Prefeito remaneja verba de Carnaval para investir na saúde

Publicado em 28/01/2013 - saude - Da Redação

O prefeito de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, Rubens Bomtempo (PSB), anunciou que não haverá Carnaval na cidade, porque ele irá remanejar para a saúde os repasses de R$ 1 milhão, que estavam previstos para o desfile das escolas de samba do município. Outros prefeitos seguiram o exemplo pelo Brasil, nas cinco regiões. Em todos os casos anunciados, o que está cancelado são os repasses públicos para o carnaval, o que não impede que o setor privado faça suas festas ou que os blocos saiam pelas ruas.
Além do Rio de Janeiro, aderiram à medida cidades dos estados de Santa Catarina, Maranhão São Paulo, Bahia e Rondônia. Em Florianópolis e São Luís, será como em Petrópolis: os desfiles das escolas de samba não irão ocorrer e as prefeituras destinarão os recursos que seriam investidos nas festas para a saúde. O Carnaval de rua e os bailes estão mantidos até o momento. As agremiações de Florianópolis protestaram. “Silenciaram o tamborim, calaram a cuíca e o chocalho. Apagaram a alegria e a felicidade. O povo incrédulo assiste mais um sonho terminar”, divulgaram em comunicado.
Em São Paulo, Campinas, Taubaté e Araraquara terão um Carnaval mais curto. Já Caçapava, Guaratinguetá, Lorena, Marília, Itaquaquecetuba, São José dos Campos, São Carlos, Presidente Epitácio e Porto Feliz entre outras, anunciaram o cancelamento da festa. Em Minas Gerais, o carnaval de Diamantina, um dos mais tradicionais, está garantido, mas o município decretou estado de emergência financeira e administrativa. As principais atrações, Bartucada e Bat-Caverna, estão confirmadas. O que será reduzido é o número de palcos e funcionários da prefeitura trabalhando durante a festa.
Na Bahia, o prefeito de Ilhéus fez a proposta de substituir a festa por um evento no feriado de Páscoa, com motivos da Semana Santa, alegando que as dívidas da administração municipal não permitirão a realização do evento. Já em Porto Velho, Rondônia a festa pode ser adiada para março ou até cancelada, segundo a Fundação Cultural da cidade. Há cancelamentos anunciados em cidades do Rio Grande do Sul e da Paraíba.

Petrópolis – Petrópolis, que foi a primeira a anunciar a medida, tem orçamento estimado para 2013 de R$ 713 milhões, sendo cerca de R$ 200 milhões para a saúde, segundo o prefeito, que alegou que o recurso para o setor não é suficiente e decidiu retirar os R$ 1 milhão do Carnaval para ajudar na reestruturação do sistema de saúde pública do município fluminense.
Bomtempo decretou estado de calamidade pública na saúde assim que assumiu. O maior hospital municipal está com a emergência e a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) fechadas, parte do centro cirúrgico sem funcionamento e com falta de insumos hospitalares. Outro hospital da cidade fechou as portas no final do ano e sobrecarregou os atendimentos na unidade municipal.
A decisão foi tomada durante reunião com o presidente da Fundação de Cultura e Turismo, Juvenil dos Santos, e representantes de escolas e blocos da cidade, que entenderam a situação e concordaram com a providência do governo municipal. O carnaval será mantido, caso os blocos queiram desfilar, sem a montagem de estruturas como as arquibancadas, por exemplo, o que não impede que os blocos que queiram sair às ruas desfilem.
A diretora de patrimônio da Escola de Samba Independente de Petrópolis, Marilda da Silva Antunes, elogiou a medida tomada pelo prefeito. “A saúde do município está um caos e precisa de todo o apoio. Não é justo realizarmos uma festa, enquanto os hospitais estão sem leitos e sem remédios”, ponderou.

NOTA DA REDAÇÃO - Os exemplos citados seriam bem vindos nos municípios da região do Sul e Sudoeste de Minas diante da crise que assolam algumas prefeituras. Valores retirados do orçamento para serem gastos na “folia” poderiam ser mais bem aproveitados em diversas áreas, principalmente na saúde, problema crônico no país. Quem sabe a medida possa gerar uma crise na consciência nos novos administradores e espalhe pelo país. É hora de buscar parceria pública/privada para manter a festa, sem onerar os cofres e a própria população.