Publicado em 29/10/2018 - politica - Da Redação
Ao longo da campanha e depois de promulgado o resultado
do segundo turno, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) e seus principais
assessores reiteraram suas prioridades, a partir da posse em 1º janeiro de
2019. Ele afirmou que sustentará seu governo na preservação da Constituição
Federal e dos valores, assim como na unidade da população.
Bolsonaro
disse que se inspira no ex-primeiro ministro britânico Winston Churchill,
referência em estratégia política e militar ao unir o povo do Reino Unido
durante a Segunda Guerra Mundial.
Nas redes
sociais e em entrevistas exclusivas concedidas, o presidente eleito citou
propostas específicas para educação, saúde, segurança pública, comércio
exterior, política externa, cotas, programas sociais e eventuais mudanças no
sistema tributário.
Religioso,
Bolsonaro pediu ao senador Magno Malta (PR-ES) para fazer uma oração, após
confirmada sua vitória nas eleições. Na bênção, Malta ressaltou a importância
da união entre as pessoas de todos os credos, citou evangélicos, católicos,
espíritas e seguidores das demais religiões.
A seguir,
alguns dos temas já mencionados pelo presidente eleito e integrantes de sua
equipe de governo.
Constituição -
Bolsonaro prometeu trabalhar pela pacificação do país. "Vamos pacificar o
Brasil e, sob a Constituição e as leis, construir uma grande nação." Na
transmissão ao vivo, nas redes sociais, ele fez questão de mostrar que estava
com a Constituição Federal nas mãos, assim como com um livro sobre os
pensamentos de Winston Churchill.
Liberdade de escolha – O presidente
eleito disse que defende a liberdade de escolha, “desde que não interfira em
aspectos essenciais da vida do próximo”. Segundo ele, essa liberdade deve
alcançar escolhas afetivas, políticas, econômicas e espirituais. Também afirmou
que uma nação mais fraterna e com menos excluídos é mais forte.
Democracia – Classificado por
setores progressistas como com um discurso de viés autoritário, Bolsonaro negou
essa tendência por meio do general da reserva Augusto Heleno, indicado para o
Ministério da Defesa. O militar disse que a democracia nunca esteve ameaçada.
Segundo ele, acusar o presidente eleito de fascista é “uma campanha sórdida”,
sem fundamento.
Segurança – Foi o ponto forte
da campanha eleitoral. Tanto o presidente eleito quanto integrantes de sua
equipe indicaram a preocupação com o combate à violência de forma mais
ostensiva, o rigor nas prisões e no tratamento dos condenados. Ele é contrário
à progressão de penas e às saídas temporárias de presos em datas especiais, os
chamados saidões.
Vítimas de violência - Em seu
programa de governo, disse que a política de direitos humanos será
redirecionada com prioridade para a defesa das vítimas da violência.
Estatuto do Desarmamento e maioridade
penal –
Bolsonaro defende o direito de as pessoas terem armas para usar em “legítima
defesa”. Também é favorável à redução da maioridade penal para 16 anos ou 17
anos.
Programas sociais - O presidente eleito
pretende instituir uma renda mínima para todas as famílias brasileiras, com
valor acima do benefício pago pelo programa Bolsa Família. Também propõe adotar
o pagamento do décimo terceiro em dezembro para os beneficiários do Bolsa
Família.
Nova Carteira de Trabalho – Segundo Bolsonaro,
será criada a "carteira verde e amarela", voltada ao jovem quando
ingressar no mercado de trabalho. Por essa carteira, o contrato individual de
trabalho teria prevalência sobre a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), mas
sem violar dispositivos trabalhistas previstos na Constituição.
Enxugar o Estado – Nas
entrevistas concedidas, o presidente eleito afirmou que pretende reduzir a
máquina administrativa. No caso dos ministérios, diminuir de 29 para 15 o
número de pastas a partir de fusões de alguns setores. Ainda não há confirmação
sobre essas fusões. “O governo dará um passo atrás, reduzindo sua estrutura e
cortando privilégios, para que a sociedade dê muitos passos à frente."
Política externa - Para
ele, o Ministério das Relações Exteriores precisa estar a serviço de valores e
dos interesses do povo brasileiro, não necessariamente com viés ideológico.
Durante a campanha, fez elogios ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,
que ontem (28) o parabenizou em um telefonema. "O Brasil deixará de estar
apartado das nações desenvolvidas", afirmou Bolsonaro.
Comércio exterior – Segundo o
presidente eleito, é fundamental incentivar o comércio exterior com países que
possam agregar valor econômico e tecnológico ao Brasil, como os Estados Unidos.
