Publicado em 23/10/2019 - regiao - Da Redação
Durante
todo o sábado (19), educadores, estudantes, militantes do movimento negro e
convidados participaram do I Seminário “Negro, Cultura e Resistência: os
desafios para a população negra atual”, na Superintendência Regional de Ensino
de Poços de Caldas. O evento é uma realização da Autarquia Municipal de Ensino,
em parceria com a SRE, Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial e
Étnica (COMPIRÉ), Chico Rei Clube e Coletivo Negro de Poços de Caldas.
“Não é
‘mimimi’ o que passa o povo negro nesse país. Temos que recorrer ao passado,
ressaltar a nossa ancestralidade para que o jovem negro conheça a nossa
história e as crianças negras tenham orgulho de nossos heróis”, destacou a
diretora da Autarquia Municipal de Ensino, Nanci de Moraes, durante a abertura
do evento. “Atrás da Nanci tem a mãe da Nanci, uma mulher negra lutadora, tem a
avó da Nanci, que lavava roupa por dúzia, tem a bisavó, a tataravó, toda uma
gama de mulheres fortes, honestas e trabalhadoras. Tenho muito orgulho de ser
essa mulher negra que sou porque atrás dessa mulher tem outras mulheres muito
importantes. E à frente dessa mulher negra que sou outras mulheres virão”,
completou.
Sempre com
Maria Augusta Clementino no atabaque, o seminário antecipou as reflexões que
ocorrem no mês de novembro, quando é celebrado o Dia da Consciência Negra,
partindo do diálogo sobre a vivência negra enquanto cultura, arte e
religiosidade, como forma de resistência em uma sociedade que insiste em
margeá-la. Durante todo o dia, personalidades negras de Poços de Caldas e
convidadas abordaram questões diversas relacionadas à temática central, em
palestras, mesas redondas e oficinas.
O encontro
propõe um Brasil de construção e empoderamento histórico social, cultural e
político da população negra, visando à discussão sobre a ocupação dos espaços
públicos e escolares bem como o enfrentamento dos desafios para a reconstrução
de um conhecimento antirracista. “Não basta não ser racista, é preciso ser
antirracista, condenando as práticas racistas diárias”, afirmou Nanci.
“O
movimento negro é muito forte desde o início do século passado e estamos aqui
para dar continuidade. Enquanto houver racismo precisa haver luta”, ressaltou o
professor Lucas Santos. Já o presidente do Conselho Municipal de Promoção da
Igualdade Racial e Étnica (COMPIRÉ), Valdivino Roberto Pereira, falou sobre o
racismo estrutural da sociedade brasileira e apresentou dados que refletem esse
cenário, especialmente sobre a violência.
A presidente do Chico Rei Clube, Lúcia Vera Lima, resumiu o objetivo do evento “Enquanto lutamos, nós resistimos”, disse. Ela emocionou a todos com a história das bonecas abayomi, seguida de oficina na qual todos os presentes puderam confeccionar a própria boneca. Presente à solenidade de abertura, o vice-prefeito Flávio Faria falou sobre a legitimidade e relevância do evento. Os músicos Fábio Junior Fernandes e Teicianne Miranda de Freitas participaram de roda de conversa sobre a música negra e também fizeram apresentações musicais.
ASCOM