Publicado em 12/06/2020 - cesar-vanucci - Da Redação
“Nascidos um para o outro.” (Editorial do “O Estado de São Paulo” criticando atitudes do Presidente Jair Bolsonaro e do ex-Presidente Lula)
· Das profundezas
do abismo em que a humanidade se viu mergulhada emergem lições valiosas e
definitivas. O mundo não poderá continuar a ser o mesmo depois de amanhã. A
ordem das coisas no plano econômico terá que ser reformulada com embasamento na
justiça social. As indecentes desigualdades detectadas no partilhamento das
riquezas produzidas pelo labor coletivo terão que desaparecer da conturbada
paisagem social. Formatar novo modelo de convivência entre pessoas, grupos e
países, não cogitados até agora nas numerosas e equivocadas políticas
econômicas e sociais adotadas mundo afora, em diversificados momentos e
circunstâncias, representa escopo grandioso. As aspirações das ruas são no
sentido de que esse objetivo seja perseguido com santa obsessão. A importante
tarefa de conectar o processo civilizatório em marcha com as diretrizes de vida
traçadas pelo humanismo e espiritualidade há que ser agarrada com vontade
política, sensibilidade social aguçada pelas lideranças verdadeiramente
comprometidas com a causa da elevação dos padrões de bem-estar humano. Impõe-se
a implantação de estruturas de convivência capazes de compatibilizar os
extraordinários avanços tecnológicos contemporâneos com os ardentes anseios
populares por melhorias nas condições de vida comunitária. A dissociação dessas
conquistas, em caráter inteiriço, com o conforto humano global provoca lesões
difíceis de serem tratadas na cruel realidade enfrentada por bilhões de
criaturas. Todas elas com inalienáveis direitos aos benefícios que a ciência e o
desenvolvimento estão potencialmente capacitados a oferecer aos povoadores
deste planeta azul. A miséria, sob quaisquer de suas horrendas configurações,
carece ser banida da face da terra. Constitui ignominia e insulto à dignidade
do ser humano. É imperioso seja posta a funcionar, a pleno vapor, sem
tergiversações, nem contemplação acomodada para com omissões, ganância e
conveniências espúrias, a Declaração Universal dos Direitos Humanos. O acesso a
moradia, emprego, saúde e educação terá que ser assegurado a todos, em todos os
lugares. A história do desenvolvimento reclama, das cabeças pensantes mais
privilegiadas dos quadros dirigentes, envolvendo formadores de opinião e
tomadores de decisão, que participem, ativa e solidariamente, de diálogos que
consolidem projetos sociais transformadores. Projetos inspirados, obviamente,
nas recomendações da justiça social, de modo a que se possam colher, de
conseguinte, frutos compensadores. O clamor da sociedade por dias mais
bonançosos exige posturas renovadoras. A harmonia social, solenemente pregada
na retórica dos palanques políticos, terá que deixar de ser, no depois do
amanhã, teoria vazia, cantilena falaciosa, para se converter em prática de vida
plena e estuante.
Cesar Vanucci - Jornalista
(cantonius1@yahoo.com.br)