Publicado em 17/04/2019 - regiao - Da Redação
Unidade processa tilápia, espécie cultivada na região, e que tem aumento na demanda durante a Semana Santa
Agora na Semana Santa, quando o consumo de peixes
aumenta, em função de uma tradição Católica, a Empresa de Assistência Técnica e
Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) destaca a instalação de um
frigorífico de peixes, no município de Cássia, no Sudoeste mineiro. Batizado de
Unidade de Beneficiamento de Peixes Fresco (UBP), o empreendimento é resultado
de uma parceria entre a empresa, a prefeitura do município e Cooperativa dos
Pescadores e Aquicultores do Médio Rio Grande (Coopamorg). A planta frigorífica
tem capacidade de abate de 4.500 quilos de tilápia por dia. O projeto começou a
ser idealizado há 15 anos e recebeu diversos recursos, entre eles, verbas
estaduais e também de emendas parlamentares.
Ainda
em fase experimental, a unidade reúne 35 piscicultores associados das cidades
de Cássia, Passos, Ibiraci, Claraval e Delfinópolis e é o único frigorífico
regional a ter o Certificado do Serviço de Inspeção Federal, o SIF. O selo
permite a comercialização em outros estados e a exportação para outros países.
“É importante que pescadores e piscicultores saibam que embora a unidade esteja
localizada em Cássia, ela é regional. Isso significa que qualquer produtor,
mesmo não sendo associado à cooperativa, pode ter o seu produto processado”,
esclarece a extensionista da Emater-MG de Cássia, a engenheira agrônoma
Franciele de Carvalho Andrade.
O
gerente regional da Emater-MG de Passos e especialista em peixe, Frederico
Ozanam, chama a atenção para o potencial de geração de renda e trabalho na
região, onde predomina o cultivo de tilápia. “Existem em torno de 125
piscicultores nos 23 municípios da região de Passos. A região é beneficiada com
grande volume de água doce, sendo Furnas 1.240 Km² e Peixoto 250 Km². São
represas importantes para serem trabalhadas como fontes alternativas de renda e
emprego e é isso que acontece. Estamos fomentando a diversificação de
atividades, além da fruticultura”, afirmou.
Merenda
escolar
De
acordo com o especialista, embora a unidade não tenha alcançado o processamento
diário ideal de tilápia, a expectativa é favorável. “Ainda não está sendo
processado 500 quilos diários, devido ao fato da UBP ser recente e ainda faltar
maior participação dos produtores. Acredito que logo vamos conseguir processar
muito mais peixes, até pelo fato de a Vigilância Sanitária exigir inspeção dos
produtos de piscicultores e pescadores”, disse.
Segundo
Ozanam, a tilápia produzida pela UBP já faz parte do cardápio da merenda
escolar de Cássia, mas para que outras prefeituras adotem também o pescado,
será “necessário mostrar aos gestores públicos, os benefícios econômicos,
nutricionais e sociais que este programa poderá trazer para todos”, enfatizou.
Para
a Semana Santa, os produtores de Cássia trabalham com a expectativa de aumento
de 20% no consumo de tilápia. O filé do peixe que, normalmente, sai em torno de
R$ 22 o quilo em outros períodos do ano, durante a Páscoa, chega a ser
comercializado por até R$ 32 o quilo. Mas, segundo o gerente Frederico Ozanam o
mercado precisa ser visto no longo prazo e alerta: “A tilápia é um dos pescados
mais baratos, mas tem bom retorno econômico. É um peixe resistente; adapta bem
ao nosso manejo. Não à toa é um dos peixes mais cultivados não só no Brasil,
mas no mundo. Por isso, orientamos os produtores a não pensar somente neste
período. Temos de ter o mercado organizado durante todo o ano. Lógico que agora
a demanda aumenta”, afirma.
Crescimento
O
Brasil produziu 722.560 toneladas de peixes de cultivo em 2018, com crescimento
de 4,5% sobre as 691.700 toneladas do ano anterior. Os dados são do
levantamento nacional da Associação Brasileira da Piscicultura (PEIXE BR),
entidade de âmbito nacional que reúne empresas de todos os segmentos da cadeia
produtiva, além de entidades de classe regionais.
