Polícia Civil “caça” acusados de furtos em Muzambinho

O início do mês de junho, apenas entre os dias 06 e 10, foi marcado pela sequência de roubos a estabelecimentos comerciais em Muzambinho. O fato causou surpresa e preocupação a comerciantes e comunidade em geral. Diante isso, a reportagem buscou informações junto ao delegado Dr. Adnan Cassiano Grava. A autoridade relatou o trabalho investigativo, alertou sobre o crime de receptação e revelou resultados positivos em mega operação nas proximidades de um bar.
Dr. Adnan declarou que a onda de furtos em Muzambinho comprova a criminalidade galopante que assola a região e todo o Brasil. Citou, como outro exemplo, o momento vivido em Guaxupé com a ocorrência de vários assaltos e homicídios. Por outro lado, revelou que os delegados Dr. Alexandre e Dr. Gabriel já identificaram e efetuaram algumas prisões na cidade vizinha.

IDENTIFICADOS - Já em Muzambinho a onda furtos a residências e estabelecimentos comerciais ocorre, sobretudo, nas madrugadas. A Polícia Civil já identificou três autores, sendo moradores da própria cidade. Um deles, inclusive, já tem decretada sua prisão preventiva. Investigações comprovam que o acusado Alexandre Antônio Canaverde, vulgo “Magrelo”, foragido, praticou aproximadamente 07 furtos na cidade. A Polícia Civil está promovendo uma verdadeira caçada contra o acusado, com informações de que o mesmo está escondido em Guaxupé. Filmagens comprovam a ação de Magrego nos estabelecimentos Casa das Frutas e Salto & Cia. “Sempre da mesma maneira, basta a conveniência e oportunidade para ele atacar”, comentou o delegado que pede a cooperação da comunidade para viabilizar a prisão do acusado Magrelo.
O delegado acrescentou que Magrelo estava preso em Muzambinho, sendo que há quatro meses ganhou a liberdade. Porém, continua na criminalidade, sendo viciado em crack. O acusado age sozinho e não demonstra a disposição de confronto, mas a polícia não recomenda uma possível reação das vítimas num eventual assalto. Ele ataca sempre de forma covarde e sorrateira, procurando evitar o confronto.

MAIS DOIS ACUSADOS - Também já foram identificados mais dois autores, não sendo possível a divulgação de seus nomes porque ainda não tem suas prisões decretadas. Para tanto, a Polícia Civil trabalha na somatória de provas. Os dois autores praticam o roubo de uma forma mais incisiva e violenta, abordando as pessoas, sobretudo, adolescentes no celular ou mulheres idosas com bolsas. Muitas vezes os acusados usam uma motocicleta e estão armados com faca, agindo de forma sorrateira e repentina. Eles também são oriundos de Muzambinho e residem em Guaxupé.

POLÍCIA EM ALERTA - Dr. Adnan confirma que o país vive um momento de aumento na criminalidade, sendo uma situação bastante preocupante. Para ele, os políticos devem tomar alguma providência, inclusive defendendo mudanças na legislação. “Sou favorável à redução da maioridade penal”, revelou o delegado. Até porque, com larga experiência na área de segurança pública, confirma a audácia cada vez maior dos jovens criminosos.
A título de exemplo, o delegado relatou que durante plantão na Delegacia Regional de Guaxupé atuou na prisão de um adolescente (16 anos) de Nova Resende. Pela quinta vez, o menor foi surpreendido com droga pela Polícia Militar. Em outra ocasião, o mesmo foi surpreendido com mais de 400 buchas de maconha. Sem nenhum constrangimento, o menor confirma ser traficante, sendo usado pelos seus verdadeiros “patrões” porque não será preso. “A lei não nos permite alcança-lo. A afronta deste garoto realmente nos assusta”, confessou o delegado.
Também a título de exemplo, há cerca de três meses, a Polícia Civil prendeu exatamente 12 pessoas através de 3 operações, inclusive num bar da cidade de Muzambinho. Isto devido às constantes reclamações nas imediações apontando prostituição, consumo de drogas e outros problemas. E ainda foram cumpridos 08 mandados de busca e apreensão. Portanto, as Polícias Civil e Militar estão trabalhando, apesar de um déficit contingencial. “Não estamos alheios a esta realidade que esta assustando Muzambinho, notadamente pelos furtos”, garantiu.

CRIME DE RECEPTAÇÃO - Sabidamente, muitos furtos são praticados por usuários de drogas com a finalidade de conseguir dinheiro suficiente para a compra de drogas e saciar o vício. Um produto que vale R$ 1 mil, acaba valendo apenas 30 reais nas mãos do usuário. Há pouco tempo, um veículo Siena 0 km roubado em Nova Resende foi trocado por 05 pedras de crack em Guaxupé.
O delegado forneceu uma informação importante: “Em Muzambinho, temos os receptadores mapeados”. Prova disso, que na investigação de furtos ocorridos, os policiais buscam imediatamente os receptadores. No caso específico dos furtos praticados pelo acusado Magrelo, a polícia já identificou que os objetos não estão sendo desovados na própria cidade, mas possivelmente em Guaxupé.
Dr. Adnan explicou que uma pessoa que adquire um produto sabidamente roubado será presa pelo crime de receptação. A sua atitude é considerada reprovável na mesma proporção do autor do furto, pois acaba fomentando a cadeia criminosa de uma forma geral.

MEGA OPERAÇÃO NA NOITE - A recente mega ação das Polícias Civil e Militar em bar na cidade de Muzambinho teve grande repercussão junto à comunidade. Comentando a respeito, Dr. Adnan explica que há algum tempo a PC vinha recebendo denúncias anônimas de que “nas imediações” do bar acontecia a prática de prostituição e comércio deliberado de drogas. Por algumas ocasiões, foram montadas “campanas”, culminando na prisão de acusados. A operação no bar apenas foi o desfecho de outras operações e prisões. “Os jovens presos eram frequentadores dali e não foram presos à toa”, falou. Na ocasião, foi constatado o consumo de drogas e bebidas alcoólicas por adolescentes, inclusive com alguns pinos de cocaína jogados ao chão.
Dr. Adnan acrescentou que nas outras quintas-feiras, a Polícia Militar intensificou o patrulhamento no local (imediações do bar). Prova disso, que o trabalho culminou na prisão de outra pessoa acusada de tráfico de drogas. Assim, o delegado entende que foi bastante proveitoso o trabalho desenvolvido por ocasião da mega operação nas proximidades do bar. Mediante novas denúncias, a polícia estará pronta para agir novamente e da mesma maneira.

MUDANÇA NA LEI - O delegado lamenta a fragilidade das leis brasileiras, esclarecendo que a culpa não pode ser atribuída às polícias, Ministério Público ou Poder Judiciário. Para se ter uma ideia, somente em caso extremo o acusado de furto permanecerá preso. Por este motivo, o delegado defende mudanças nas leis, inclusive com maior arrocho. “Do jeito que está, a gente enxuga gelo”, falou. Dr. Adnan valorizou a parceria com o Juiz da Comarca de Muzambinho, representante do Ministério Público e membros do Conselho Tutelar. “Temos tentado realizar um trabalho satisfatório para a população”, garante.
Apesar dos problemas vividos, o delegado da Polícia Civil entende que o Sul de Minas ainda é uma região positiva para se viver. Nos municípios da AMOG, são baixos os índices de criminalidade. Isto ocorre, apesar da proximidade e consequente influência dos municípios do Estado de São Paulo.