por parte do governo. Vejo isso positivamente, o governo prestando contas dos seus atos. Mas, proporcionalmente ao que arrecada, o Governo de Minas investe pouco em publicidade”, afirmou.
Transparência
A gerente de mídia da RC Comunicação, Daniela Araújo, também aprovou a nova publicação do governo. “É uma excelente iniciativa. Ter transparência, em qualquer setor é muito bom. E é importante inclusive para que não pairem dúvidas sobre o nosso seguimento”, disse.
O governo informou também que adota critérios para a programação de mídia como forma de assegurar a transparência das decisões, o acesso dos diversos veículos de comunicação aos investimentos realizados, de acordo com seus indicadores de audiência, circulação e qualificação de públicos. São utilizados os índices de audiência medidos pelo Ibope e pelo Instituto Verificador de Circulação (IVC), bem como as pesquisas de hábito de consumo e hábitos de mídia desenvolvidas pelo IPSOS/MARPLAN.
A organização das informações sobre as publicidade segue as diretrizes da Lei Federal 12.232/10, que regulamenta a atividade publicitária e estabelece que as informações devem ser classificadas por tipo de mídia, informando os valores globais investidos nas mídias jornal, TV, rádio, internet etc. Já a disponibilização dessas informações, realizada agora pelo governo e retroativa a 2003, não é uma exigência legal.

Investimentos tendem a crescer nos próximos anos
O Sindicato das Agências de Propaganda do Estado de Minas Gerais (Sinapro-MG) destaca o baixo comprometimento do orçamento do Estado com despesas de publicidade e defende o aumento gradual deste tipo de desembolso nos próximos anos.
Em conjunto com a Federação Nacional das Agências de Propaganda (Fenapro), a entidade diz que realiza um trabalho para reposicionamento e fortalecimento do mercado mineiro da propaganda. “Acredito no crescimento gradual dos gastos com publicidade nos próximos anos em nosso Estado”, disse o presidente do Sinapro-MG, Adolpho Resende Netto.
Segundo levantamento realizado pelas duas entidades comparando os valores executados dos orçamentos dos governos estaduais e os investimentos em comunicação, Minas Gerais se encontra na penúltima posição, comprometendo-se apenas 0,21% do que arrecada, enquanto Santa Catarina lidera com investimento de 0,88%, seguido pelo Distrito Federal, com 0,81% do orçamento destinado à publicidade.
Quando a comparação é o cruzamento do Produto Interno Bruto (PIB) com os investimentos publicitários, Mato Grosso do Sul com 0,13% e Maranhão com 0,12% são os estados líderes. Minas Gerais aparece somente com 0,03% de investimento proporcional ao PIB.
Segundo o Vice- Presidente Regional Sudeste da Fenapro, Juliano Sales, o levantamento chama a atenção pelo quanto Minas Gerais ainda pode crescer em investimentos publicitários.
Reflexo político
O PSDB publicou nota sobre a iniciativa de dar transparência aos gastos com publicidade. “A transparência comprova mais uma calúnia inventada contra o senador Aécio Neves por lideranças do PT, no caso, a de que o Governo do Estado teria beneficiado os quatro veículos de comunicação nos investimentos publicitários realizados pelo Estado – uma emissora de rádio da Capital e duas emissoras de rádio e um semanário do interior, pertencentes à sua família muitos anos antes de ele se eleger governador. Apesar da correção de todos os procedimentos, para evitar a exploração política da falsa acusação feita pelo PT em 2011, esses veículos pediram a sua retirada do cadastro da Sub-Secretaria de Comunicação do Governo de Minas, e, desde então, os mesmos não receberam nenhum investimento publicitário do governo”.
Em resposta, o PT enviou comunicado à imprensa e disse que o PSDB “despreza a inteligência dos mineiros” com a publicação “no apagar das luzes” após 12 anos de governo de informações que foram solicitadas e reiteradas vezes teve sua divulgação negada pelo governo. “Qualquer iniciativa em favor de mais transparência na gestão dos recursos públicos deve ser saudada, mesmo que a decisão tenha sido tomada a dez dias do final do atual governo”.
Fonte: Aline Louise e Bruno Porto - Hoje em Dia