Publicado em 13/04/2020 - cesar-vanucci - Da Redação
“A aids encontrou remédio a partir de
medicação que já existia. E agora?”
(Drauzio
Varella, médico)
O
médico Drauzio Varella, nome que dispensa apresentação, divulgou na revista
“Carta Capital”, em 9 tópicos, um resumo que fez de trabalho elaborado pela
“Medscape”, a propósito da pandemia do Covid-19. Tomo a liberdade de reproduzir
o texto, neste acolhedor espaço, à vista da candente atualidade de que se
reveste.
1)
O
vírus é transmitido pelas gotículas expelidas ao falar, tossir e espirrar. Pode
sobreviver em superfícies como as de plástico ou de metal por alguns dias (as
estimativas são variáveis). No ar, sobrevive poucas horas, mas as partículas de
secreção que formam aerossol são infectantes. A presença do vírus nas fezes
está documentada.
2)
Modelos
matemáticos sugerem que pacientes assintomáticos ou com poucos sintomas sejam
responsáveis por até 85% das transmissões, nas fases iniciais de um surto
epidêmico. Individualmente, essas pessoas transmitem menos, mas como não ficam
isoladas acabam por infectar mais gente.
3)
Trabalhos
chineses mostraram que a carga viral não difere significativamente entre os
pacientes infectados, todos podem transmitir a doença, tenham muitos ou poucos
sintomas. As últimas evidências da OMS mostram que cada paciente (Ro) infecta
na média entre 2,0 e 2,5 contatuantes (no sarampo Ro é 12 a 18: na gripe pouco
mais de 1)
4)
A OMS calcula que a mortalidade global por Covid-19 esteja na
media de 3,4%. Nos primeiros 4,2 mil casos examinados pelo CDC americano, houve
508 internações hospitalares, 121 em UTI e 44 óbitos.
5)
Na China, dois terços dos doentes apresentaram tosse, cerca de
40% tiveram febre, sintoma que chegou a 89% entre os hospitalizados. Diarreia e
vômito são raros: menos de 5%. Perda de olfato (anosmia) é queixa que aparece
com certa frequencia. Dispneia é sinal de agravamento do quadro e da necessidade
de internação hospitalar.
6)
O teste aplicado até aqui pela técnica de RT-PCR é realizado
colhendo-se por “swab” material das fossas nasais e da garganta, para detectar
a presença do RNA viral. Como a sensibilidade é relativamente baixa (ao redor
de 63%) - ou seja, de cada três infectados um tem resultado negativo (falso
negativo) - há
necessidade de repetição, nos casos suspeitos. No teste feito com amostra de
sangue, o objetivo é detectar a presença de anticorpos contra o vírus.
7)
Quase
todos os pacientes que necessitam de internação, apresentam dispneia, como
consequência de um processo inflamatório pulmonar, traduzido por opacidades
características na tomografia computadorizada, identificável em cerca de 60%
dos casos. Geralmente há necessidade de suplementação com oxigênio por cateter
ou máscara. Os doentes mais graves precisam ser entubados e colocados nos
aparelhos de ventilação mecânica, muitas vezes por duas ou três semanas.
8)
A
perspectiva do desenvolvimento de uma vacina a curto prazo é irreal. Os
pesquisadores mais otimistas esperam que ela esteja disponível em pouco mais de
um ano.
9)
Várias
medicações estão em fase de teste. A esperança é de que os estudos encontrem
atividade antiviral em medicamentos já existentes. Conseguimos drogas assim
para a Aids, por que não agora?
Segundo
“pesquisa” do ipso (instituto particular de sondagens de opinião), “encomendada” para uso único e exclusivo deste
desajeitado escriba, incorrigível propagador de quimeras, a cotação na simpatia
popular do ministro Luiz Henrique Mandetta está em alta vertiginosa. Os índices
apurados são bastante expressivos, sem margem de erro para menos, ao contrário
do que comumente ocorre nas pesquisas tradicionais. O titular da pasta da Saúde
é, sem a mais pálida sombra de dúvida, dentre os porta-vozes da cúpula
governamental, aquele que melhor pontuação alcançou na empatia popular. Passa
firmeza e relativa segurança nos comunicados e entrevistas, neste momento
aflitivo vivido nas ruas e lares. A imagem do Governo ficaria, por certo,
muitíssimo desgastada, caso houvesse se concretizado sua exoneração, dias atrás
dada como favas contadas. A intensificação dos rumores de que isso estava para
acontecer e que produziu, até mesmo, o esvaziamento às pressas das gavetas das
mesas de trabalho do Ministro e de integrantes de sua ativa assessoria
científica e administrativa, fez com que os círculos políticos em Brasília
promovessem desusada movimentação de bastidores. Contingente respeitável de
personagens graduados da cena pública, entre eles colegas de Mandetta no Ministério
promovessem gestões que impedissem a consumação do ato. Ao cabo e alfim, Luiz
Henrique Mandetta permaneceu na função, e isso foi considerado uma decisão acertada
por parte da opinião pública.
Cesar
Vanucci- Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)