Publicado em 31/10/2018 - regiao - Da Redação
O prefeito
Sérgio Azevedo anunciou, durante coletiva à imprensa na terça-feira (30), a
publicação do decreto 12.775/2018, que declara o município em "Situação de
Emergência Financeira". A Prefeitura está com as contas equilibradas mas,
devido à falta de repasses dos impostos pelo Governo do Estado, faz-se
necessário "cortarmos despesas para garantir nossos compromissos de final
de ano, já que temos três folhas de pagamento nos próximos dois meses e
queremos honrar nossos compromissos, principalmente com nossos servidores, que
são nossos parceiros", destacou o prefeito. O decreto tem duração de 60
dias.
A dívida
do Estado com Poços de Caldas chega à casa dos R$ 60 milhões. Destes,
aproximadamente 40 milhões são referentes à Saúde e os outros 20 milhões
referem-se aos repasses de ICMS e de Fundeb, principalmente. "A atual
falta de recursos gera problemas de fluxo de caixa e impede novos
investimentos. Mas a Prefeitura está com suas contas equilibradas, realizando
obras por toda a cidade, mantendo o Hospital da Santa Casa e as demais unidades
de saúde em perfeito funcionamento, assim como escolas e creches",
informou Sérgio Azevedo.
Haverá
corte das horas extras e revisão das despesas solicitadas mas que não estão em
andamento. As horas extras dos serviços essenciais serão permitidas para que a
população não seja prejudicada. Os serviços essenciais incluem UPA, Samu,
hospitais, serviço funerário, limpeza urbana e educação infantil.
Na manhã
desta terça 30, a secretária municipal de Educação Flávia Vivaldi se reuniu com
diretores das escolas municipais e informou a todos a situação da Prefeitura.
"Recorremos à responsabilidade dos gestores, no sentido de rever horas
extras e questões que de fato são prioridade nas suas unidades. Solicitamos
esta revisão e também a utilização responsável de materiais de consumo. Tudo
isso sem ferir o princípio da qualidade do nosso atendimento. Foi um encontro
muito mais de conscientização e pactuação da responsabilidade do que de
alteração do dia a dia das escolas", informou Flávia. Na parte da tarde, a
reunião foi com os coordenadores das creches municipais.
Na
Secretaria de Saúde, os esforços são no sentido de manter a regularidade de
todos os serviços prestados. “Estamos contando com o apoio e a compreensão de
todos os nossos servidores na reorganização dos serviços administrativos que
inevitavelmente terão corte de horas extras. Aproveito para tranquilizar a
população e dizer que nosso trabalho neste momento visa manter todos os
serviços essenciais em funcionamento”, informou o secretário da pasta, Flávio
Togni de Lima e Silva.
Sindicâncias
e despesas com viagens também ficam interrompidas durante o período de dois
meses. Processos licitatórios, se necessários, transcorrem normalmente. O
decreto cria um Comitê de Gestão Financeira, composto pelas secretarias de
Governo, Fazenda, Administração e Procuradoria. “Esse comitê vai promover os
ajustes que sejam necessários”, disse o prefeito.
"Iremos
segurar as despesas agora, para que não haja nenhum prejuízo para a
população", garantiu o prefeito. Segundo a Associação Mineira de
Municípios, 80% das prefeituras já estão no vermelho, sendo que 24% delas estão
com salários dos professores atrasados e 56% não têm previsão sobre pagamento
do abono de Natal e do 13º salário. Pelas regras da CLT, a segunda parcela do
13º tem que ser paga obrigatoriamente até 20 de dezembro. "Este decreto
vem justamente para que Poços de Caldas fique assegurada nestes 20% que irão
honrar suas folhas de pagamento, inclusive com o 13º", destacou.
Sérgio
informou que a decoração de Natal em Poços será realizada totalmente com
recursos do Fundo do Turismo, sem gastos extras para os cofres públicos. O
prefeito ressaltou a importância da decoração natalina, uma vez que Poços é uma
cidade turística e movimenta o comércio e a rede hoteleira, gerando emprego e
renda.
Municípios
A dívida
do governo do Estado para com os municípios mineiros já soma R$ 9,4 bilhões. Os
números levaram a Associação Mineira dos Municípios (AMM) a realizar um mutirão
de ações judiciais para pressionar o Estado a honrar os compromissos antes do
fim do mandato do governador Fernando Pimentel.
Até o
momento, 81 prefeituras ganharam ações na Justiça que garantem parte dos
repasses, de um total de 290 cidades que recorreram ao poder judiciário até a
semana passada — o que representa 34% dos municípios mineiros.
Das causas ganhas, 50 são relativas à dívida do Fundeb, 20 referem-se aos repasses do ICMS e 11 dizem respeito ao repasse do IPVA. Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), o Estado pode recorrer das decisões. O principal medo das prefeituras é fechar o ano sem arcar com os pagamentos de serviços básicos, como educação e saúde e, consequentemente, sofrer sanções do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MG).
ASCOM