Publicado em 02/07/2018 - cesar-vanucci - Da Redação
“Tô com saudade de você
mamãe!”
(Garoto salvadorenho de 9 anos, no primeiro contato com a mãe depois de um mês da separação de ambos promovida pelo serviço de imigração estadunidense)
Para muita gente no juízo perfeito a dúvida que
persiste, quanto a sanidade mental de Donald Trump, fica cifrada apenas numa
averiguação meticulosa sobre se ele costuma arremessar pedra em avião com a mão
solta, ou se vale de uma atiradeira mode quê fazê-lo. São a perder de vista as
evidências de que a cachola do supracitado cidadão comporta insuficiência de
parafusos.
Entre renomados especialistas nos ramos psiquiátrico e
psicológico há quem não hesite, instante sequer, a propósito das reações do cara,
em sustentar o diagnóstico de doido varrido. Já outros estudiosos do
comportamento humano mostram-se menos contundentes na avaliação. Mas, mesmo
evitando declinar expressamente o grau extremado da desordem psíquica do dito
cujo, ainda assim recorrem, nas análises, a expressões e metáforas que acabam
soando em ouvidos mais atentos como sinônimas da palavra maluquice.
Em decisões, declarações, rompantes públicos,
registros nas redes sociais, o dirigente do mais poderoso país do planeta,
detentor do “direito” de poder acionar dispositivos com capacidade para
produzir o armagedom dos pavores universais, documenta exuberantemente, ao vivo,
um inequívoco caso clínico que espalha desassossego à pamparra. Os traços de
paranoia, narcisismo e arrogância, notórios em sua personalidade, o destempero
verbal municiado por inocultável obtusidade intelectual geram perplexidade e
inquietação crescentes. Levantam expectativas sombrias quanto ao que possa vir
a acontecer, de inesperado e impactante, como resultado de suas delirantes
elucubrações.
É, pois, correta a associação do nome do homem a uma
ameaça à segurança da humanidade. Naquela cabeça, adornada por penacho dourado
apreciado pelos chargistas, reside claramente um baita perigo. A sinalização
abundante de sua egolátrica perturbação compreende agravos, indistintamente, a
adversários e companheiros. Indoutrodia, vimos como ele contribuiu
eficientemente para o fiasco da reunião do G-7. Depois de haver aposto o
chamegão no documento, retirou sem mais essa ou aquela a assinatura do
comunicado consensualmente elaborado pelos participantes do certame. Diante de
seus aturdidos pares, acusou o Primeiro Ministro do Canadá, Justin Trudau, de
“fraco, desonesto e indigno dos tempos de Trump”. Algo simplesmente inusitado na
crônica do relacionamento diplomático de aliados tradicionais.
Sair, sem maiores explicações, de acordos importantes
para a causa da paz, inventar sanções econômicas em negócios com parceiros
viraram moda em suas oscilantes interpretações do jogo político internacional.
Ameaçar os outros com o arsenal destrutivo avassalador dos Estados Unidos é
parte do repertório apresentado à plateia mundial, em sua ânsia de protagonismo
como líder imperial supremo. As tensões trazidas com suas atitudes deixam
terríveis sequelas. E nem é o caso de estender muito a lista dos infindáveis
eventos de consequências nocivas irrompidos por culpa dos destemperos de Trump.
Concentremo-nos, portanto, apenas, por agora, em seu
gesto apavorante mais recente. Exatamente, aquele caso da crueldade praticada
contra criaturas indefesas com a alardeada política de imigração na base da “tolerância
zero”. Mesmo entre os mais embrutecidos em termos de sensibilidade, não houve
quem não recordasse o holocausto promovido pelo nazismo ao contemplar as cenas,
mostradas na tevê, dos milhares de pais e filhos virulentamente separados e
encaminhados a centros de detenção diferenciados. E o horror não parou aí! O
destino de uns e outros ainda permanece incerto e não sabido. Recolhidos a
verdadeiras jaulas, pais e filhos não conseguem se comunicar. Às vezes, por meses
inteiros.
As pessoas providas de lucidez de espírito,
sensibilidade social, solidariedade humana encontram dificuldade em compreender
como algo tão hediondo possa ser perpetrado, conscientemente, em flagrante
escárnio aos direitos humanos fundamentais, num país que tanto se ufana de seu
estágio civilizatório! O crime de lesa-humanidade está mais que configurado
nessa ação do governo Trump.
Doidice sim, mas existe, por trás de tudo, um método
perverso de teor racista. Há adeptos do hitlerismo soltos na praça.
Cesar Vanucci - Jornalista
(cantonius1@yahoo.com.br)