Publicado em 26/02/2021 - cesar-vanucci - Da Redação
“Não podemos esmorecer.” (Dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidente da CNBB)
Integristas religiosos, com
suas costumeiras interpretações rançosas dos textos sagrados e da aventura
humana, andam deitando falação distorcida, com ênfase nas redes sociais, sobre
a Campanha da Fraternidade de 2021. A configuração alvissareiramente ecumênica
desse importante movimento, patrocinado pela CNBB (Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil) e pelo Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (CONIC), parece
desagradar sobremaneira as falanges fundamentalistas. Estas, como é notório,
acham-se, volta e meia empenhadas em disseminar manifestações de intolerância e
preconceito que alvejam em cheio, em diferentes áreas de atuação, valores humanísticos e espirituais, deturpando,
o sentido das coisas.
“Fraternidade e diálogo: compromisso
de amor” é o tema da Campanha, que adotou ainda como lema “Cristo é a nossa
paz; do que era dividido, fez uma unidade.” No documento que explicita os
objetivos da Campanha da Fraternidade Ecumênica, as lideranças cristãs de
variadas origens focalizam, entre outros, com aconselhamento e orientação
crítica respeitosa, os riscos advindos do negacionismo da ciência, do
desrespeito frontal às recomendações alusivas ao isolamento social, da
clamorosa “cultura da violência” contra negros, mulheres, indígenas e a chamada
comunidade LGBTs.
Dom Walmor Oliveira de
Azevedo, Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte e Presidente da CNBB, dirigiu
mensagem à sociedade brasileira, onde assinala, entre outras, as considerações
que se seguem: “No exercício de nossa missão evangelizadora deparamo-nos com
inúmeros desafios, diante dos quais não podemos esmorecer, mas, ao contrário
buscar forças para responder com tranquilidade e esperança. Nosso país vive um
tempo entristecedor, com tantas mortes causadas pela Covid-19, um processo de
vacinação que gostaríamos fosse mais rápido e uma população que se cansou de
seguir as medidas de proteção sanitária. Nosso coração de pastores sofre diante
de tantas sequelas que surgem a partir da pandemia, em especial o
empobrecimento e a fome.”
Mais adiante afirmou: “Nos
últimos dias reações têm surgido quanto ao texto (documento de lançamento da
Campanha da Fraternidade). Apresentam argumentos que esquecem da origem do
texto (ecumênica) desejando, por exemplo, uma linguagem predominantemente católica.”
Noutra parte da mensagem é sublinhado que “a doutrina católica sobre as
questões de gênero “afirma que ‘gênero é dimensão transcendente da sexualidade
humana, compatível com todos os níveis
da pessoa humana, entre os quais o corpo, a mente, o espírito, a alma. O gênero
é, portanto, maleável, sujeito a influências internas e externas à pessoa
humana, mas deve obedecer a ordem natural predisposta pelo corpo (Pontifício Conselho
para a Família).”
O cardeal Odilo Pedro Scherer,
titular da Arquidiocese de São Paulo, em pronunciamento público, diz acreditar
que a polêmica nas redes sociais em relação ao texto-base da Campanha da
Fraternidade Ecumênica de 2021, “precisa baixar um pouco a fervura”. Segundo o
cardeal, a mobilização de opiniões desfavoráveis processada na comunicação
digital, “está movida por um monte de preconceitos, é antiecumênica, está
movida por paixões antiecumênicas; por outro lado, movida por acusações
infundadas contra a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil”. Dom Odilo
acrescenta: as condenações na rede social acusam de “ideologia de um lado, mas
cometem o mesmo erro, de posição ideológica oposta, dura, fechada. Tudo o que
não precisa numa Campanha da Fraternidade Ecumênica, quando o objetivo é
realmente aproximar as igrejas, é promover uma iniciativa boa, juntos, nos
aproximar mais.” Proclamando que “Cristo
é a nossa paz”, Dom Scherer chama a
atenção de todos que se interessem pela temática abordada, para que não percam
o foco do diálogo e da unidade, por serem ambos a verdadeira proposta da
tradicional campanha.
Cesar Vanucci - Jornalista (canotnius1@yahoo.com.br)