“Antes eu não tinha tranquilidade de trabalhar, porque minha cabeça ficava no
financeiro. Este ano estou me sentindo mais tranquila. Chego para verificar o
saldo bancário e o dinheiro está caindo todo mês. Isso dá segurança para o
diretor. Sinto que agora nosso trabalho está sendo valorizado e respeitado”,
afirma a diretora.
Segundo dados da Secretaria de Estado de Educação, em 2017 e 2018, o governo
não cumpriu o compromisso de repasse da verba para alimentação, manutenção e
custeio às escolas estaduais. Em 2017, o total empenhado para alimentação foi
de R$153,9 milhões e, em 2018, não houve empenho para esse item. Nesses dois
anos, apenas 58% do montante foram efetivamente pagos – R$ 89,8 milhões.
No caso do dinheiro para manutenção e custeio das escolas, o governo anterior
empenhou R$ 145 milhões em 2017 e nada em 2018. E o que chegou às escolas foi
menos da metade do que deveria ter sido enviado – R$ 51,2 milhões. “Sou
supervisora pedagógica efetiva e decidi me candidatar ao cargo de diretora, em
2016, porque queria fazer algo a mais pela escola. Quando assumi, peguei a
caixa escolar praticamente sem recursos e não havia regularidade nos repasses.
Foi um desafio muito grande gerenciar a escola sem dinheiro esse tempo todo”,
conta Julia Lima.
Gastos básicos
Esses recursos são repassados pela Secretaria de Estado de Educação (SEE) via
caixa escolar. O montante é usado na compra de itens básicos necessários para o
funcionamento das escolas, como materiais de escritório (papéis, tintas de
impressora, canetas etc), produtos de limpeza e higiene, gás de cozinha e
pequenos reparos (troca de lâmpadas, pintura, por exemplo), dentre outros
insumos. O cálculo do valor a ser destinado para cada escola é feito pelo
número de alunos atendidos.
A presidente da Associação dos Diretores das Escolas Oficiais de Minas Gerais
(Adeomg), Ana Maria Belo de Abreu, destaca a importância dos repasses em dia
para o trabalho dos diretores. “Os últimos dois anos foram muito difíceis
e incertos. As verbas foram escassas. O retorno que temos dos nossos diretores
é que agora as escolas estão mais tranquilas para funcionar”.
A mesma tranquilidade que Julia sente este ano para desenvolver seu trabalho se
faz presente na rotina da diretora Elisa Carvalho de Souza Silva, da Escola
Estadual Sérgio de Freitas Pacheco, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. A
gestora está à frente da escola há 15 anos e aponta os dois últimos entre os
mais difíceis em sua trajetória.
“Desde que assumi a direção, aprendi a trabalhar deixando sempre um saldo para
emergências e a partir daí fui controlando tudo. Nesses dois últimos anos, deixamos
de realizar vários projetos, diminuímos no xerox e até na questão da limpeza
teve um controle. Administrava com o que tinha. Este ano a coisa mudou. No
início estava desesperada, porque não tinha nada em caixa, mas em fevereiro
veio um termo de compromisso e a verba começou a chegar. Já estamos planejando
ações e estou podendo respirar”, conclui.
A escola que Elisa dirige tem 956 alunos do ensino fundamental e do ensino
médio.
SEGOV