Publicado em 17/04/2015 - politica - Da Redação
O deputado estadual Antônio Carlos Arantes (PSDB) participou da audiência da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), convocada para discutir a necessidade de securitização rural (plano de alongamento da dívida) em razão do endividamento do setor. Mais de 500 produtores ruais de todo o Estado lotaram o Plenário JK na quarta-feira (15/04) e apresentaram uma situação crítica.
Muitos perderam a lavoura, venderam máquinas e se endividaram. “Se algo não for feito, as próximas safras também correm risco”, alertou Domingos Inácio Salgado, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Cássia.
Gilvan Mendonça Mesquita, presidente do Sindicato Rural de Três Pontas, relatou situações muito difíceis para os produtores da região. Ele entregou ao presidente da comissão um relatório da Emater e da Epamig que constata perdas de até 40% na safra de café, no ano passado.
A situação também tem preocupado o deputado Arantes. “Tão sério quanto a seca tem sido a falta de políticas de proteção e incentivo aos produtores por parte do poder público, que não vê que é o produtor rural é que faz a diferença. Mesmo nesse quadro de crise na economia, o PIB do agronegócio cresceu mais que o PIB do País, ou seja, o campo segura a balança comercial do Brasil”, argumentou.
Como resultado da audiência, uma marcha de produtores rurais irá à Brasília com o objetivo de pressionar o governo em busca de soluções para o endividamento no campo. Em função dos problemas expostos ao longo do debate, outros encaminhamentos foram apresentados, tais como a solicitação de audiências com a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, com o governador Fernando Pimentel e o vice-governador Antônio Andrade, também produtor rural e ex-ministro da Agricultura, e com o secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, João Cruz Reis Filho.
Além de vários convidados, representantes de órgãos governamentais, entidades de classe e do setor financeiro, a reunião foi prestigiada por cerca de 20 parlamentares. Na abertura dos trabalhos, o presidente da comissão, deputado Fabiano Tolentino (PPS), referiu-se às dificuldades do setor, em razão da seca e da crise econômica nacional e internacional, afirmando que, apesar das adversidades, os produtores querem pagar as dívidas e voltar a plantar no ano que vem. “O PIB mineiro é mantido pela pecuária”, disse Tolentino, acrescentando que a reunião é o primeiro passo para alcançar o objetivo de começar por Minas Gerais uma marcha até o Governo Federal em busca de solução para o problema.
Perdas
O deputado Antônio Carlos disse que, com a seca, as perdas da produção de café chegaram a 30%. “A estiagem também teve efeitos maléficos nas pastagens e na produção de leite em algumas regiões, alcançando uma média de 40%. O cenário desfavorável levou ao aumento dos custos de produção, o que se agravou com as medidas fiscais adotadas pelo Governo Federal, elevando os juros e impactando o crédito”, afirmou o parlamentar.
Eles se queixam também do aumento dos impostos e dos custos de produção, além da logística incipiente e inadequada.
A Faemg aponta dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), segundo os quais a estimativa é que sejam produzidas 11,39 milhões de toneladas na safra 2014/2015. O montante é 2,68% menor do que a safra anterior, que também sofreu com a seca. A situação é difícil em todas as regiões.
Segundo ele, a renegociação dará um novo fôlego ao setor e é essencial para que o produtor rural possa investir novamente na produção para gerar renda e ter condições de pagar as dívidas. “No Estado, muitos investiram no plantio de grandes áreas e devido às anomalias climáticas perderam tudo. A seca também afetou a pecuária, que teve os pastos comprometidos e os custos elevados”, argumentou o diretor-secretário da Faemg.
Revisão - Os produtores rurais reivindicam a renegociação dos débitos atuais em termos compatíveis com a realidade. Para isso, a Federação de Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg) pede a revisão dos saldos devedores do crédito rural e o alongamento dos prazos de pagamento e juros subvencionados. Segundo os dados da Faemg, para que os produtores retomem as condições de investimento é necessário que seja realizada revisão do saldo devedor, criação de um cronograma de amortização compatível com a renda do produtor e criação de taxa de juro especial, para aliviar os custos financeiros do segmento produtivo rural.“Contamos com o apoio dos deputados para intervirem junto ao governo do Estado cujo apoio será fundamental para se buscar a renegociação junto à esfera federal”, afirmou Alvim, diretor-secretário da Faemg, Rodrigo Alvim.“Depois de dois anos de seca, mesmo com as chuvas que caíram em março deste ano, boa parte das safras já estava perdida. Os produtores rurais vão precisar de todo apoio para continuarem a produzir de forma digna. Faremos o que estiver ao nosso alcance para apoiar o setor”, concluiu Arantes.
FONTE: ASCOM