Publicado em 24/04/2021 - cesar-vanucci - Da Redação
“A justiça tarda, mas não falha. É verdade?” (Justino Pinto, educador)
· A opinião
pública mantém acesa a expectativa de que o STF paute, o quanto antes, reunião
do colegiado para avaliação de duas questões de magna relevância. A primeira
delas diz respeito a uma decisão tomada pelo ministro Edson Fachin, relator dos
processos da Operação Lava Jato, que reconheceu a falta de competência legal do
foro de Curitiba para julgar algumas das ações em que o ex-Presidente Luiz
Inácio Lula da Silva figurou como réu, acusado de atos de improbidade
administrativa. De acordo com o entendimento do magistrado, que não avaliou o
mérito das causas em tela, as ações deverão ser retomadas noutra instância, com
o aproveitamento ou não, ao alvedrio das novas autoridades processantes, os
depoimentos, provas e demais elementos de informação já colhidos nos autos. A
outra questão se relaciona com o veredicto de uma das Turmas da Corte que em
votação apertada (3X2), classificou de tendencioso o desempenho do ex-juiz e ex-ministro
Sergio Moro, nas ações que condenaram Lula à prisão. Nas duas situações os
togados acolheram recursos apresentados pela defesa do antigo presidente. Ambas
as manifestações provocaram, como é de se imaginar, forte celeuma nos arraiais
políticos e jurídicos, abrindo, obviamente, a necessidade de um pronunciamento
do colegiado. Os acontecimentos relatados, independentemente do que venha a ser
de futuro definido no tocante ao mérito dos problemas suscitados nos processos
contra Lula, inocentando-o ou condenando-o pelos atos de que é acusado, deixam
clamorosamente evidenciado algo que produz permanente desconforto no seio da coletividade:
a morosidade observada em decisões judiciais. Nos casos de agora, o STF demorou
cinco anos para se pronunciar.
· O governador Cláudio
Castro, do Rio de Janeiro, a exemplo de outros executivos estaduais, assinou um
decreto proibindo reuniões de qualquer gênero, inclusive na esfera oficial, que
deem causa a indesejáveis aglomerações. Até aí, tudo bem. Agiu como o bom-senso
recomenda. Mas, porém, todavia, entretanto, contudo, na mesma semana em que
apôs sua caprichada assinatura no documento restritivo, compareceu, com
requintada fatiota, acompanhado de familiares, a encontro festivo numa mansão
de conhecidos onde se acotovelavam centenas de convidados devidamente
“desmascarados”. Dias depois cumpriu agenda de inauguração de um hospital para
pacientes de Covid com público bem numeroso, boa parte composto de políticos
graduados, onde foram pronunciados 17 discursos e os participantes sentiram-se
inteiramente a vontade para deixar de lado as máscaras protetivas e os
distanciamentos protocolares, num envolvimento caloroso cheio de salamaleques,
apertos de mãos e abraços cordiais. Aconteceu, no evento, tudo aquilo que,
afinal, não se recomenda fazer para que o hospital em boa hora inaugurado fique
logo repleto de pacientes...
· Com essa, falar
verdade, ninguém contava. Dias atrás um deputado do Partido Democrata, ao qual
pertence o presidente Joe Biden, mostrou na televisão contundentes cenas atuais
do precário confinamento a que se achavam submetidos, sob a custodia
estadunidense, mais de mil menores, de diferentes nacionalidades, desapartados
dos pais, imigrantes ilegais, detidos na fronteira dos Estados Unidos com o México,
no governo do golpista Donald Trump. Essas crianças vivendo em situação
desumana aguardam providencias das autoridades competentes para que possam ser reintegradas
no meio familiar. A estranheza anotada no introito dessa informação decorre do
fato de que já correu prazo mais do que suficiente para que o novo governo dos
EUA que chegou ao poder com ideias de renovação das politicas truculentas do
antecessor, ainda não haja definido uma saída digna e honrosa, de conformidade
com os direitos humanos para situação tão degradante e vergonhosa.
Cesar Vanucci - Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)