
O Terminal Rodoviário Urbano de Guaxupé não será mais construído na Avenida Conde Ribeiro do Valle, onde atualmente funciona o ponto central de ônibus da cidade. A decisão foi tomada na noite de terça-feira última, durante audiência pública realizada no Caic, proposta pelo prefeito Roberto Luciano Vieira, que atendeu principalmente as reivindicações de pessoas contrárias à edificação das obras no local pré-determinado pela Prefeitura.
A audiência contou com a presença de oitenta pessoas, aproximadamente, sendo que a maior parte integrou o grupo de comerciantes que desaprovam a nova arquitetura nas proximidades de seus estabelecimentos. Entre os motivos, criticaram os cortes de árvores da praça que será desmanchada, o fechamento de um trecho da Avenida e a perda do patrimônio histórico-cultural da referida área. Desta forma, houve uma espécie de debate, onde treze pessoas manifestaram suas opiniões a respeito do melhor local.

Em geral, a grande maioria sugeriu que a construção não deva mesmo ocorrer na Avenida: “não somos contra um novo terminal, pois sabemos que isto é sinônimo de progresso. Mas, nossa preocupação está relacionada aos pontos negativos que esta obra acarretará. Isto, não só a nós, comerciantes daquela área da Avenida, mas para toda nossa população, já que estamos falando como cidadãos”, disse Paulo César de Oliveira Macedo, da Ótica Jussara, em entrevista.
Já Marcos Daniel de Carvalho, assessor parlamentar do deputado estadual Reminho, entendeu que a audiência deveria ser adiada, pois entre todos os presentes não havia nenhum usuário do transporte coletivo urbano local: “não adianta querer tirar a população da Avenida, pois é uma cultura do Município. Já fizemos isto com o carnaval quando o levamos para o Parque Mogiana e o resultado foi péssimo. Gostaria que todos que estão aqui pensassem no povo e não só em fachadas de prédios ou árvores”, desabafou ele, que deixou o local antes do final da votação em virtude do estado de nervosismo.

Por outro lado, a presidente da Associação Comércio e Indústria Guaxupé, Márcia Cristina da Silva, lembrou que a audiência foi feita de maneira transparente: “não é justo dizer que este encontro é inválido, pois a divulgação foi grande nos meios de comunicação e motos-volantes. Então, respeitando os usuários dos transportes urbanos, digo que todos tiveram hoje a chance de lutar por seus direitos e dizer o que pensam. Mas, se não vieram, demonstraram falta de interesse, o que é lamentável”, ressaltou ela.
Após as explanações, os presentes votaram nas opções dadas para a construção, tendo o pátio da antiga Fepasa recebido quarenta votos, o terreno da Rua Dr. Jeremias Zernine, em frente à Fast Foto, ficado com trinta e seis, a Praça 1º de Junho com seis e a Avenida Conde Ribeiro do Valle com dois votos. Entre os locais mencionados também foi citado como hipótese o estacionamento do Parque Mogiana, onde ocorrem festas esporadicamente. Mas, curiosamente, nem mesmo o autor da indicação votou nesta opção.

O resultado agradou à maior parte dos presentes, que elogiou a atitude de Roberto Luciano por ter realizado a audiência: “parabenizo o prefeito por consultar a opinião popular e deixo claro que somos defensores do progresso do Município, como um todo. E, da maneira como foi iniciada esta história, entendemos que houve falta de respeito para quem faz parte da história da cidade, mantendo seu comércio há anos na Avenida. Contudo, esta audiência serviu para mostrar que a democracia é a melhor solução para se chegar a um consenso sobre fatos polêmicos”, ponderou Jarbas Corrêa Filho, da Rede São João Supermercados.
Agora, o prefeito Roberto Luciano se reunirá com a equipe dos departamentos de Obras, Meio Ambiente, Desenvolvimento e outros mais, que têm envolvimento com a construção, para definir de vez a situação. Em sua opinião, a audiência atingiu os objetivos esperados: “ficamos todos muito felizes, pois desde o início dissemos que o povo é nosso patrão e é para ele que trabalhamos, doa a quem doer. Então, se a maioria aqui decidiu que a Avenida não é um bom lugar, vamos estudar os prós e contras das outras opções e dar início às obras quando concluirmos as partes técnicas e científicas”, disse o prefeito.
Troca de farpasA audiência foi realizada em caráter amistoso, mas teve seus pontos calorosos. Isto, principalmente quando assessores do prefeito Roberto Luciano passaram uma lista, supostamente de presença, mas que levava no cabeçalho informações de que quem a assinasse estava concordando com as obras na Avenida. A contestação foi grande e teve inclusive trocas de farpas, sendo que após acalmados os ânimos, a lista foi refeita e realmente assinada como apenas um controle de presença.
Comédia e advertênciaEntre os manifestantes, o guaxupeano Benedito Gonçalves, popularmente conhecido como “Dito da Vã”, levou todos às gargalhadas com a sugestão de que o impasse poderá ser facilmente resolvido com a construção de um metrô. Dito também chamou a atenção para os problemas do trânsito de Guaxupé e criticou a atuação da Polícia Militar, que em sua opinião deveria agir com mais eficiência para controlar o tráfego principalmente na Avenida Conde Ribeiro do Valle, durante os dias úteis.