Morre diretor do Jornal Correio Sudoeste de Guaxupé

Publicado em 13/05/2010 e atualizado em 14/05/2010 - regiao - Carlos Alberto/ojogoserio@yahoo.com.br

 

Amigos do jornalista e diretor do Correio Sudoeste, Eloadir de Almeida Vieira, prestaram as últimas homenagens a ele na tarde da última terça-feira, 11 de maio. Vítima de enfarte, Léo, como era conhecido, faleceu aos 67 anos, após cinco dias de internamento no Hospital de Guaxupé. Numa tarde nublada, o funeral contou com um expressivo número de pessoas, de Guaxupé e região. Entre as mais emocionadas declarações, indivíduos de distintas classes sociais falaram sobre a invejável história do pai de cinco filhos, que com humildade e garra liderou uma das mais populares empresas da cidade, durante mais de três décadas. O empresário do setor gráfico, Carlos Alberto Palos, popularmente conhecido como Carlinhos Português, foi um dos primeiros a chegar no velório. “Eu tinha o Eloadir como um pai, pois perdi o meu protetor biológico aos 53 anos e o Léo veio a faltar com 67. Eu sempre o verei como exemplo de ser humano, de pai, de chefe de família, de uma pessoa religiosa e um amigo. Todas as vezes em que precisávamos dele, sempre esteve pronto a nos ajudar.

A gente percebe, infelizmente, que as pessoas boas têm um tempo curto na sociedade. Para minha família, o Eloadir sempre foi muito carinhoso, prestativo e atencioso”, disse Carlinhos, entre lágrimas.A jornalista Sheila Saad, também presente ao velório, narrou: “eu conhecei o Eloadir antes de iniciar-me como colunista do Correio Sudoeste, pois nós dois temos um amor muito grande por animais e, então, nos encontrávamos muito na Minas Vet. Mas, ele foi meu primeiro entrevistado da coluna “Minha História”, a qual tenho até hoje no jornal dele. Então, o Léo contou suas peripécias no Mato Grosso e deu para perceber que foi um homem batalhador, ousado, empreendedor e uma pessoa humilde”, enumerou Sheila.

 

