Peixe é usado como aliado no combate à dengue em Alfenas

O Lebiste Selvagem se alimenta das larvas do mosquito e foi colocado em grandes depósitos de água, piscinas desativadas, espelhos d"água, fontes e lagos artificiais do município; a técnica, no entanto, não se aplica a residências

Um peixe que se alimenta de larvas é um aliado no combate à dengue em Alfenas, no Sul de Minas Gerais. O Lebiste Selvagem (Pœcilia reticulata), também conhecido por "Barrigudinho" ou "Guppy", tem tempo de vida médio de 1 ano e meio e é encontrado em riachos e lagos do Caribe e América do Sul.

De acordo com o biólogo Volmir Maida, da Prefeitura de Alfenas, o peixe vem atuando no controle biológico do município desde 1996. "O Lebiste, entre os muitos peixes larvófagos existentes, foi o que mais de adaptou a Alfenas. Seu uso, por exemplo, é mais prático e tem menor custo que a aplicação convencional de venenos em córregos, minas d´água. Além do mais, o uso constante do veneno faria com que o mosquito (Aedes aegypti) acabasse ganhando resistência", explicou.

Em Alfenas, o peixe é usado em grandes depósitos de água, piscinas desativadas, espelhos d"água, fontes, lagos artificiais. "Com os Lebistes nosso trabalho é apenas o de monitoramento, e a eficácia, pelo menos enquanto ele está vivo, é de 100%. A gente volta e não encontra larvas. O Lebiste também se alimenta de insetos, e a gente tem o cuidado de colocar machos e fêmeas nesses locais para a reprodução. O ciclo de vida dele é de 1 ano e meio em média", disse Maida.

A técnica, no entanto, não se aplica a residências, locais de maior proliferação dos focos da dengue. Volmir ressalta que o Lebiste não substitui o cuidado que cada morador deve ter para que a água não se acumule em vasos de planta e vasilhames, assim como o fechamento de caixas d´água, de gordura, piscinas etc. "Não tem como  monitorar a casa das pessoas nem usar o peixe em ambientes tão pequenos", alertou o biólogo.

Conforme a Vigilância Epidemiológica de Alfenas, somente este ano, dos 2.900 casos de dengue notificados, 2.341 foram confirmados. O Aedes aegypti também é transmissor da febre chikungunya e do Zika Vírus, que pode causar a microcefalia - má formação do crânio -, com sequelas irreversíveis aos bebês em gestação.

Os interessados em usar o Lebiste Selvagem para a eliminação das larvas deve procurar a Vigilância Ambiental de Alfenas.

Fonte: Gustavo Lameira – JORNAL O TEMPO