Hora de pisar no freio

Publicado em 08/06/2015 - saude - Da Redação

Hora de pisar no freio

Que hambúrguer, batata frita, cachorro-quente, coxinha, frango frito e tudo mais do cardápio “comida rápida” fazem mal à saúde todos já sabem. Os médicos não se cansam de alertar e, infelizmente, muitos insistem em comer ou fazer desse menu uma rotina perigosa. O que a maioria ainda não sabe é que o fast food rouba o prazer da vida, a alegria do dia a dia. E, não satisfeita em colocar em risco seu checape e contribuir com quilos e quilos a mais na sua silhueta, ela também prejudica sua mente e gera ansiedade.

Três estudos baseados em psicologia social e ciência da personalidade feita por psicólogos da Universidade de Toronto, no Canadá, constataram que quanto maior for o papel que os alimentos fast-food representam em sua vida, menos você desfruta dela. Os pesquisadores acreditam em consequências psicológicas: “a cultura de velocidade e eficiência pode significar que nos tornamos tão apressados e impacientes que já não somos capazes de desfrutar de nossas vidas, porque já não tomamos tempo para fazê-lo”.

Para o médico Fábio Cardoso, especialista em medicina preventiva, longevidade e antienvelhecimento, e mestre em medicina do esporte, a comida fast-food se encaixa em uma cultura que coloca um valor alto na eficiência. “Queremos fazer mais em menos tempo. E isso ocorre com tudo. As refeições não são mais um ritual. Em vez disso, podemos pegar o carro e ir ao drive-thru de alguma rede fast food”.

Fábio enfatiza que o estudo canadense destaca o alto grau de ansiedade que as pessoas estão incorporando no dia a dia. E não dá para ser feliz sendo ansioso. Pela pressa, as pessoas são levadas a tomar decisões rápidas em tudo, pessoais e alimentares, para acelerar a vida. Mas isso não vai gerar bem-estar e felicidade. “O que nos faz pensar: estamos indo cada vez mais rápido, mas para onde? E vale a pena?”

ACELERADO O fast food é um símbolo desta sociedade acelerada, com informação científica envolvida. “O comer acelerado piorou a qualidade de vida, porque gera ansiedade. E não estou falando dos alimentos de pouca qualidade, caloria vazia e que traz doenças... Quem consome o fast food são pessoas ansiosas e não se encaixam nos critérios de felicidade traduzidos pelo estudo. Não relaxam, não são tranquilas e, consequentemente, são presas fáceis para a tristeza e a infelicidade”, enfatiza o médico destacando que, hoje, há dados em que o jovem do mundo passa 3 bilhões/horas por semana no videogame. Um garoto dos 8 aos 21 anos, nesse ritmo, já terá jogado 10 mil horas, o que, num treino sério, é o que se gasta para formar um atleta olímpico, diz ele. E tudo só piora, já que Fábio conta que, nos anos 1990, os jovens gastavam 12 segundos para perder o foco em algo. Hoje, estudos com faixa etária entre 16 e 18 anos comprovam que gastam de quatro a seis segundos.

Fábio Cardoso diz que o primeiro passo para fugir desse ciclo é a conscientização. É preciso tirar o pé. Fazer pelo menos três refeições por dia assentado à mesa, sem estar hipnotizado pela TV ligada, atento ao celular ou tablet e longe do computador. A ordem é relaxar, buscar a qualidade de 40, 50 minutos para se alimentar corretamente, sentindo o sabor e não em pé no balcão ou mesmo andando pelas ruas. “As pessoas estão perdendo o prazer porque têm dificuldade em relaxar. Meditação teria de ser matéria curricular, aprender a respirar, saber parar por alguns minutos e retomar o controle do bem-estar, a começar pelo café da manhã, almoço e jantar, no mínimo.”

Fonte: Estado de Minas