Publicado em 20/08/2018 - cesar-vanucci - Da Redação
“No curto espaço de tempo reservado à propaganda eleitoral, os ilustres candidatos vão ter que explicar a que vêm.” (Domingos Justino Pinto, educador)
* Com a abertura da temporada das entrevistas e debates com os candidatos
a Presidente, os eleitores estão tendo oportunidade de conhecer mais de perto
as ideias e propostas dos que disputarão nas urnas sua preferência e simpatia.
Pelo que já deu pra perceber até agora, Ciro Gomes, do PDT, vem levando nítida
vantagem, com relação aos oponentes, em matéria de conhecimento de causa,
vivência pública, capacidade para expor planos e projetos e em expender
argumentos a respeito de questões relevantes, de ordem administrativa e
política, trazidas à mesa de debates pelos entrevistadores. Verifico também que
esta mesma impressão ganha corpo até entre pessoas que criticam o ex-governador
do Ceará, por vezes com veemência, pelas atitudes temperamentais ao mesmo imputadas
amiúde. Não me surpreenderá nadica de nada qualquer relato acerca de eventual
crescimento dos índices do candidato nas pesquisas vindouras.
* Está certo. Pesquisa é uma coisa, eleição é outra coisa. Cabe, aliás, relembrar que, em mais de uma ocasião, os resultados numa e noutra situação, como se diz no popular, acabaram não conjuminando... Mas mesmo com a salvaguarda de que elas exprimam tendências momentâneas, suscetíveis, por conseguinte, às chuvas e trovoadas de possíveis alterações, as consultas prévias aos eleitores sobre em quem pretendem votar não podem deixar de ser consideradas um tipo de manifestação da vontade popular que reclama de observadores qualificados análises e interpretações cuidadosas. A preferência manifesta, há meses num crescente, pelos nomes de Lula a Presidência e de Dilma para o Senado em Minas Gerais, com números bem superiores aos contendores, merece por certo aprofundada reflexão. Qual o verdadeiro significado disso tudo? De outra parte, a circunstância de a candidatura Jair Bolsonaro despontar, nas mesmíssimas pesquisas, neste preciso momento, mesmo que os índices ostentados não sejam muito significativos, à frente dos outros contendores na hipótese da ausência na pugna eletiva do ex-presidente, é um outro indicador a pedir análise circunstanciada.
* Ninguém em sã consciência deseja, obviamente, nesta quadra da vida
nacional, que a instabilidade política, social e econômica se agrave. Esse papo
de “quanto pior, melhor” afronta o bom senso, alveja a cidadania. Consulta
apenas conveniências deletérias detectadas nas lateralidades ideológicas
incendiárias. Eleições à vista, o que toca a todos nós é aguardar, com
serenidade e esperança, a possibilidade que a democracia alentadoramente nos proporciona
de poder buscar, pelo voto consciente, legítima e inteligentemente, a almejada
correção dos desacertos acumulados em nossa trajetória como Nação vocacionada a
desempenhar papel de grandeza no cenário internacional. Tudo isso devidamente
considerado, é bom, entretanto, não perder de mira o que se segue. Se a
impopularidade dos detentores do poder político
é de molde a afetar a capacidade administrativa, como de certo modo
ficou positivado no episódio do impedimento de Dilma Rousseff, a Nação encontra
razões de sobra para externar preocupações na hora presente. Todas as
avaliações sobre a atuação do governo Michel Temer, procedidas pelos institutos
de pesquisas, envolvendo manifestações sobre o grau de confiança nele depositado
pelos diversos segmentos comunitários, acusam ausência flagrante de empatia e
existência de avolumada dose de desconfiança no sentimento popular. Mesmo
contando com relativa boa vontade da mídia, satisfatório apoio parlamentar –
sabe-se lá à custa de que ordem de compromissos! – e de razoável ajuda das
lideranças representativas das classes produtoras, os dirigentes do poder
central amargam as vicissitudes de um descrédito popular nunca, dantes, jamais
registrado em nossa crônica republicana. Isso aí!
Cesar Vanucci - Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)