Santa Casa de Muzambinho inicia “Campanha do Café”

Publicado em 10/09/2012 - saude - Direto da Redação

No dia 1º de setembro, aconteceu importante reunião na sede da Santa Casa de Misericórdia de Muzambinho envolvendo a participação de líderes comunitários das zonas urbana e rural do município. Diante da representatividade de diversos segmentos da sociedade, foram expostas as dificuldades financeiras enfrentadas. No final, foi dado o ponta pé inicial para a “Campanha do Café”, que será de extrema importância para a manutenção da entidade. O provedor Durval de Oliveira relatou que o encontro contou com o apoio e liderança do Padre Ronaldo Aparecido Passo. Isto porque a entidade vem passando por uma série de dificuldades financeiras devido à queda no faturamento de internação. Durante cerca de um ano e meio, o hospital ficou sem um médico cirurgião, transferindo os pacientes para outras cidades. Este fato contribuiu para a redução no número de internações, média de 180 anteriormente, para 130 no momento. Além disso, a Santa Casa acabou perdendo algumas receitas, pois a prefeitura conseguiu proporcionar maior eficiência na área de saúde do município. O avanço significado nesta área foi possível graças à instalação de unidade do PSF – Programa Saúde da Família, postos de saúde, implantação do Raio X e aparelho de ultrassonografia.

DIFICULDADES FINANCEIRAS - Diante da situação, a Santa Casa vem enfrentando dificuldades financeiras, inclusive para cumprir com a folha de pagamento dos funcionários, atualmente em torno de R$ 62 mil. Segundo o provedor, a Santa Casa recebia somente do SUS em torno de R$ 42 mil. Porém, em julho/agosto, o valor repassado foi de R$ 22 mil. Em agosto/setembro, o valor é de R$ 33 mil. Ou seja, anteriormente o repasse do SUS era suficiente para cumprir a folha de pagamento dos funcionários, mas hoje não representa nem mesmo 50% da despesa. Primeiro, porque o SUS não atualizou a sua tabela, gerando uma grande defasagem na receita.

CAMPANHA DO CAFÉ - O provedor destacou o empenho do Padre Ronaldo neste envolvimento em prol da Santa Casa. Durante o encontro, todas as dificuldades foram apresentadas à comunidade, sendo que a entidade necessita deste respaldo da população. Durval relata que a sociedade recebeu as informações com bastante surpresa. Mas, ao mesmo tempo, demonstrando muito interesse e carinho para com a Santa Casa. Desta forma, os líderes comunitários acataram a sugestão de realização de uma campanha do café. O objetivo principal é formar uma reserva, principalmente para o pagamento do 13º salários dos funcionários nos meses de novembro e dezembro deste ano. Cada líder comunitário conta com uma lista que visa a arrecadação junto aos moradores das zonas urbana e rural.  A expectativa é a melhor possível quanto a uma resposta positiva da comunidade local. Durval explica que a diretoria da entidade é composta por dez elementos, sendo que todos trabalham de forma voluntária, sempre com muita dedicação. “Espero que a sociedade também se sensibilize, pois a Santa Casa é da população de Muzambinho”, disse.

