Publicado em 15/02/2016 - saude - Da Redação
O número de casos confirmados de microcefalia no Brasil aumentou de 404 para 462 nos últimos 10 dias, segundo o novo boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde ontem. Desse total, a presença do vírus zika foi confirmada em 41 crianças. Outros 765 casos suspeitos de microcefalia pelo zika foram descartados após análises mais criteriosas, ou por serem crianças sem a malformação ou casos não relacionados a infecções por vírus ou bactérias. Todos os números se referem ao período de 22 de outubro de 2015 a 6 de fevereiro deste ano, e incluem “outras alterações do sistema nervoso central”, além da microcefalia.
Já foram notificados 91 óbitos de bebês com microcefalia, o que inclui morte pós-parto e aborto espontâneo. Desses, 24 foram investigados e confirmados e oito foram descartados. Outros 59 estão sob análise. Ao todo, nesse período, 5.079 casos suspeitos da malformação foram notificados ao Ministério da Saúde. Pernambuco é o Estado com o maior número de casos confirmados com infecção por zika (33), seguido do Rio Grande do Norte (4) e Paraíba (2).
Mesmo nesses casos, não está excluída a possibilidade de a mãe da criança ter tido outras infecções capazes de causar danos ao sistema nervoso do feto. Ou seja: não são casos em que o zika foi identificado como única causa possível da malformação. Os únicos estados em que ainda não há qualquer suspeita são Amapá e Amazonas. A circulação autóctone do zika vírus está em 22 estados brasileiros.
Vacina - Num esforço global, pelo menos 15 laboratórios no mundo trabalham hoje para o desenvolvimento de uma vacina contra o zika vírus, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), que, no entanto, prevê que ensaios clínicos só ocorram dentro de um ano e meio. “Apesar do cenário encorajador, as vacinas vão demorar pelo menos 18 meses para estarem prontas para um ensaio clínico em larga escala”, disse Marie-Paule Kieny, vice-diretora da OMS, encarregada do Departamento de Sistemas de Saúde e Inovação.
A OMS declarou, no início do mês, emergência de saúde internacional devido à possível relação entre os casos de microcefalia em recém-nascidos registrados no Brasil com o vírus Zika, apesar de declarar que esta ligação ainda não foi provada cientificamente. Transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti, o Brasil é o país mais atingido no mundo pela epidemia de zika, com três mortes, em adultos, confirmadas.
Duas destas vacinas parecem promissoras: uma desenvolvida pelo Instituto Nacional de Saúde (INH) dos Estados Unidos e outra pelo laboratório indiano Bharat Biotech, explicou Marie-Paule Kieny. “Apesar deste cenário encorajador, não ocorreram testes em grande escala de vacinas antes deste período”, advertiu.
A OMS anunciou também que saberá também, em algumas semanas, se o zika vírus provoca microcefalia e a síndrome de Guillain-Barré. A doutora Kieny também disse que os especialistas ainda precisarão de quatro a oito semanas para estabelecer o papel que o zika vírus desempenha no surgimento destas doenças. Transmitido por um mosquito e causador de uma grande epidemia na América Latina, o zika vírus provoca na maioria dos casos sintomas gripais benignos, como febre, dores de cabeça e manchas na pele.
Reforço permanente
O secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, Adriano Pereira Júnior, disse ontem que estados e municípios podem pedir o apoio das Forças Armadas para reforçar o combate ao mosquito Aedes aegypti, independentemente da mobilização nacional, marcada para hoje. Segundo ele, cerca de 300 mil agentes comunitários de saúde e agentes de combate a endemias agem diariamente para eliminar o vetor do zika vírus, também transmissor da dengue e da chikungunya. “Temos mais de 3 mil militares das Forças Armadas trabalhando diariamente, eliminando criadouros do mosquito em todos os municípios que solicitaram ajuda. Aqueles que verificaram que o número de agentes era insuficiente para cumprir as metas e precisaram de reforço solicitaram apoio, e o governo federal colocou à disposição os militares”, explicou o secretário Adriano Pereira.
Neste sábado, acontece o Dia Nacional de Mobilização para o Combate ao Aedes aegypti. Cerca de 220 mil militares foram deslocados para a ação promovida pelo governo federal. Eles vão acompanhar os agentes de saúde no trabalho de conscientização, de casa em casa, para mobilizar famílias no combate ao mosquito. Três milhões de famílias deverão ser visitadas em casa, em 350 municípios. As cidades escolhidas foram aquelas com a presença de unidades militares e aquelas com maior incidência do mosquito, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
Segundo Pereira, não é possível saber o nível de infestação nacional do Aedes aegypti, mas deve ultrapassar 1%, considerado aceitável pela Organização Mundial da Saúde. “Todos têm de estar engajados nesta luta, não só conhecendo, mas também executando as tarefas. Uma vez por semana limpe sua casa, cuide se não há um criadouro. E tem que ser uma rotina semanal, porque o ciclo do mosquito é de sete dias. Não adianta fazer na primeira semana e passar três semanas sem fazer nada, pois poderá aparecer um foco e termos três gerações do mosquito”, destacou.
Combate O reforço no combate ao Aedes aegypti começou no dia 29 de janeiro, com um mutirão de limpeza em prédios e instalações da administração pública em todo o país. Após a mobilização de hoje, na próxima etapa, entre 15 e 18 de fevereiro, 50 mil militares das Forças Armadas farão visitas, em ação coordenada com o Ministério da Saúde e autoridades locais, para inspecionar possíveis focos de proliferação nas casas e, se for o caso, aplicar larvicida. A última etapa será em parceria com o Ministério da Educação, com visitas às escolas e conscientização das crianças e adolescentes sobre formas de evitar a multiplicação do mosquito transmissor.
FONTE: ESTADO DE MINAS