
* POR AMAURI JR., mais sênior do que júnior. Radialista, repórter e Mestre de Cerimônias. Um pouco de tudo e praticamente nada. Muzambinho comemorou 130 anos no dia 30 de novembro. Foram muitos eventos, alguns chegando ao brilhantismo. Sinceramente, foi muito bom. Melhor ainda porque o povo participou e aplaudiu. Já escrevi um artigo reverenciando Muzambinho. Fazendo alusão à cidade, disse que “o melhor lugar do mundo é aquele no qual somos felizes”. Hoje, mais maduro, continuo pensando da mesma forma, mas entendendo também que na nossa terra vivemos a mais pura e dura realidade. Crescemos, construímos, nos destruímos, somos felizes e tristes, nos decepcionamos e ainda acreditamos. As aventuras, ilusões e sonhos, estes vivemos em nossas viagens a passeio ou férias. Para homenagear Muzambinho com este artigo, peço que o leitor da minha faixa etária (você vai saber se é) use a imaginação para visualizar pessoas e lugares descritos. Tenho certeza que a identificação permitirá uma viagem aos bons e velhos tempos, nem tão velhos assim. Antes que alguém diga que me esqueci de alguém ou alguma coisa, ressalto que relato apenas algumas coisas que conheci.
Conto um pouco da minha Muzambinho, que tanto amo e apesar de tudo continuo querendo ajudar a construir.Minha Muzambinho tinha o rio Chico Pedro, fase vivida pela geração anterior à minha, mas que ficou famosa no passado. O rio ainda existe, mas sem a poesia da época. Acompanhei sim a construção da Estátua do Cristo Redentor, no alto do Morro Preto. Recentemente, tentaram implantar o paraglider no local, mas a idéia não levantou vôo. Ainda tenho prazer nas visitas à Igreja da Serrinha dos Cristais, aonde vou caminhando, vez ou outra. Vou com freqüência ao Parque Municipal Carolina Anderson, que esta precisando de melhorias. Que saudade da Praça de Esportes dos tempos do “Sr. Zé da Praça”, trabalhei lá também.
Minha Muzambinho tem a centenária Escola Salatiel, da diretora Dona Estela, do “Biga” (porteiro) e professores inesquecíveis. Tem a Escola Agrotécnica, onde estudei e conheci o diretor José Rossi. Tem o Colégio Comercial, recebendo alunos da região e por muitos anos sob a direção do Celinho Sales.
Minha Muzambinho teve o Os Dragões, do incomparável Zulu. Há, se fosse hoje... Hoje (há 80 anos) ainda temos a Banda Benedito Cesarino, do incansável Lázaro Cesarino. Um patrimônio muzambinhense que precisa ser incentivado e preservado. Ainda na música, a cidade tem 05 excepcionais baterias de escolas de samba, muitos músicos, grupos e duplas. Tem a Rádio Rural, onde tive o prazer de conviver com Joãozinho Dureza. Tem emissoras FM. Tem A Folha Regional, 1000 edições e 20 anos.
Minha Muzambinho tem futebol. Teve o campeão MEC do Aquiles Caetano e o Independente (sonho perdido no tempo), do Luizinho Dentista. Tem a Ponte Preta do Brejo Alegre, o União Bandeirantes da Barra Funda, o Vera Cruz do Alto do Anjo e o Guatapará. Os mais tradicionais na minha época.
Minha Muzambinho teve quatro prefeitos, cada um colocando um tijolinho na construção da cidade. Teve o honesto Nilson Bortoloti, o polêmico Marco Regis, o administrativo Zé Ubaldo e o italiano Esquilo. Fico pensando que Muzambinho cresceu 100 anos em 40. Faça um exercício de memória e lembre que na sua infância, como na minha, não existiam os bairros Jardim Cerávolo, Quinta da Bela Vista, Jardim Chico Pedro, Novo Horizonte, Vila Socialista, Jardim Itália, Por do Sol e Jardim dos Imigrantes. Só para citar aqueles que tenho certeza.
Minha Muzambinho teve grandes Festivais da Música Inédita. Aliás, tenho uma relíquia em casa: um disco de vinil compacto com as músicas vencedoras do I Festival da Música Inédita de Muzambinho, em 1968. Não é do meu tempo, pois tinha apenas 1 ano de idade, mas vale a citação. O disco tem a 1º colocada “Canto Aberto: O Guerreiro”, de Martimiano Valério Borges, letra de Martiminiano e Elson de Paula (Coro: Cybelle e Eliza); e a 2º colocada “Noturno”, de Antônio de Pádua Prado.
Minha Muzambinho tinha a Loja do Mazzilli, Loja do Nhô Nhô Gaspar, Mercado do Zu, Batidão, Bar do Gilson (na rodoviária), Padaria do Juca, Bar do Elias Dipe, bailes no Clube Recreativo e danceteria no Sancho (Automóvel Clube). Vi o finalzinho do Cinema do Hugo, o sorvete Pagão do Bar Avenida, a pista de atletismo no Vale do Sol, a Coomam (ops!), a história política de Messias Gomes e de vida da Dona Josefina. Lembram do Sr. Pedro da rodoviária?
Minha Muzambinho ainda tem o Bazar Pires, Bazar Santo Antônio, a Pastelaria do Lidinho e o Bar Uai. Ainda tem o talento de Paulo Dipe e Tézo Bortoloti, os polêmicos Vonzico e Regis Policarpo. Tem o curintiano “Ti Belo” sorveteiro.
Minha Muzambinho tem religião. Eu, católico, participei de movimentos jovens como Saupac (não me lembro o significado) e Shalom. Na época, sob a liderança dos franciscanos Frei Francisco, Albertino e Ambrósio. Meu primo Mauro era Cristo no quadro vivo da Semana Santa. Na foto, enviada a mim pelo advogado Dr. Maurício Macedo, registro do Encontro “Shalom” na fazenda do Cônego Valter Pulcinelli, em Machado. Conseguimos lembrar de quase todos os muzambinhenses, alguns inclusive já falecidos. Também aparece o Frei Francisco.
Na foto de abril de 1984, entre jovens da região, aparecem os muzambinheses: Amauri Jr, Maurício Macedo, Crenivaldo Carlos, Vicente de Araújo, Luizinho Dentista, Wilson Peres (fotógrafo), Wagner Anacleto, Serginho, Rovilson Magalhães, Marco Aurélio de Souza, André de Souza, Elder Cardillo, Antônio Eduardo Amaral, Fábio Bócoli, Anselmo Magalhães, Henrique (Vidraçaria), Luiz Carlos Martins (Bodinho), Donizete (irmão do Batista, motorista da Rosaltur), Ricardo César de Lima (Ricardo da Igrejinha), Walter Anderson Júnior e Helder Parizi.
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