Rastreabilidade do café e segurança alimentar: uma tendência do mercado

Publicado em 05/09/2020 - agronegocio - Da Redação

Rastreabilidade do café e segurança alimentar: uma tendência do mercado

Como a cafeteria que está servindo o cafezinho na Europa pode informar ao consumidor sobre a história do grão? É a rastreabilidade que permite que quem toma uma xicara de café saiba a história e também conheça os processos de produção. Os compradores dos cafés fantásticos ou de bebidas exóticas já fazem isso há muito tempo. Mas a tendência é que cada vez mais o tomador de café deseje conhecer sobre o produto. E o vendedor vai passar os dados da fazenda e o nome do cafeicultor, com o número do lote o consumidor consegue saber a ficha de produção com tempo de descanso, o talhão exato que foi produzido, os insumos que foram aplicados. 

Assim, com a rastreabilidade, as planilhas são digitalizadas. Mas já há sistemas todos automatizados, de uma simples agenda, até os aplicativos para celulares. Mas o que importa em um bom sistema de rastreabilidade é que são oferecidos através das certificações.

“Todo processo de certificação é um processo de rastreabilidade. É deixar o rastro do café”, explica Clovis Piza, extencionista agropecuário responsável pelo programa Certifica Minas Café na micro região de Guaxupé. Atualmente o programa tem 63 cafeicultores, com 79 propriedades que possuem a rastreabilidade e são auditadas individualmente. As lavouras estão nos municípios de Muzambinho, Nova Rezende, Monte Belo, São Pedro da União, Bom Jesus da Penha, Jacuí e Juruaia, com atuação em propriedades em Alterosa e Cabo Verde. 

A rastreabilidade se divide em:

- Processo produtivo (insumos, recomendações técnicas, quem foi o técnico regulamentado que indicou os insumos, o local em que o cafeicultor comprou, se foi de empresa idônea, os trabalhadores são registrados, são capacitados, são treinados para execução de atividades que são auditadas);

- Rastreabilidade do produto linca o origem física do café que acompanha o pós-colheita e saber dentro da linha de produção observar a qualidade que cada talhão teve na safra;

- Cadeia de custódia, por exemplo a UTZ tem uma expertise em acompanhar o café dos armazéns credenciados até o comprador. Essas informações são alimentadas por todos os elos da cadeia produtor, comercializador e torrador que vai dizer o destino final do grão. Um sistema completo de certificação.

As auditorias das certificadoras são os olhos dos clientes que avaliam o lado social e o lado econômico que avaliam a viabilidade da atividade que mostra a sustentabilidade.

Willem Araújo, gerente regional da Emater em Guaxupé, declara: “O cafeicultor precisa pensar em confiabilidade e credibilidade. Quem exige um café certificado é o consumidor que paga para que propriedade seja auditada. A rastreabilidade está em toda a fase de produção, processo produtivo, colheita, pós-colheita e comercialização”.

O Certifica Minas Café é um programa do governo do Estado de Minas Gerais, com 12 anos de atuação. Não existem custos para a agricultura familiar e para propriedades acima de 500 hectares pode variar de 70 até 700, pondera Clóvís Piza.

As certificadora pagas para diminuir custos fazem a certificação em grupo, mas as auditorias são individuais. Com a rastreabilidade, o consumidor tem confiança e a credibilidade de que está consumindo um café produzido com responsabilidade social e ambiental dentro de um processo que foi auditado por um sistema de certificação.

Junto com os dados de rastreabilidade tem que ser inseridos os dados econômicos. O Certifica Minas é um processo completo que tem tanto a auditoria quanto a parte de assistência técnica com baixo custo e aceitação internacional. “A auditoria do Certifica Minas é feita pelo IMA (Instituto Mineiro de Agropecuário) pelos profissionais credenciados que fazem uma capacitação para serem auditores certificadores”, finaliza Clovis.

Neste ano os cafés certificados estão recebendo remuneração extra. Em Muzambinho, Suzana Santos auxilia outras cafeicultoras que recebem as auditorias das certificadoras. Suzana possui o Certifica Minas, Rainforest e UTZ , na lavoura. Ela explica: “Além de uma documentação muito detalhada, também temos por exemplo essas placas que colocamos em cada talhão na lavoura. Ações que possibilitam informações sobre como estamos cuidando da planta, qual o insumo que foi aplicado e qual a bebida. Temos um mapa completo da produção e isso o consumidor final valoriza”.

Além de ser um item obrigatório para as principais certificações e garantir a manutenção precisa dos processos, com a rastreabilidade, o cafeicultor também se beneficia com:

- Criação de um processo produtivo dentro da propriedade;

- Garantia da mesma qualidade no processo de produção, conseguindo replicar modelos de sucesso;

- Entender e melhorar cada etapa de produção e seu principal impacto na qualidade do café;

- Agregação de valor na saca rastreada, uma vez que o mercado paga melhor por produtos rastreados;

- Aproximação do produtor com o comprador, uma vez que a rastreabilidade visa cobrir todas as etapas; 

- Garantia de que o produto que ele produz cumpre o requisito mínimo de segurança alimentar.

(COLABOROU: VALÉRIA VILELA)