Marcelino José Dias Martins, da Distribuidora e Banca Martins, também lamentou muito a partida do amigo. “Eu o conheço a mais de vinte anos, quando comecei a vender o Correio Sudoeste em minha banca. Sempre admirei-o pela garra e o bom humor, além da maneira mágica com que conduziu seu empreendimento e a família. Realmente, o Léo era e sempre será uma pessoa pra lá de especial, daquelas que são ímpares no mundo”, descreveu Marcelino.
Vagner Alves, diretor do jornal A Folha Regional, veio de Muzambinho para homenagear Eloadir. “É difícil falar dele num momento como este, mas sempre tive o Eloadir como uma pessoa de caráter espetacular, um homem sério e de uma paz sem igual. Mais do que isto, o que me admirava nele era a crença em Deus, a fé numa vida futura melhor do que a atual. E, este fato me deixa tranquilo, pois tenho a certeza de que ele está bem, pois acreditava muito em Deus”, disse Vagner.
O prefeito Roberto Luciano Vieira esteve pessoalmente no velório para anunciar o luto decretado por três dias no Município. “Eloadir era uma pessoa muito correta, com uma retidão incrível e que só fez amizades dentro da imprensa. É uma pessoa que deixa uma lacuna que dificilmente será preenchida. Então, creio que os jovens da imprensa têm agora uma fonte de inspiração muito grande e não só Guaxupé, como toda a região, perde com sua partida. Decretamos o luto sim, pois é mais do que merecido”, anunciou o prefeito.
O padre Antônio Roberto Ezaú dos Santos proferiu as bênçãos no funeral. Reitor do Centro Universitário da Fundação Educacional Guaxupé, o líder religioso cultivava uma amizade antiga com Léo. “Eloadir foi sempre uma pessoa franca, dono de grande visão e, sobretudo, lutador para ter seu jornal aceito e respeitado por todos. Antes de mais nada, fica um susto por ele ter falecido tão novo. Em segundo lugar, a saudade, pois ele é uma pessoa que marcou bastante a vida da gente. E, por fim, rogamos a Deus que receba a alma dele no céu”, disse o pároco do Rosário.
O professor Milton Ferreira dos Reis foi vizinho de Eloadir durante trinta anos, aproximadamente, tendo sentido muito a perda do amigo. “Nossas filhas foram praticamente criadas juntas e o Léo era mais uma criança, junto delas. Então, sua morte deixará um vazio muito grande em nós. Hoje, de manhã, quando obtive a notícia, logo pensei em você, Carlos Alberto, além do Waldemir, pois são pessoas que trabalharam com ele por muito tempo e sei que o prezam muito”, disse Milton, acompanhado por sua esposa, Cida.
O dentista Kelsen Rodrigues também manifestou seu apreço pelo falecido. “Na minha opinião, as virtudes mais marcantes do Eloadir eram sua humildade, sinceridade, honestidade e a espiritualidade dele. Era uma pessoa que tinha tempo e atenção para a gente quando e onde nos encontrava. Ele sempre estava ali, disponível, com uma palavra amiga. Como paciente, foi uma excelente pessoa e como pessoa era um ótimo cidadão”, disse Kelsen.
Paulina Zampar, diretora do Jornal da Região, relembrou a convivência com o colega de profissão e lamentou sua morte. “Eu conheço o Eloadir desde os tempos em que ele estudava na Academia de Comércio São José, quando já produzia um jornalinho interno naquela escola. Então, me lembro que ele era muito ligado às letras, pois se informava bastante com os professores e tal... depois, ele montou o Correio Sudoeste e passou a viver em função da imprensa, dos interesses da cidade”, recordou Paulina.
O ex-vereador Rodrigo Luis Borges foi uma das pessoas que lamentou a partida de Léo. “Perder o Eloadir é perder uma referência do jornalismo em Guaxupé, pois sem dúvida alguma ele é um dos gigantes da imprensa guaxupeana. Conhecê-lo não é apenas saber sobre sua vida jornalística, mas também enquanto excelente chefe de família. Ele conseguiu transmitir para as gerações futuras, dentro de sua própria casa, sua história de negócios. Assim, os filhos deram prosseguimento àquilo que o pai tão bem criou”, observou Rodrigo.
O ex-prefeito Abrão Calil Filho lembrou dos tempos de infância, quando conviveu com Léo. “Conheci o Eloadir há muitos anos, pois praticamente estudamos juntos. Por isto, sei de suas raízes e posso dizer que ele foi um guerreiro, honesto, simples e de uma fé muito grande. Por si, ele fez o que fez, tendo deixado seu legado aos filhos. Montou em Guaxupé um jornal que elevou o nome do Município à região. Então, é uma grande perda para Guaxupé, pois Eloadir foi um grande homem”, disse Abrão.
