Publicado em 12/02/2021 - cesar-vanucci - Da Redação
“Debate não é sinônimo de combate.” (Ministro Luiz Fux, presidente do STF)
Numa
sessão memorável, abertura oficial do ano judiciário, o presidente do Supremo
Tribunal Federal, ministro Luiz Fux, exprimiu primorosamente o sentimento
nacional, ao referir-se à pandemia e aos postulados democráticos que nos regem.
Criticou, em termos veementes, o negacionismo e o obscurantismo cultural que
norteiam o comportamento de setores radicais empenhados em ataques desabridos à
ciência, com suas interpretações insanas das medidas que o bom senso e a
experiência científica recomendam sejam adotadas no enfrentamento do flagelo. Mencionou,
a propósito, manifestação do presidente do Tribunal de Justiça do Mato Grosso
do Sul. Luiz Fux com a palavra: “Não tenho dúvidas de que a ciência, que agora
conta com a tão almejada vacina, vencerá o vírus; a prudência vencerá a
perturbação; e a racionalidade vencerá o obscurantismo. Para tanto, não devemos
dar ouvidos às vozes isoladas, algumas inclusive no âmbito do Poder Judiciário.
Confesso que fiquei estarrecido com a manifestação de um presidente de um
Tribunal de Justiça, menosprezando esse flagelo, abusando da liberdade de
expressão para propagar ódio, desprezar as vítimas e promover negacionismo
científico. É tempo de valorizarmos as vozes ponderadas, confiantes e criativas
que laboram, diuturnamente, nas esferas públicas e privadas, para juntos
vencermos esta batalha.”
Noutro
trecho da lúcida fala, proferida em sessão que contou com a presença do
Presidente da República e de representantes do Congresso, Fux conclamou a união
em torno da pacificação nacional. Sublinhou: “Estamos todos do mesmo lado. A
pandemia demonstrou o quão apequenadas são nossas divergências e quão pontuais
são nossas discordâncias, quando as comparamos com a grandeza de nossa missão –
a de zelar pela força normativa da Constituição. Debate não é sinônimo de combate,
tampouco discussão é sinônimo de discórdia.” Complementou o pensamento adiante:
“Quem vive este Tribunal sabe que aqui não há senso de poder, mas, decerto, expressivo
senso de dever.”
?
Os olhares e os ouvidos da Nação estão fixados na tevê, no rádio, nos jornais
na ansiosa expectativa de que, a qualquer momento, possa brotar uma manchete
ruidosa anunciando que a vacinação vai ser processada, dali em frente, num
ritmo bem mais célere. O “caminhar de cágado” da operação de imunização,
imposto, ao que se sabe, por estratégia que leva em conta as disponibilidades
das doses estocadas, está lançando no ar muita intranquilidade e desassossego.
Cálculos aritméticos simples atestam que, a não ser incrementada pra valer a
cadência nas aplicações levaremos mais dois anos pra chegar ao escopo
ardentemente almejado da imunização global dos brasileiros. Entre países
engajados em campanhas análogas, estamos classificados, segundo as
estatísticas, próximos ao 50º lugar quando se mede a proporção percentual de
pessoas vacinadas com o número de habitantes. Produzam mais, importem mais,
promovam negociações mais amplas, lancem mão de todos os recursos possíveis para
entendimentos satisfatórios, cá dentro e lá fora! Mas, por favor, cuidem de
imprimir velocidade vertiginosa a esse providencial trabalho de proteção dos
cidadãos! A rede de vacinação montada pelo SUS, como sabido, comporta condições
ideais para que a imunização ampla, geral e irrestrita desejada se processe
rápida e eficazmente. A população está no direito de exigir das autoridades
competentes que cumpram exemplarmente seu dever.
Cesar Vanucci - Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)