Publicado em 06/04/2009 e atualizado em 08/04/2009 - saude -
Incorporada ao calendário de vacinas em 2006, a vacina contra rotavírus é um importante instrumento de prevenção de óbitos e internações em crianças no primeiro ano de vida. No entanto, é fundamental que os pais estejam atentos quanto às doses, que devem ser aplicadas em idades específicas dos bebês. Fora destes períodos, a vacina pode causar eventos adversos graves.
“É importante destacar que esta é a única vacina que tem um período específico de aplicação. As crianças devem receber a primeira dose aos dois meses e a segunda aos quatro meses”, explica a coordenadora de Imunização da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Tânia Brant. Ela complementa que a idade limite para que o bebê receba a primeira dose é de três meses e sete dias, e na segunda dose, cinco meses e 15 dias. “Após este período, não há outro procedimento a ser tomado, a não ser a manutenção dos hábitos de higiene para evitar a contaminação”.
A vacina aplicada é importada e protege contra o tipo mais freqüente de rotavírus, o P9. A administração desta vacina é exclusivamente oral.
O frasco com o produto liofilizado e o aplicador com o diluente devem ser conservados entre +2°C e +8°C.
“Repassamos orientações para os profissionais de saúde para sua correta aplicação. A vacina não deve ser congelada. Após a reconstituição, ela deve ser aplicada de imediato. Caso contrário, a solução poderá ser utilizada até 24 horas, desde que esteja sob conservação entre 2 e 8°C e não haja contaminação. Recomenda-se, para melhor acondicionamento nesta situação, manter a solução no aplicador com a tampa de borracha”, adverte Tânia.
Contra-indicações
De acordo com a técnica, algumas situações são contra-indicadas para aplicação da vacina, como: imunodeficiência congênita ou adquirida; uso de corticosteróides em doses elevadas (equivalente a 2mg/kg/dia ou mais, por mais de duas semanas), ou crianças submetidas a outras terapêuticas imunossupressoras (quimioterapia, radioterapia); reação alérgica grave a um dos componentes da vacina ou em dose anterior (urticária disseminada, broncoespasmo, laringoespasmo, choque anafilático); até duas horas após a aplicação da vacina; história de doença gastrointestinal crônica; malformação congênita do trato digestivo; história prévia de invaginação intestinal.
Tânia Brant informa que no caso da criança contrair o rotavírus, é feito um tratamento suporte, baseado principalmente na hidratação e no controle da febre. “É feita uma administração dos sintomas para que o organismo possa reagir”, disse.
Ela lembra que o melhor a ser feito é aplicar a vacina nas épocas corretas, garantindo que a vacina é segura. “Estudos realizados em diversos países demonstram a segurança, portanto os pais podem se tranqüilizar quanto a isso”, enfatiza.
A doença
A infecção pelo rotavírus varia desde um quadro leve, com diarréia aquosa e duração limitada, a quadros graves com desidratação, febre e vômitos, podendo evoluir a óbito.
Praticamente todas as crianças têm contato e se infectam nos primeiros três meses a cinco anos de vida, mesmo nos países em desenvolvimento, mas os casos graves ocorrem principalmente na faixa etária de três a 35 meses, ou seja, antes de completar três anos.
Os serviços de vigilância epidemiológica dos Estados Unidos mostram que o rotavírus é a principal causa de diarréia grave. Estima-se que essa doença seja responsável por 5 a 10% de todos os episódios diarréicos em crianças menores de cinco anos. Também aparece como causa freqüente de hospitalização, atendimentos de emergência e consultas médicas, sendo responsável por consideráveis gastos médicos.
É importante frisar que em crianças prematuras, de baixo nível socioeconômico ou com deficiência imunológica a infecção pelo rotavírus assume uma maior gravidade. O rotavírus também tem grande participação nos surtos de gastroenterite hospitalar.
Transmissão
Rotavírus são isolados em alta concentração em fezes de crianças infectadas e são transmitidos pela via fecal-oral, por contato pessoa a pessoa e também por meio de fômites.
O período de maior excreção viral é o que se dá entre o 3º e 4º dia a partir dos primeiros sintomas. No entanto, podem ser detectados nas fezes de pacientes mesmo após a completa resolução da diarréia.