O repórter Wilson Nédice, da TV Sul Educativa, ressaltou: “acho que devemos aprender sempre com o Léo sobre a questão da imparcialidade, pois com ele não tinha esse negócio de amigo, de conhecido, para deixar de publicar matérias. Ele levava a reportagem como realmente ela era. Para o guaxupeano e os habitantes da região, ele mostrava ser crítico e, sem dúvida, isto serve como exemplo para nós. Ele mostrava que não adianta esconder as coisas, pois o Eloadir agüentou muita pressão e foi sempre vitorioso”, elogiou Nédice.
A afilhada de Eloadir, Aline Fernandes Pina Gomes da Silva, esposa do diretor do Jornal Jogo Sério, Carlos Alberto, comentou, também muito emocionada: “eu conheci o Léo há pouco tempo, mas cada minuto foi valoroso demais. Foi como se nossa amizade viesse de longa data, pois ele sempre nos foi muito carinhoso. Ensinou o valor da mulher ao lado do esposo, assim como sempre serei-lhe grata pelo amor que tinha para com meu marido, Carlos”, agradeceu Aline.
O protético Leandro Sérgio Leo é amigo da família desde pequeno e também demonstrava sua dor. “Ele foi uma pessoa muito boa, da qual todos os vizinhos gostavam muito. Eu, inclusive, o chamava de ‘vovô Léo, assim como seus netos e todas as crianças lá do bairro. É difícil dizer alguma coisa nesta hora de angústia, mas ele fará muita falta para todos nós. Que Deus, em sua infinita grandeza, esteja junto do Léo, hoje e sempre”, disse o jovem, bastante emocionado.
Ricardo Dias, da Revista Mídia, com sua esposa Juliana, também estiveram no velório. “O primeiro jornal que tive em mãos foi o Correio Sudoeste, o qual eu vendi no Bairro Nossa Senhora das Dores. Eu queria trabalhar naquele jornal e não realizei este sonho, mas ele me serviu de exemplo, pois o Léo sempre transmitiu lições à comunidade. Ele nunca se deixou envolver pelos líderes da cidade, mas sim pelas carências da população. Fazia denúncia, tinha coragem de mostrar o que estava errado e foi transparente a vida toda. Enfim, ele deixou um exemplo para nós, que começamos agora, sobre a necessidade da mais alta credibilidade e idoneidade jornalística. Fica, ainda, a parte espiritual dele, que se abstinha de editoriais para falar sobre o caminho de Deus, que é a Bíblia”, lembrou Ricardo.
O vereador Mauri de Almeida Palos falou sobre o diretor do Correio Sudoeste, no momento em que a sociedade se despedia de Eloadir. “Eu conheci bastante o profissional Eloadir desde a abertura do cinema. Não era um contato permanente, mas nas vezes em que conversamos, deu para perceber que era uma pessoa lúcida, preocupada em mostrar os fatos, em manter seu jornal e colocar aquilo que a comunidade realmente gostava de ver. É uma passagem dolorosa esta, mas ele deixou cumprida a sua missão nesta fase. A gente tem que agradecer demais o trabalho que ele realizou em Guaxupé e aprender com tudo aquilo que ele mostrou”, analisou Mauri.
A diretora da Folha do Povo, Maria Inês Silva de Sá Molin manifestou-se: “a equipe da Folha do Povo lamenta profundamente o falecimento do amigo e parceiro Eloadir. Todos nós temos uma ‘hora sonhada’ na vida. É aquela marcada no relógio do mundo em que nós mesmos temos a resposta para a nossa própria pergunta. Se alguém perguntar: ‘quem foi Eloadir?’, a resposta só poderá ser esta: uma criatura feliz que cumpriu seu dever; que amou os que deveriam ser amados e acreditou que a vida é um bem e que para vivê-la não basta o ‘tempo de viver’!”, filosofou Maria Inês.
O secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento da Prefeitura, Mozart Faria, foi às lágrimas ao falar sobre Eloadir. “Fomos colegas de alojamento no Colégio São Luiz Gonzaga, na década de cinquenta, quando firmamos uma amizade sem igual. Tivemos uma convivência muito boa e depois eu fui para São Paulo. Quando voltei para cá, em 96, retomamos a amizade e hoje estou muito triste, sentindo muito a perda dele... hoje, estou bem mais pobre, sem dúvida nenhuma”, finalizou Mozart, enquanto olhava o caixão ser conduzido por agentes funerários.
O corpo de Léo foi sepultado às 17h daquela terça-feira, no Cemitério Parque Alto da Colina. Durante o cortejo, uma carreata seguiu a família, em tom de respeito e admiração. Pelo caminho, várias pessoas acenavam com a mão, como se despedissem de Eloadir. Já no cemitério, foi rezado um Pai-Nosso, a pedido de amigos do morto, assim como ocorreu uma salva de palmas, solicitada pelo presidente da Câmara Municipal de Guaxupé, Jorge Batista Bento.