No âmbito regional, ele prevê o aprofundamento da integração “com todos os
irmãos latino-americanos que estejam livres de ditadura”.
Mercosul – O bloco
econômico do Cone Sul, que reúne Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e
Venezuela (temporariamente suspensa), deve ser valorizada por Bolsonaro que diz
que não se pode “jogar para o alto” o acordo. Após sua eleição, ele conversou
com os presidentes eleitos da região, que o parabenizaram.
Cotas – O presidente eleito propõe a
adoção de cotas sociais a partir da renda das pessoas e não por outros
critérios. Segundo ele, as políticas afirmativas, da forma como são aplicadas
atualmente no país, levam ao reforço do preconceito.
Cesare Battisti – O ativista
italiano, de 63 anos, foi condenado à prisão perpétua na Itália por homicídio e
vive livre no Brasil. Segundo o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS),
indicado para a Casa Civil no futuro governo, um dos primeiros atos de governo
será sua extradição para o país de origem.
Privatização - Uma das principais
propostas é a privatização ou extinção de estatais. Segundo Bolsonaro, a ideia
é reduzir o pagamento de juros, que custaram R$ 400,8 bilhões em 2017, com a
venda de ativos públicos. Em relação à reforma da Previdência, ele defende a implantação
de um modelo privado de capitalização do setor.
Sistema tributário – No programa de
governo, Bolsonaro menciona unificar impostos e simplificar o sistema de
arrecadação de tributos. Ele disse que pretende reduzir de forma gradativa os
impostos, por meio da eliminação e unificação de tributos, "paralelamente
ao espaço criado por controle de gastos e programas de desburocratização e
privatização".
Imposto de Renda - O assessor
econômico de Bolsonaro, Paulo Guedes, indicado como futuro ministro da Economia,
disse a investidores que a intenção é criar uma alíquota única de 20% no
Imposto de Renda, que passaria a incidir sobre quem ganha acima de cinco
salários mínimos.
Saúde pública – A equipe do
presidente eleito indicou que pretende adotar o chamado Prontuário Eletrônico
Nacional Interligado em postos, ambulatórios e hospitais, para reduzir os
custos ao facilitar o atendimento futuro por outros médicos em diferentes
unidades de saúde, além de permitir a cobrança de maior desempenho dos gestores
locais.
Carreira de Estado – Também há a
proposta de credenciamento universal de médicos e instituição de carreira de
Estado.
Mais Médicos - No plano de
governo, ele cita que todos os profissionais estrangeiros interessados em
ingressar no programa podem migrar para o Brasil, desde que aprovados no Exame
Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de
Educação Superior Estrangeira (Revalida).
Educação básica, ensino infantil ao médio – São apontadas
como áreas de prioridade no plano de governo. Ele defende a educação a
distância para o ensino fundamental como alternativa "para as áreas rurais
onde as grandes distâncias dificultam ou impedem aulas presenciais”.
Ensino superior - Para o ensino
superior, Bolsonaro diz que as universidades precisam gerar avanços técnicos ao
Brasil, por meio de parcerias e pesquisas com a iniciativa privada.
Conteúdo e método – O presidente
eleito propõe que conteúdo e método de ensino “precisam ser mudados. Mais
matemática, ciências e português, sem doutrinação e sexualização precoce”. Ele
pretende resgatar a disciplina Educação Moral e Cívica e Organização Social e
Política Brasileira nas escolas.
Pesquisa e inovação - Para Bolsonaro, o
modelo de pesquisa e inovação no Brasil está “esgotado”. Em vez de os recursos
do setor serem organizados por Brasília, defende o fomento de “hubs”
tecnológicos, nos quais universidades se aliam à iniciativa privada “para
transformar ideias em produtos”.
Mestrado e doutorado - Os programas de
mestrado e doutorado deverão ser feitos “sempre perto das empresas”. Propõe
investimento na exploração de energia renovável solar e eólica no Nordeste e
pesquisa e desenvolvimento em grafeno e nióbio.
Áreas verdes - O presidente
eleito afirmou, em algumas ocasiões, que pode flexibilizar a legislação que
regula a exploração econômica de áreas verdes preservadas, inclusive na
Amazônia, e propõe a revisão da concessão de novos territórios para indígenas e
quilombolas.
Agricultura - Na área de
agricultura, a proposta é atender às demandas de “segurança no campo; solução
para a questão agrária; logística de transporte e armazenamento; uma só porta
para atender às demandas do agro e do setor rural; políticas especificas para
consolidar e abrir novos mercados externos e diversificação”.
Agência Brasil / Hoje em Dia