IRMÃO AMIGO DA SANTA CASA - Indagado sobre o futuro da entidade, o provedor explicou que existem alguns projetos a serem implementados. Inicialmente, explicou que os recursos governamentais são verbas carimbadas. Ou seja, são destinados à aquisição de equipamentos necessários. Com isso, não existe verba para custeio e manutenção. Diante desta situação, a diretoria mantém o projeto “Irmão Amigo da Santa Casa”, que está em pleno crescimento. No momento, são 1000 associados, abrangendo aproximadamente 2100 vidas. Este projeto gera uma receita atual em torno de R$ 43 mil. Mas é preciso um crescimento ainda maior. Os líderes foram orientados a levar esta informação à comunidade, sendo o projeto considerável viável e muito interessante. O plano individual contribui com 52 reais, o casal com 67 reais e o familiar com 92 reais por mês. O provedor explicou ainda que o plano Santa Casa Saúde está caminhando para ser extinto, não oferecendo mais nenhuma condição, mesmo porque é um plano local. Além disso, quando um paciente é transferido para outra cidade e apresenta o plano de saúde, o SUS acaba cobrando da Santa Casa. Já existe um processo no valor de R$ 78 mil referente a procedimentos realizados fora da Santa Casa local. O hospital também está pagando algumas dívidas do passado, fato que vem reduzindo os recursos disponíveis. Além disso, alguns equipamentos estão de certa forma saturados. Há pouco tempo, por exemplo, foi necessária uma revisão total no aparelho de ultra-som, medida que custou R$ 23 mil. Portanto, a manutenção geral é feita com receita própria do hospital, sendo possível o equilíbrio até o momento. A maior expectativa é que o plano Irmão Amigo da Santa Casa continue crescendo, podendo assim gerar a independência financeira da entidade. Com 2000 associados, abrangendo uma média de 4000 vidas, a arrecadação sobe para R$ 100 mil mensal. Um claro exemplo ocorre na cidade de Baependi, com plano igual ao da Santa Casa de Muzambinho, mas que conta atualmente com 5000 associados. Assim, a contribuição é superior a R$ 200 mil, mantendo o hospital ativo, renovado e comprometida com a saúde da população. Existe a confiança de que o Irmão Amigo da Santa Casa de Muzambinho possa atingir 2000 associados. Durante a reunião ocorrida, os líderes comunitários também foram orientados neste sentido. Ou seja, que novas famílias possam aderir ao plano Irmão Amigo, até mesmo migrando o plano Santa Casa Saúde, sendo possível a portabilidade. Através do novo plano, o associado conta com quarto individual, com acompanhante (em qualquer idade) e televisão, além de todo conforto necessário para o seu tratamento e plena recuperação.

DÍVIDA NÃO É PREOCUPANTE - Quanto às dívidas antigas, Durval esclareceu que a situação está sob controle e em dia, mesmo com muitas dificuldades. São dois débitos com a Secretaria Federal de Saúde, totalizando R$ 43 mil. Outro débito se refere a um empréstimo junto à Caixa Econômica Federal. O valor pago mensalmente gira em torno de R$ 6 mil.

MAIOR ABERTURA DA SANTA CASA - Durval declarou que a abertura da Santa Casa de Muzambinho para outras cidades da região é possível e uma necessidade. “Estamos interessados em trazer a região para Muzambinho”, garantiu. Considera que Muzambinho tem a melhor Santa Casa entre os 17 hospitais que integram a regional de Alfenas. Dentro do plano de aumento da receita está o projeto de implantação de uma UTI. Com pelo menos três especialidades fortes, é possível instalar o Pro-hosp, que gera uma receita de R$ 2,50 por habitante. O provedor também deixou claro que a entidade está aberto para o médicos que desejam trabalhar. Até porque quando falta uma especialidade, o paciente é obrigado a buscar atendimento em outros centros. “Precisamos ter na cidade e a Santa Casa está aberta para toda possibilidade”, disse. Durval informou que um médico cirurgião já está trabalhando no hospital. Trata-se do Dr. Marcos Vieira, natural de Tapiratiba/SP e residente em São José do Rio Pardo/SP. Portanto, aquelas cirurgias que a Santa Casa estava perdendo, já podem ser feitas na própria cidade. A medida está sendo considerada um grande passo, melhorando a participação da entidade no SUS, saindo de R$ 22 mil para R$ 33 mil no último mês.

ESTRUTURA ATUAL - A Santa Casa de Muzambinho está lotada de 53 leitos, contando com 14 médicos e 75 funcionários. Com a modernização da saúde municipal, alguns setores foram prejudicados. No caso da pediatria, por exemplo, a mesma foi praticamente desativada. O setor funciona numa área menor. “Porque a saúde evoluiu, cresceu e desenvolveu, o que é muito bom para a cidade”, disse. O trabalho visa uma adequação, buscando ampliar o atendimento em outras áreas. O pronto socorro, que deveria ser apenas para urgência e emergência, também nunca deixou de atender ninguém. São atendidas em torno de 2.400 pessoas por mês. Para tanto, a prefeitura faz o repasse mensal em torno de R$ 81 mil, sendo que no pronto socorro trabalham 12 funcionários que estão na folha de pagamento do hospital. Por fim, alguns procedimentos médicos e de medicamentos não pagos pelo SUS, havendo uma perda mensal em torno de R$ 12 mil.