As décadas se
passaram, os veículos ficaram mais modernos, os acessos melhoraram, a
tecnologia evoluiu e a necessidade de ser preciso no diagnóstico da atividade
rural de Minas Gerais aumentou. E foi de olho nesta nova realidade que a
Emater-MG – vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Seapa) - está agora utilizando dois Veículos Aéreos Não
Tripulados (VANT), popularmente conhecidos como drones.
Os equipamentos, com
câmera fotográfica e um software específico, permitem a elaboração de mapas em
2D e 3D, estudos de uso e ocupação do solo, avaliação de falhas em plantios,
incidência de pragas e doenças, cálculo de produtividade, entre outras
utilidades. Catorze profissionais da Emater-MG passaram por treinamento para a
operação dos drones.
“Os drones são uma
ferramenta empregada na chamada agricultura de precisão. São especialmente
voltados para coleta de dados espacializados, para serem trabalhados na
geração de informações georreferenciadas. Eles fazem principalmente serviços de
topografia aérea e monitoramento de lavouras, com baixo custo e resultados
rápidos”, explica o coordenador estadual de Tecnologia e Inovação da Emater-MG,
Péricles Squaris Marques.
Uso no campo
A primeira
experiência da Emater-MG com os drones foi no mapeamento das propriedades
certificadas pelo programa Certifica Minas Café. Foram caracterizadas áreas de
todas as regiões produtoras de café do Estado, num total de 2,2 mil hectares.
O mapeamento obteve
informações precisas sobre o tamanho e a distribuição geográfica das
propriedades certificadas. A disponibilização desses dados foi feita por meio
do Geoportal do Café, uma plataforma que reúne dados socioeconômicos para
subsidiar políticas públicas e investimentos privados de toda a cadeia
produtiva do setor em Minas Gerais.
A empresa também foi
contratada para utilizar os drones em estudos de zoneamento ambiental
produtivo. Em Montes Claros, no Norte de Minas, foi feito um mapeamento em
áreas de recarga hídrica para aplicação de técnicas de conservação de solo e
água. Um exemplo é o dimensionamento das bacias de captação construídas para o
armazenamento de água da chuva. Trabalhos parecidos também foram feitos nos
municípios de Juramento e São Gotardo.
Outra utilidade dos
drones da Emater-MG foi para o mapeamento das áreas irrigáveis no leito do rio
Paraopeba, que foram prejudicadas pelo rompimento da Vale em Brumadinho. Este
mapeamento é necessário para os produtores de hortaliças e grãos. Por meio das
imagens coletadas pelos equipamentos, são indicados com precisão os pontos de
coleta de amostras de solo com maiores possibilidades de contaminação vinda das
águas do rio.
Os técnicos da
empresa também utilizarão os drones no mapeamento da primeira etapa do Projeto
Jaíba, visando a regularização fundiária dos lotes dos assentados.
Canaviais
No próximo ano, a
Emater-MG, em parceria com a Associação das Indústrias Sucroenergéticas de
Minas Gerais (Siamig), inicia um trabalho de mapeamento de lavouras de
cana-de-açúcar para diagnosticar a sanidade de lavouras. O uso do sensor
espectral acoplado ao drone da Emater-MG vai permitir elaborar laudos para uso
racional da queima controlada para combater doenças fúngicas e bacterianas de
difícil controle químico. Outros serviços também estão previstos, como o
mapeamento de linhas e falhas de plantio, além da determinação do volume de bagaço
para produção de energia.
“O mapeamento
digital, com diversos tipos de sensores óticos embarcados nos drones, permite a
tomada de decisão de forma rápida e racional, gerando economia na aplicação de
insumos, evitando desperdício e melhorando a gestão do agricultor”, explica
Péricles Squaris.
Segundo o coordenador
da Emater-MG, a empresa está participando de diversos eventos pelo Estado para
divulgar este novo trabalho desenvolvido com auxílio dos drones, principalmente
na agricultura familiar mineira. “O emprego na agricultura familiar é ainda
inicial. A nossa participação em eventos vem auxiliar nos esclarecimentos
necessários para que estes agricultores venham se beneficiar diretamente, em
suas propriedades, da inovação tecnológica”, afirma.
Emater 4.0
A utilização de
drones pela Emater-MG faz parte do programa lançado em dezembro pela Empresa,
chamado Emater 4.0. Ele é uma referência à Agricultura 4.0, que se baseia em
conteúdo digital por meio do processamento e análise do grande volume de dados,
que vêm sendo produzidos em todas as áreas que contribuem com o desenvolvimento
agrícola. Conhecimentos que podem ser aplicados em todos os elos da cadeia
produtiva. Algumas das tecnologias empregadas na Agricultura 4.0 são: internet
das coisas, veículos autônomos, sensores e satélites.
Além dos drones, a
Emater-MG tem desenvolvido outras ações, como a criação de uma sala de
videoconferência em Belo Horizonte para reuniões virtuais com as equipes do
interior do estado, a criação de um aplicativo para conferência do patrimônio
da empresa e uma ferramenta digital que vai agilizar o atendimento dos técnicos
no campo, melhorando as análises das atividades das propriedades rurais,
conhecido como Deméter.
O Emater 4.0 faz
parte do programa Agritech, do Governo de Minas Gerais, que é coordenado pela
vice-governadoria. O Agritech tem o objetivo de desenvolver e disponibilizar
novas tecnologias que irão contribuir para o desenvolvimento da agropecuária
mineira.
Série
Na próxima reportagem
da série Emater 4.0, o tema abordado será o uso de uma plataforma digital por
produtores mineiros para exportação de cafés especiais. Com a ferramenta, eles
fazem contato direto com compradores estrangeiros e conseguem um melhor preço
pelo produto. As reportagens da série Emater 4.0 estão disponíveis no site www.emater.mg.gov.br .