O
estudo apontou que o País produziu 400.280 toneladas de tilápia em 2018, com
crescimento de 11,9% em relação ao ano anterior (357.639 t). Com esse desempenho,
a espécie representa 55,4% da produção total de peixes de cultivo (era de 51,7%
em 2017). O Brasil mantém a 4ª posição mundial de Tilápia, atrás China,
Indonésia e Egito, à frente de Filipinas e Tailândia, que também têm expressiva
participação no cenário global. A produção no país cresceu bem acima da oferta
de peixes de cultivo como um todo, confirmando que a espécie se adapta
perfeitamente bem a todos os estados.
Já
Minas Gerais produziu 33.150 toneladas de peixes de cultivo em 2018, sendo que
90% desse total são de tilápia. Muitas delas criadas em tanques-rede. Segundo o
Anuário Peixe BR-2019, esse resultado mineiro é 14,3% superior ao volume do ano
anterior, o que confirma a pujança da piscicultura no Estado e a maior
participação na produção da região do Triângulo Mineiro, que também tem várias
formações de lagos de hidrelétricas a exemplo do Sudoeste de Minas. Esse
crescimento levou à maior oferta do peixe no segundo semestre de 2018, com
queda nos preços para o consumidor final.
Como
escolher peixes
O
costume de consumir peixe na Quaresma e Semana Santa é inegável, assim como são
reconhecidos os benefícios nutricionais do alimento. Entretanto, é preciso que
o consumidor fique atento às condições do peixe. A nutricionista do Plantão
Técnico da Emater-MG, Samira Tanure, dá algumas dicas para o consumidor sobre
as características e aparência dos produtos, na hora de comprar.
Pescado
fresco
Os
peixes frescos possuem pele firme, bem aderida, úmida e sem a presença de
manchas; os olhos devem ser brilhantes e salientes; as escamas devem ser unidas
entre si, brilhantes e fortemente aderidas à pele; as brânquias (guelras) devem
possuir cor que vai do rosa ao vermelho intenso, ser brilhantes e sem
viscosidade; odor característico e não repugnante; livre de contaminantes (como
areia, pedaços de metais, plásticos, combustíveis, sabão e moscas).
Pescado
seco
O
“pescado seco” é dessecado de forma apropriada sem adição de sais. O “pescado
salgado seco” é dessecado inteiro e tratado com sal (cloreto de sódio). Ele
deve estar armazenado em local limpo, protegido de poeira e insetos. É
importante a ausência de mofo, ovos, ou larvas de moscas, manchas escuras ou
avermelhadas, limosidade superficial, amolecimento e odor desagradável.
Produtos
congelados
Os
produtos congelados devem ser conservados sempre a temperaturas inferiores a
-18ºC e resfriados abaixo de 0ºC. No caso de produtos resfriados ou congelados,
preste atenção se há poças de água no freezer e a presença de produtos
molhados. Esses fatores podem indicar que o freezer foi desligado ou que teve a
sua temperatura reduzida, o que pode comprometer a qualidade do produto,
causando sua deterioração. Os peixes já fatiados e industrializados só devem
ser adquiridos se estiverem carimbados com o selo do Serviço de Inspeção
Federal (SIF).
Pescado
enlatado
O
pescado em conserva é armazenado em recipientes herméticos, podendo ser vendido
nas seguintes categorias: “Ao natural” – é o pescado armazenado com salmoura
fraca, adicionada ou não de temperos; “Em azeite ou em óleos comestíveis”: é o
pescado armazenado em azeite de oliva ou outro óleo comestível, adicionado ou
não de temperos.
Embalagens
Os
rótulos ou embalagens devem apresentar informações obrigatórias, como
identificação da origem, prazo de validade, instruções para uso, quando
necessário e o Selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF), Serviço de Inspeção
Estadual ou Municipal.
Os
produtores de pescado embalado devem ainda declarar a rotulagem nutricional
obrigatória.
É
importante observar a procedência, higienização dos instrumentos de trabalho do
peixeiro e o local de manipulação dos pescados para garantir a escolha de um
bom pescado.
Nesta
época, o preço do pescado “fica salgado” e uma boa opção é prestigiar os
piscicultores locais, nas feiras livres desde que o mesmo esteja refrigerado no
gelo e ficar atento as características descritas anteriormente. Outra opção é
adquirir o peixe no pesque e pague.
Quando
chegar em casa, guarde os pescados imediatamente no freezer ou geladeira e não consuma
após a data de validade. Na hora do preparo, uma dica importante é não
descongelar os alimentos em temperatura ambiente, e sim na geladeira ou no
micro-ondas, caso esteja com pressa.
Assessoria
de Comunicação – Emater-MG
Jornalista
responsável: Terezinha Leite