Publicado em 23/08/2018 - agronegocio - Da Redação
O Comitê Diretor da
Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia (FNC) solicitou hoje ao
governo do país e à indústria global que adotem “medidas urgentes em favor dos
produtores colombianos e das 25 milhões de famílias que vivem do grão no mundo”
após a recente queda da cotação do café abaixo de U$ 1,00 por libra-peso na
bolsa de Nova York.
O comitê, por meio de seu presidente Camilo
Restrepo Osorio, convocou para a próxima semana reunião com os 15 delegados dos
Comitês Departamentais e os Ministros de Fazenda, Agricultura e Comércio e a
Direção de Planejamento Nacional do país para discutir saídas para enfrentar a
queda dos preços do café no mercado.
De acordo com comunicado da entidade, a
reunião deve tratar da possibilidade de implementar um programa de apoio direto
ao preço e até de um programa de retenção de café. Além disso, deve discutir a
importância de um Fundo de Estabilização de Preços para o café.
A FNC pretende solicitar à Agricultura
recursos para aliviar as dívidas dos produtores e a manutenção de apoios para
renovação de cafezais. Ainda conforme o comunicado, na próxima semana o gerente
geral da FNC terá reunião com representantes do setor cafeeiro no Brasil,
quando discutirão a situação dos preços do produto.
Para a FNC, o cenário atual dos preços do
café no mundo afeta “de forma drástica os cafeicultores da Colômbia e portanto
tem um forte impacto no colapso da economia nacional e na deterioração das
condições sociais de mais de 3,5 milhões de cafeicultores”.
Na visão da federação, “não se pode seguir
permitindo que sejam atores alheios à indústria como os fundos de investimento,
que em um afã de lucro, determinem o preço de um produto básico tão importante
que dá sustento a 25 milhões de famílias produtoras no mundo”.
De acordo com o a entidade, o preço de
referência para os cafés suaves (contrato C) na bolsa de Nova York registrou 22
meses de queda sistemática, o que levou a cotação de US$ 1,60 por libra-peso em
novembro de 2016 para cerca de US$ 1,08 em julho de 2018.
Em agosto, observa a FNC, a situação piorou,
com uma retração de 22% em relação a agosto de 2017, registrando um preço médio
de US$ 1,05 por libra e um mínimo de 97,25 centavos de dólar. Desde agosto de
2006 o contrato não caía abaixo de US$ 1,00 por libra.
Em decorrência do recuo no mercado internacional,
o preço interno base de compra (composto pela cotação do contrato C,
diferencial por qualidade e taxa de câmbio) caiu de 19% no último ano, segundo
a FNC. Isso significa que produtores receberam em média cerca de 166 mil pesos
a menos por carga, passando de 851 mil pesos em agosto de 2017 para 685 mil em
21 agosto de 2018.
Como consequência da queda do preço interno,
a FNC estima que em 2018 o valor da colheita de café será 1,5 bilhão de pesos
menor que o valor registrado no ano passado (7,5 bilhões de pesos), o que terá
um impacto econômico negativo para o país.
A federação pondera que a taxa de câmbio tem amenizado a queda do preço externo do café, evitando que o impacto sobre a cotação doméstica seja muito maior.