Confecções de Juruaia são chefiadas por mulheres

Publicado em 07/04/2019 - regiao - Da Redação

Confecções de Juruaia são chefiadas por mulheres

O empreendedorismo das mulheres de Juruaia, característica que destaca o município em Minas Gerais e no Brasil, mereceu ampla reportagem da EPTV Sul de Minas nas últimas semanas. Confira uma síntese da reportagem que valorizou a coragem e competência das mulheres da cidade.

Juruaia tem pouco mais de 10 mil habitantes e 300 empresas de confecção, 95% delas chefiadas por mulheres. Antes, era a cafeicultura a única opção de trabalho para muitos moradores do município. Hoje, a empresária Tânia Mara Rezende lembra dessa época. Aos 12 anos, ela saiu do sítio da família e foi para a cidade trabalhar com as tias. Aprendeu a costurar, fez curso de modelagem e designer, comprou uma pequena loja. Há treze anos, abriu a própria confecção de moda íntima. A mulher de sucesso teve que enfrentar alguns desafios para conseguir vencer no mercado de trabalho. E nem todos dentro da empresa. Foi obrigado a conciliar a maternidade, casamento e gestão do negócio.

Administrar duas vidas não é exclusividade de Tânia. Quase todas as empresárias de Juruaia tem a mesma rotina. Ana Cláudia, de 26 anos, trabalha desde os 15. Começou para sustentar o filho que teve ainda na adolescência. Hoje, casada e com mais uma criança em casa, a atividade é a principal fonte de sustento da família.

Dados do Ministério do Trabalho apontam que a participação das mulheres na renda familiar tem crescido. Em 1995, 23% das casas eram sustentadas por elas. Já em 2015, este número subiu para 40%. Em Juruaia, principal polo de moda íntima do país, histórias assim se multiplicam.

Cada vez mais a palavra emancipação está fazendo parte do vocabulário feminino. Seja nas decisões dentro de casa ou na vida financeira da família, a voz das mulheres está sendo cada vez mais ouvida. E este fato tem refletido no mercado de trabalho. De 2014 a 2018, 4 milhões de mulheres começaram a trabalhar. Este número é 7% maior do que a quantidade de homens que tiveram a primeira chance no mercado de trabalho. 

Os dados são do IBGE e englobam profissionais como a Maiara, de 26 anos. Há um ano, ela trabalha na maior confecção da cidade, primeiro como costureira já pensando num futuro empreendedor. 

Juruaia é responsável por 15% da produção nacional de lingerie. E foram justamente as características femininas que fizeram a cidade despontar. Uma das pioneiras na cidade foi a empresária Rosana Marques. Começou no quintal de casa e hoje a fábrica que ela gerencia produz em média 70 mil peças por ano. Se ela deu início à fama de Juruaia, foi a força da união que manteve a cidade no topo. Hoje, muitas de suas funcionárias se tornaram empresárias de sucesso. Ela reconhece a concorrências, mas destaca que os novos empreendimentos agregam e se tornam uma “concorrência colaborativa”.

A expressividade das mulheres de Juruaia é tão grande que em outubro do ano passado Rosana representou as mulheres empreendedoras de todo o país em uma premiação em Genebra, na Suíça. Foi a única brasileira no evento. Ganhou pelo potencial de exportação da empresa. Uma trajetória que ela se orgulha por ter criado e inspirado.

As mulheres representam pouco mais da metade da população brasileira. Muitas vezes ainda são chamadas de sexo frágil e sensíveis. São julgadas e criticadas por algumas escolhas. Mas os exemplos de quem vence as adversidades com determinação, coragem e força de vontade se multiplicam para trazer à tona a verdadeira magia de ser mulher.