Publicado em 13/09/2019 - cesar-vanucci - Da Redação
“A confusão era geral!” (Machado de Assis, “Dom Casmurro”)
Tempos danados de confusos. Machado de Assis complementaria: A confusão é geral! Zelosos encarregados das políticas de revisionismo da história, nesta nova era que se auto-proclama redentora, não esmorecem no diuturno e fatigante afã de fornecer à ignara patuléia suas “versões corretas” dos fatos.
A
Terra é, irretorquivelmente, plana. Equivocam-se “redondamente” os homens de
ciência que insistem em sustentar ponto de vista diferenciado. Há sérias
controvérsias, por outro lado, quanto às afirmações de que o ser humano teria,
algum tempo atrás, deixado impressas suas pegadas no solo lunar. Albert
Einstein e outros personagens, guindados no conceito popular a elevados
patamares nos domínios da sabedoria filosófica e científica, não merecem ser
sempre levados a sério. Costumam proclamar teorias discutíveis, muitas delas –
como atestam inesperadamente modernos filósofos – clamando por urgentes
correções. O aquecimento global, por exemplo, é falácia pura. Foi engendrada
por ideólogos subversivos, inimigos ostensivos da sadia moral e dos bons
costumes.
Correntes
fundamentalistas de pensamento “mais evoluído” cuidam, com abnegação e afinco,
da reinterpretação das leis da vida. Uma maneira altamente eficaz de combater a
poluição ambiental é promover campanhas educativas com o salutar objetivo de
reduzir pra valer o volume exagerado das descargas diárias nos vasos sanitários
domésticos e públicos. Volume esse, como sabido, provocado por descomedida e
indisciplinada frequência, por parte de todos, aos ditos-cujos aparelhos.
Quanto às queimadas florestais, elas são de proporção liliputiana. E, consoante
sérias suspeitas, levantadas por gente realmente entendida dessas coisas, podem
estar sendo articuladas por grupos ambientalistas de araque. Pessoal
interessado em bagunçar o coreto e desfazer a excelente imagem que, sobretudo
na atualidade, se tem do Brasil no exterior. De conseguinte, colocam-se ao
desamparo das razões convincentes as injustas decisões concernentes a corte de
verbas internacionais destinadas à proteção ambiental, recentemente anunciadas.
Está claro que se trata de retaliações antidemocráticas praticadas por
perigosos extremistas que compõem o ultraconservador governo da Alemanha, e,
também, o governo da Noruega, país que, aliás, no novo Atlas, fica situado na
Dinamarca.
O
novo nome da fome, seja por todos anotado, é “fakenews”. A expressão “fakes”
ajusta-se, igualmente, na avaliação de doutos viventes, aos desnorteantes
diálogos travados por impolutos membros da Justiça acertando procedimentos
condenatórios prévios em processos ainda à espera da coleta definitiva de
provas pra fins de julgamento. As “fakes” vêm sendo, ainda, empregadas – ora,
veja, pois! - na divulgação dos alarmantes e crescentes índices de desemprego.
O que pretendem alguns, maldosamente, com essa “divulgação distorcida” é
diminuir os efeitos positivos da promissora, nunca vista dantes, arrancada
desenvolvimentista destes nossos tempos recentes. Já a liberação de polpudas
verbas a parlamentares e a distribuição generosa de cargos, à hora das votações
cruciais no Congresso, nada têm a ver, obviamente, com aquele descarado “toma
cá, dá lá” doutros tempos. Configuram, sim, louvável combinação de respeitáveis
interesses cívicos e republicanos com vistas ao bem-estar geral. De outra
parte, a designação de parentes próximos para cargos públicos relevantes não
pode ser caracterizada, jeito maneira, como ato de nepotismo. Isso acabou de
vez. Nepotismo era aquela manobra
ignóbil que os adversários políticos – e tão somente eles – tinham por hábito
praticar, deplorável e impunemente, quando encastelados no poder.
Por
derradeiro, delineiam-se alvissareiras as expectativas de que até o final da
metade do século, por aí, possa ser devidamente deslindado o penumbroso
mistério que envolve o atentado cometido contra a vereadora Marielle Franco e
seu assessor Anderson Pedro Gomes. É perfeitamente explicável o silêncio de
tumba etrusca, baixado sobre o rigoroso inquérito aberto para apurações a
partir do momento em que surgiram evidências de participação na trama criminosa
de ilustres componentes da operosa falange de milicianos cariocas. Falange,
todo mundo tá careca de saber, responsável por bem sucedidos empreendimentos
comunitários em áreas densamente povoadas na região metropolitana da assim
chamada “Cidade Maravilhosa”. O sepulcral mutismo detectado, não cabem duvidas,
decorre da elogiável preocupação das autoridades competentes possam ser
prejudicados, em detrimento da justiça, os diligentes trabalhos investigatórios
em curso.
Tempos
danados de confusos!
Cesar Vanucci - Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)